segunda-feira, 21 de novembro de 2016

ABSTRACIONISMO E ESPIRITUALIDADE III

Vários artistas ocidentais têm buscado expressar a instantaneidade do momento criador, captando alguns dos mais característicos símbolos orientais. Na intensidade emocional do gesto, aproximam-se da escrita chinesa e, procurando o depuramento da forma, muitas vezes trazem à luz formas semelhantes às mandalas tântricas. O Abstracionismo, portanto, seja em seu aspecto informal, seja em seu aspecto geométrico, constitui uma aproximação do Oriente com o Ocidente.

Essa busca de valorização do momento presente, da instantaneidade da criação, introduziu-se na arte do Ocidente por intermédio de Mathieu, na França, e da Action Painting , nos EUA. Mathieu declara na  Analogia da Não Figuração :

"A atividade do artista, paralela à do sábio e à do santo, comunica-se com todas as forças vivas do cosmos e aproxima-se do pensamento científico moderno, no qual os meios de apreensão do universo já não são fornecidos só pela razão e pelos sentidos."

Proclamando a necessidade do artista de realizar a síntese da arte e vida, Mathieu buscou conhecer o mundo fazendo  viagens e procurou o encontro consigo mesmo nas meditações. Seus quadros, realizados na maior velocidade para apreenderem o mais rápido possível a essência criadora, assemelham-se à caligrafia oriental.

Nos EUA, Jackson Pollock, Mark Tobey, Franz Kline, Theodorus Stamus, James Brooks, William de Kooning, Gottlieb e outros iniciaram o movimento da  Action Painting , que enfatizou intensamente a pintura gestual e o automatismo psíquico. O método de Pollock foi o de entrar no processo criador, submergindo na pintura como o calígrafo chinês, a fim de transmitir a energia  Ch’i. Seus quadros, de um intenso grafismo, assemelham-se à escrita do Extremo Oriente e o seu modo de pintar lembra o dos índios navajos, que vertiam areia colorida no solo, a fim de marcar seus talismãs.

Mark Tobey, influenciado pela filosofia  Zen, usou como suporte quadros menores e tintas que permitiam rápida secagem, para conseguir, no ato de pintar, a simultaneidade da ideia e da realização.

A arte abstrata possibilita uma comunicação direta com as forças mais profundas do ser humano. Neste encontro consigo mesmo, pode-se descobrir a fonte comum que dá origem a outras formas de arte, como a dança e a música.
Vivenciar o ritmo na arte é também descobrir o ritmo de nossa própria vida. (Caminhos da Arte, 3° Edição, Editora C/ARTE)

*Fotos da internet

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.



Nenhum comentário:

Postar um comentário