Observando os ornamentos florais dos oratórios em
Minas Gerais e a ornamentação da capela do Taquaral, perto de Ouro Preto e
Mariana, sentimos a proximidade com a Índia hindu e islâmica.
Os padrões portugueses, chegando ao Brasil em naus
colonizadoras, trouxeram inspirações de além-mar freqüentemente assimiladas na
Índia ou na China.
A historiadora Maria Luiza Galeffi, numa palestra
dada em congresso do barroco em Ouro Preto, relata o seguinte fato: quando padrões
de Portugal chegaram à Bahia para serem colocados como ornamentação nas colunas
das igrejas barrocas, o mito hindu do pavão foi substituído pelo do pelicano,
símbolo do Cristo, que deu a vida por seus filhos.
No início da colonização, os portugueses se estabeleceram
por algum tempo na costa leste da Índia, no golfo de Bengala e mais tarde em
São Tome de Mylapore, Madras, fundando ali um centro de atividade têxtil. Característica da arte
daquela região são os desenhos de pavões entrelaçados com guirlandas e
arabescos, na mesma disposição dos arabescos que decoram as igrejas barrocas. São
impressos em tecido, em cores brilhantes, da região de Madras estado de Tamil
Nadul, sul da Índia.
Não seriam esses padrões que inspiraram a
ornamentação barroca de Portugal, chegando posteriormente ao Brasil, onde a
substituição dos mitos ocorreu? Essa pergunta eu deixo para os interessados em
estudos de arte, história e pesquisas culturais. Sendo uma síntese, nossa
pesquisa é somente uma pista para um trabalho mais aprofundado, para uma análise
mais detalhada dos dados obtidos.
Outros estudos poderão ser feitos no futuro por
historiadores, sociólogos, antropólogos e artistas, lembrando que o caminho das
Índias não se fechou com os navegantes, mas pode ir muito além no futuro, por
meio de trocas culturais com as ex-colônias portuguesas. (Quinta parte do
estudo comparativo apresentado no Seminário de Goa, 1983)
*Fotos da internet
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”
CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA
Nenhum comentário:
Postar um comentário