ECOLOGIZAR AS HUMANIDADES I
Recebi de Maurício Andrés
Ribeiro o texto abaixo:
“A UFMG promoveu em outubro
uma Conferência internacional sul-americana sobre territorialidades e
humanidades. Participaram acadêmicos e ativistas sociais, o que resultou numa
boa combinação de perspectivas de abordagem dos temas. Quatro dias de palestras,
mesas redondas, apresentação de trabalhos de estudantes preparam para uma
conferência mundial que acontecerá na Bélgica em 2017 e que focalizará a
relação das humanidades com o ambiente, a identidade cultural, fronteiras e
migrações, patrimônio e a história.
As humanidades cobrem um
campo amplo de áreas de conhecimento humano, desde as ciências humanas –
história, educação, linguística, psicologia – até os campos das letras e artes,
filosofias, estudos das tradições, teologia.
Na mesa redonda sobre
Ecologia e meio ambiente, o historiador José Augusto Pádua focalizou os estudos
de história ambiental no Brasil e Joceli Andreoli, do Movimento de Atingidos
por Barragens, abordou o rompimento da barragem de rejeitos de mineração em
Mariana e suas consequências.
Nessa mesa, propus Ecologizar as humanidades, o que
significa aplicar os conhecimentos das ciências ecológicas e a sabedoria da
consciência ecológica em todos e cada um dos campos das humanidades. Isso
implica em não ignorar nossa base biológica e animal e as relações ecológicas
harmônicas – comensalismo, simbiose etc - e desarmônicas – predação,
parasitismo, escravagismo etc- que desenvolvemos com o ambiente e com os demais
seres humanos, individual ou socialmente. Assim, por exemplo, o tema da corrupção é visto a partir da perspectiva do parasitismo e da
predação; o tema do medo se enriquece a partir de perspectiva da ecologia
interior. O tema da educação é visto como instrumento de expansão da consciência e de
enriquecimento da noosfera, uma das esferas estudadas pela ecologia
integral. As migrações e fronteiras, bem
como a hospitalidade, ou a falta dela podem ser abordadas ecologicamente.
O estudo da história humana pode ser ecologizado ao inseri-la na história
natural. O antropoceno é uma nova época na história natural, datada a partir
dos testes nucleares em 1945 que se faz no ritmo rápido da evolução da
consciência e não mais no ritmo lento da evolução biológica ou da evolução da
matéria. No antropoceno a atividade de nossa espécie tem influído no rumo da
evolução, provocado aceleração na dinâmica do planeta, mudanças do clima e
extinções de biodiversidade. Essa época antropocena estaria inserida numa nova
era na evolução, que outros propuseram ser a era eremozoica (E.O.Wilson); era
ecozoica (Thomas Berry e Brian Swimme); era psicozóica (Daniel Bell), todas
essas designações baseadas na vida animal (zoo). Propus que essa nova época antropocena
está inserida numa nova era na evolução do planeta, a era noológica (a era da consciência) que sucede às eras da vida
animal (cenozoica- mamíferos; mesozoica, dinossauro; paleozoica, organismos
vivos primitivos antigos). De tal consciência derivam as ciências, tecnologias,
inovações, conhecimentos culturais e espirituais.” (Maurício Andrés Ribeiro)
*Fotos de arquivo
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