segunda-feira, 12 de setembro de 2016

AUGUSTO RODRIGUES E A ARTE NA EDUCAÇÃO I

Encontrei nos meus arquivos anotações de aulas recebidas na Escolinha de Arte do Brasil, sob orientação do grande artista e educador Augusto Rodrigues.

O programa da arte na educação, iniciado e mantido com sucesso por Augusto Rodrigues, é um dos pontos fundamentais de progresso na era que se iniciou com a conquista do espaço.

Dentro desse esquema, partindo-se do princípio de que o indivíduo só se integra à sociedade quando pode criar e desenvolver sua própria personalidade, podemos imaginar o homem do futuro integrando um conjunto de forças que visam o impulso para a frente e não a passividade diante dos conceitos antigos, conceitos e fórmulas que sempre atrasaram o progresso.

Segundo Augusto Rodrigues, a arte na educação visa antes de tudo essa liberdade da personalidade humana e, portanto, a conscientização plena do que o indivíduo pode realizar, qual a sua dimensão nesse mundo tão rico em potencialidades, mas quase sempre tão opressor. A arte ainda é uma das formas de liberdade mais genuínas. 

O artista cria porque quer, dentro do esquema que sua arte exige; se às vezes submete-se às pressões externas e a exigências de correntes, sempre encontra à sua frente a evasão para a liberdade, para o pleno domínio de suas energias criadoras. A arte na educação visa o desenvolvimento das possibilidades criadoras e a libertação da passividade diante das coisas.

 Liberta e coordena ideias. Através da arte na educação, a criança se afirma e participa melhor da coletividade em que vive, sabendo desempenhar realmente o seu papel de membro atuante de uma coletividade. A época em que vivemos exige participação construtiva, pontos de vista claros, conscientes, sem mistificações. Os frutos da ciência alcançam órbitas maiores e não se fecham dentro de laboratórios. O progresso é televisionado, irradiado, filmado, pertence ao mundo. Isto nos irmana de certo modo. Há de chegar a época em que o homem sem neuroses, integrado dentro da sociedade, será o esteio desta sociedade. Todos os impulsos negativos serão ajustados para um progresso que seja realmente de toda a humanidade.

O papel dos psicólogos e educadores assume dimensões de grandeza neste advento de uma nova era. É através da redescoberta de si mesmo que o homem pode conhecer também seus semelhantes. Seu núcleo interior é atingido no momento criador, despertando espontaneamente a consciência de si mesmo. A arte é o caminho direto para esta redescoberta do eu porque o ato criador representa o próprio encontro com a vida. É nesse encontro diário, estimulado e despertado pelo educador, que a criança poderá se abrir para a sua própria realidade.

*Fotos da internet

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