terça-feira, 18 de outubro de 2016

ECOLOGIZAR AS HUMANIDADES I

Recebi de Maurício Andrés Ribeiro o texto abaixo:
                                                                   
“A UFMG promoveu em outubro uma Conferência internacional sul-americana sobre territorialidades e humanidades. Participaram acadêmicos e ativistas sociais, o que resultou numa boa combinação de perspectivas de abordagem dos temas. Quatro dias de palestras, mesas redondas, apresentação de trabalhos de estudantes preparam para uma conferência mundial que acontecerá na Bélgica em 2017 e que focalizará a relação das humanidades com o ambiente, a identidade cultural, fronteiras e migrações, patrimônio e a história.

As humanidades cobrem um campo amplo de áreas de conhecimento humano, desde as ciências humanas – história, educação, linguística, psicologia – até os campos das letras e artes, filosofias, estudos das tradições, teologia.
Na mesa redonda sobre Ecologia e meio ambiente, o historiador José Augusto Pádua focalizou os estudos de história ambiental no Brasil e Joceli Andreoli, do Movimento de Atingidos por Barragens, abordou o rompimento da barragem de rejeitos de mineração em Mariana e suas consequências.

Nessa mesa, propus Ecologizar as humanidades, o que significa aplicar os conhecimentos das ciências ecológicas e a sabedoria da consciência ecológica em todos e cada um dos campos das humanidades. Isso implica em não ignorar nossa base biológica e animal e as relações ecológicas harmônicas – comensalismo, simbiose etc - e desarmônicas – predação, parasitismo, escravagismo etc- que desenvolvemos com o ambiente e com os demais seres humanos, individual ou socialmente. Assim, por exemplo, o tema da corrupção é visto a partir da perspectiva do parasitismo e da predação; o tema do medo se enriquece a partir de perspectiva da ecologia interior. O tema da educação é visto como instrumento de expansão da consciência e de enriquecimento da noosfera, uma das esferas estudadas pela ecologia integral.  As migrações e fronteiras, bem como a hospitalidade, ou a falta dela podem ser abordadas ecologicamente. O estudo da história humana pode ser ecologizado ao inseri-la na história natural. O antropoceno é uma nova época na história natural, datada a partir dos testes nucleares em 1945 que se faz no ritmo rápido da evolução da consciência e não mais no ritmo lento da evolução biológica ou da evolução da matéria. No antropoceno a atividade de nossa espécie tem influído no rumo da evolução, provocado aceleração na dinâmica do planeta, mudanças do clima e extinções de biodiversidade. Essa época antropocena estaria inserida numa nova era na evolução, que outros propuseram ser a era eremozoica (E.O.Wilson); era ecozoica (Thomas Berry e Brian Swimme); era psicozóica (Daniel Bell), todas essas designações baseadas na vida animal (zoo). Propus que essa nova época antropocena está inserida numa nova era na evolução do planeta, a era noológica (a era da consciência) que sucede às eras da vida animal (cenozoica- mamíferos; mesozoica, dinossauro; paleozoica, organismos vivos primitivos antigos). De tal consciência derivam as ciências, tecnologias, inovações, conhecimentos culturais e espirituais.” (Maurício Andrés Ribeiro)

*Fotos de arquivo

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.













Nenhum comentário:

Postar um comentário