sexta-feira, 30 de abril de 2010

JA.CA JARDIM CANADÁ, CENTRO DE ARTE E TECNOLOGIA

Um grupo de jovens se reuniu em torno de uma idéia: formar um espaço onde outros jovens pudessem criar e ampliar seu campo de atividades artísticas dentro da arte contemporânea. O lugar escolhido foi um galpão de 3 andares situado na Avenida Canadá, 203, a 20 km de Belo Horizonte. O JA.CA tem à frente a artista plástica e comunicadora Francisca Caporali, recentemente vinda dos EUA,onde fez mestrado em Fine Arts MFA, na Hunter College.
A proposta inicial ganhou forma. O galpão escolhido pertencia ao jovem Pedro Mendes, galerista com grande sucesso em São Paulo e Los Angeles. O JA.CA seria o pólo criador de experiências artísticas, um lugar distante do movimento da cidade, no alto das montanhas de Minas Gerais. O Jardim Canadá está sendo procurado por artistas, galeristas, escolas de dança e escola de circo. Há um movimento em torno da formação do “Caminho das Artes”, uma estrada de arte que se prolongaria até Inhotim, ponto de referência da arte contemporânea internacional. O JA.CA seria o exercício preliminar dessa arte contemporânea, que dá espaço para imaginações jovens abertas ao novo. Vários projetos surgiram. Nos critérios de seleção foram priorizados projetos que tivessem relação com o entorno, arquitetura e comunidade. O JA.CA oferece também um espaço de troca, discussão e reflexão sobre novos caminhos para a criação artística.

Propostas dos artistas selecionados:
Isabela Prado propõe um diálogo com o público através do uso de materiais do cotidiano e explora a relação do corpo com os objetos, por meio de performances, instalações e videos.
Pedro Veneroso usa a fotografia, luz e som, dentro da proposta Art, performance, light and photography, trabalhando também com a interface entre as pessoas e máquinas.
Roberto Rolim Andrés e Fernanda Regaldo fizeram a proposta “Quintal Canadá”, que consiste em questionar a relação da comunidade com a paisagem.
Paulo Nazareth propõe, em seu projeto o plantio de árvores frutíferas em perímetro urbano e flores silvestres em jardins públicos.
Pedro Mota propõe uma intervenção LandArt de fazer interferências em lotes vagos que lidam com a exportação do nosso minério para a China.
O Grupo Passo composto por Aruan Mattos e Flávia Regaldo, propõe para o JA.CA esculturas cinéticas, a exemplo do que fez no Arraial da Boa Morte.

À inauguração do espaço compareceram artistas, cinegrafistas, arquitetos, poetas, um grupo interessado na formação da Arte Contemporânea.


* Fotos: Xandro e Marcelo Coelho




sexta-feira, 23 de abril de 2010

MUDANÇA DE DIRETORIA NO INSTITUTO MARIA HELENA ANDRÉS

Um dia Roberto meu neto me telefonou de Paris: “Vó, vou fazer um projeto de museu para você”. O projeto será a minha defesa no curso de graduação em Arquitetura.
Daquele dia em diante a idéia foi crescendo, tomando forma – Passaram-se cinco anos, desde a data comemorativa da criação do IMHA, em Entre Rios de Minas.
Nesses cinco anos aconteceram três Festivais de Inverno e um mutirão que reuniu a cidade toda mostrando a criatividade como energia de paz e união entre as comunidades. Criou-se o projeto Música na Escola e uma ONG de ecologia, a Ecopaz tudo isso na cidade de Entre Rios, a uma hora e meia de distância de B.H.
Em tempos passados aquela região serviu de triagem dos cavalos Manga-larga e Campolina – Ali se reuniam os tropeiros carregando a mercadoria amarrada em picuás no lombo dos cavalos.
Ao longo do tempo o IMHA teve uma história acidentada, pouco dinheiro e muito entusiasmo. Euler e Saulo, como primeiros diretores se desdobraram nas iniciativas e agora estão entregando a regência para Antônio Eugênio que com a sua grande experiência empresarial levará o IMHA para além das vertentes, em busca de novas terras.
O primeiro mandato terminou com a exposição – Linha e Gesto – no Palácio das Artes em Belo Horizonte, tendo sido visitada por 15.000 pessoas. Idealizada há três anos por Roberto Andrés que direcionou uma equipe de jovens arquitetos, artistas plásticos e cineastas com a parceria de Marília Andrés. * Ver postagem “Reflexões sobre uma exposição”
A exposição foi a abertura para novos caminhos.
As comemorações de entrega de mandato se realizaram na sede do Instituto, uma casa estilo rústico, situada na Rua Dr. José Gonçalves da Cunha em Entre Rios. Houve discurso, prestação de contas e votação para a chapa única.
Depois de um almoço comemorativo no Café com Prosa, a turma seguiu para a Capela “Olhos D’água”, uma pequena jóia do barroco situada nos arredores do “Crasto”. Ali ouvimos o violão de um jovem artista, Pedro Gervason - que teve os seus estudos iniciais no 1º Festival de Inverno. Em seguida foi plantada uma árvore gameleira no lugar em que existia uma outra e que aparece em relatos históricos do Século XVIII e XIX. Ali os viajantes paravam para repousar de longas viagens pelas estradas poeirentas de Minas Gerais. No tronco da gameleira havia uma cavidade natural, um pequeno salão aonde as pessoas, vindo a cavalo, trocavam de roupa para entrar na Igreja. Até as noivas usavam a gameleira como camarim para se prepararem para a cerimônia do casamento.
O plantio da gameleira simbolizou a mudança que vai acontecer no IMHA. Nova diretoria, novas direções, novos caminhos.

* Fotos: Antônio Eugênio Salles, Renata Guerra e Saulo Resende



sexta-feira, 16 de abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

SEMANA SANTA EM OURO PRETO

Ouro Preto sempre é um cenário onde a Paixão de Cristo se realiza de forma artística. Ali a tradição é cultuada por toda a população. Janelas se enfeitam de cores, mostrando o roxo como significado da morte de Cristo e cores alegres para a festividade da Páscoa.
O chão de Ouro Preto data do século XVIII, quando as pedras eram colocadas muitas vezes em forma de mandala. Pessoas se vestem para a coreografia, trazendo para o presente o passado histórico do Cristianismo. Figuras do Antigo Testamento – Sara, Abraão, Moisés, desfilam aos olhos do povo. Anjos e Arcanjos caminham pelas ruas, solenes, concentrados, carregando tochas.
Soldados romanos carregam o esquife e Nossa Senhora das Dores chora a morte de seu filho.
A procissão sai da Igreja do Pilar para Antonio Dias. Verônica é representada por uma senhora de 80 anos que vai mostrando para o público a face de Jesus num sudário. Há uma integração de toda a comunidade: negros, brancos e mulatos, crianças, jovens e velhos
No sábado de Aleluia o povo vai para as ruas criar tapetes de serragem por onde irá passar a procissão. O artista Ivã Volpi, convidado para uma exposição na FIEMG, criou junto com a comunidade um tapete que denominou “Coração Flamejante”. Houve uma homenagem ao Mestre Guignard e a bandeira de São Sebastião, um de seus santos preferidos, é colocada na janela do Museu Guignard. No domingo da Ressurreição os tapetes adornam as ruas e o povo se concentra na Matriz do Pilar. Colocam bandeiras, estandartes, cortinas e colchas coloridas nas janelas para celebrar o cortejo. A Ressurreição é uma festa de cores e os anjinhos desfilam transmitindo a alegria e a inocência das crianças. Uma revoada de anjos povoa o cenário da velha Ouro Preto, pais carregam os filhos, e até um anjinho de 1 ano acompanha o cortejo, no colo da mãe, segurando a mamadeira.
Na porta de sua casa, Marília de Dirceu, vestida de noiva espera o seu noivo, deportado para outras terras.
Meninas de rosa, meninos de azul seguem a tradição mineira.

Após a procissão uma turma de garis varre as ruas cantando e em pouco tempo a cidade fica limpa para os dias comuns.

*Fotos: Marília Andrés




domingo, 11 de abril de 2010

REFLEXÕES SOBRE UMA EXPOSIÇÃO Vl

O grupo Superfície, liderado por Roberto Andrés, realizou uma apresentação dinâmica a partir do tema dos boizinhos, que poderia ser vista dentro e fora da exposição. O desenho se movimentava, seguindo a vibração dos sons. Em seguida, uma nova experiência foi mostrada aos participantes, tomando como referencia um quadro concretista. Com o auxílio de um microfone, o publico pode ouvir a tela e sentir o som das cores. Uma das características do século XXI é a passagem do individual para o coletivo. O mito do artista já começou a ser questionado.
Uma performance aconteceu em plena rua. Os alunos atentos assistiam a uma aula de filosofia. A professora escrevia aforismos no quadro negro, um jovem segurava balões brancos que eram soltos no espaço. Enquanto os balões subiam as coisas aconteciam debaixo do céu. Os transeuntes que passavam em frente ao Palácio das Artes davam palpites e, às vezes, também participavam, como aquele passante que achou ótimo deitar na rua, ao lado do artista que segurava os balões.
A mais decisiva performance foi a última, entregue à dançarina Dudude Hermann,que foi convidada para fazer a desmontagem da exposição com uma performance sobre desconstrução. Quando Dudude começou a dançar, ela parecia incorporar a energia do Deus Shiva que dançando destruía os apegos. Naquele momento, os artistas, curadores, desmontadores, puderam ver com clareza a relação.da arte com a vida. A desmontagem significava também a possibilidade de um recomeço em outro espaço e tempo.
Depois da exposição recebi uma instigante fotografia de Haroldo Kennedy. Nela as lentes do fotógrafo criam novos espaços e sugerem novas dimensões para as esculturas.


* Fotos: Roberto Andrés e Haroldo Kennedy

domingo, 4 de abril de 2010

REFLEXÕES SOBRE UMA EXPOSIÇÃO V

A exposição trouxe para o Palácio das Artes uma dinâmica de apresentações paralelas que se estenderam pelo mês de janeiro e fevereiro de 2010. A começar da primeira performance, do grupo O Grivo, a ligação da pintura com a música foi amplamente experimentada. “Os desenhos de John Cage lembram os seus”, assim me falou o músico que desenvolveu uma integração da música com a poesia minimalista. Ali, a comunicação foi feita através do silêncio e das experiências de John Cage unindo arte à meditação.
Meus quadros da década de 50 têm a força de interagir com outras artes e agora estão sendo o embrião de novas criações no campo da música, da escultura, da dança e da arquitetura. A apresentação de Artur, Alexandre e Regina revelou a possibilidade de um quadro concretista se transformar em partitura musical. Naquela noite, Alexandre meu neto, que também é compositor, me presenteou com uma composição de sua autoria, recém criada no seu estúdio na fazenda. A síntese das artes começou a acontecer sobre as luzes do grande salão. Foi quando uma jovem dançarina se levantou do chão de mármore onde estava sentada e começou a dançar espontaneamente levando a platéia a participar da energia da criatividade em sua fonte.
A exposição foi enriquecida, a partir do dia 17 de janeiro, por eventos que promoveram a participação do público de forma diferenciada. Por ali passaram crianças, jovens, adultos, pessoas das diferentes classes sociais. As telas foram reinventadas no desenho espontâneo das crianças, no pensamento elaborado dos jovens estudantes de arquitetura e no construtivismo de Marcio Sampaio. Todos puderam participar. Pesquisas foram feitas nos computadores, nos livros e documentos espalhados sobre a mesa e também na linha do tempo estendida cronologicamente. A minha vida de artista foi mostrada desde a adolescência, quando pintava artistas de cinema, até os dias de hoje, com as esculturas que se ergueram do bidimensional para o tridimensional. Houve interesse em percorrer a mostra e muitas vezes as pessoas retornavam para observar detalhes nos dias seguintes.

*Fotos: Roberto Andrés