quinta-feira, 3 de setembro de 2015

CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA ESCOLA DE ARTE

Esta é uma homenagem a Rubens Gerchman por sua visão holística da arte.
(depoimento obtido em 1976 no Rio)

“Nossa visão egocêntrica deverá evoluir para uma consciência total, comunitária”. Lembrando estas palavras proféticas de Vasarely, podemos trazê-las para o ensino da arte. Uma escola de arte, para ser realmente renovadora, tem de ser participante dessa consciência total. Não são os currículos nem a burocracia que a fazem crescer, mas antes de tudo o entusiasmo e a força criadora de seus líderes. A criatividade, impulsionando uma organização, torna-se uma força geradora em pleno movimento. Podemos sentir a presença desta energia renovadora na Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro, orientada por um grupo de professores, tendo à frente o conhecido artista Rubens Gerchman. Trazendo a criatividade para a vida, ele a põe a serviço do bem comum. De acordo com seu próprio depoimento: “Quando concebi a nova escola de artes visuais, pensei em sua estrutura como uma ampla rede comunicante, onde a informação pode fluir constantemente, modificando e reorientando as diversas áreas de conhecimento”. Dentro deste esquema flexível, aberto ao novo, a Escola de Artes Visuais elabora um trabalho de síntese que se estende para outros campos de atividades artísticas, visando despertar o aluno para uma visão global da arte e da vida. 
Procurei entrar em contato com a escola de modo geral, admirando o seu sentido dinâmico e renovador. 

Tive a oportunidade de assistir a uma aula da Oficina do Corpo, dirigida por Hélio Eichbauer. Percebe-se a preocupação do professor de conduzir seus alunos para a consciência da unidade.

“Sua atuação como cenógrafo em treze anos de intensa atividade profissional e sobretudo sua flexibilidade como artista pesquisador, seu interesse por música, dança, teatro e pintura (artes plásticas) possibilitaram a realização de uma proposta aglutinadora dessas diversas manifestações de arte. Lembro-me de Jackson Pollock pintando com o corpo, gestos sobre telas estendidas no chão (action painting), dos calígrafos japoneses, das manifestações do body-art nos anos 70, tentativas de recuperação do equilíbrio mente-corpo, e observo a transformação desta informação em experiência vivida nos trabalhos de criação coletiva dos alunos de Hélio Eichbauer”. Assim se expressou Rubens Gerchman sobre seu colega da Oficina do Corpo, por ocasião da exposição comemorativa de seus treze anos de produção em cenografia. Hélio Eichbauer leva o aluno à consciência do corpo, dentro de uma pesquisa coletiva. Dentro desta visão total, a arte poderá se estender para a vida e se realizar na própria vida.

Em minhas visitas à Escola de Artes Visuais, o que mais me chamou a atenção desde o início foi a possibilidade do aluno obter conhecimento através da própria vivência transmutada ao nível consciente. Dentro desse caminho de abertura da percepção encontrei, no curso de transformação de materiais a cargo da professora Celeida Tostes, uma verdadeira abordagem de alquimia. Tendo-se aperfeiçoado em arte-educação na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, Celeida conduz seus alunos a uma relação sensorial com os quatro elementos da natureza: fogo, terra, água e ar, anexados a elementos e substâncias químicas. A apreensão direta do conhecimento é percebida através dos cinco sentidos, buscando a síntese corpo e mente. Suas aulas não conduzem apenas à observação visual das formas, mas ultrapassam o mundo do conhecido, para mergulhar no desconhecido. Trazendo a mensagem do inconsciente para o consciente, o aluno estará apto a encontrar seu próprio ritmo destruindo, criando e transformando a matéria dentro deste ritmo. Há uma busca das origens nessa descoberta interior que permite, através da transmutação dos elementos da natureza, também a compreensão do relacionamento homem-universo.

*Fotos da internet

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