quinta-feira, 15 de abril de 2010

SEMANA SANTA EM OURO PRETO

Ouro Preto sempre é um cenário onde a Paixão de Cristo se realiza de forma artística. Ali a tradição é cultuada por toda a população. Janelas se enfeitam de cores, mostrando o roxo como significado da morte de Cristo e cores alegres para a festividade da Páscoa.
O chão de Ouro Preto data do século XVIII, quando as pedras eram colocadas muitas vezes em forma de mandala. Pessoas se vestem para a coreografia, trazendo para o presente o passado histórico do Cristianismo. Figuras do Antigo Testamento – Sara, Abraão, Moisés, desfilam aos olhos do povo. Anjos e Arcanjos caminham pelas ruas, solenes, concentrados, carregando tochas.
Soldados romanos carregam o esquife e Nossa Senhora das Dores chora a morte de seu filho.
A procissão sai da Igreja do Pilar para Antonio Dias. Verônica é representada por uma senhora de 80 anos que vai mostrando para o público a face de Jesus num sudário. Há uma integração de toda a comunidade: negros, brancos e mulatos, crianças, jovens e velhos
No sábado de Aleluia o povo vai para as ruas criar tapetes de serragem por onde irá passar a procissão. O artista Ivã Volpi, convidado para uma exposição na FIEMG, criou junto com a comunidade um tapete que denominou “Coração Flamejante”. Houve uma homenagem ao Mestre Guignard e a bandeira de São Sebastião, um de seus santos preferidos, é colocada na janela do Museu Guignard. No domingo da Ressurreição os tapetes adornam as ruas e o povo se concentra na Matriz do Pilar. Colocam bandeiras, estandartes, cortinas e colchas coloridas nas janelas para celebrar o cortejo. A Ressurreição é uma festa de cores e os anjinhos desfilam transmitindo a alegria e a inocência das crianças. Uma revoada de anjos povoa o cenário da velha Ouro Preto, pais carregam os filhos, e até um anjinho de 1 ano acompanha o cortejo, no colo da mãe, segurando a mamadeira.
Na porta de sua casa, Marília de Dirceu, vestida de noiva espera o seu noivo, deportado para outras terras.
Meninas de rosa, meninos de azul seguem a tradição mineira.

Após a procissão uma turma de garis varre as ruas cantando e em pouco tempo a cidade fica limpa para os dias comuns.

*Fotos: Marília Andrés

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