quarta-feira, 3 de março de 2010

Registros de uma época feliz, estável, família crescendo, o marido dando força para seguir o caminho. Desenhos pequenos, lembranças. No meio do biombo, o túnel do tempo permite ver ao fundo as esculturas de ferro. O presente veio do passado. Ao centro, as cidades iluminadas brilham na noite. Casas, janela, luzes que se acendem, luzes que se apagam. Voltar ao passado? Impossível.
Uma voz interna me diz: Não detenha o rio. Ele segue o curso natural das águas e um dia se joga no mar. Muitas estórias são vivenciadas no curso do rio. Elas nos contam segredos que nunca serão revelados, mas fazem parte da vida, do dia, da noite, das manhas, dos poentes. As lembranças dão vida ao agora porque só ele existe. Comentam sobe minha fase concretista: “Seus quadros dessa fase estão valendo uma fortuna em São Paulo”. Não me interesso pela parte comercial de minha obra. Ela faz parte do meu itinerário, mas não é o que me impulsiona para a frente. Seguir a meta dos jovens. Entusiasmo, alegria, ação. Os valores são outros quando escutamos os jovens. Eles vêem a arte como um todo, não separam. O século XXI é o século da unidade e não da separatividade. Ver a exposição como um todo, um caminho, um túnel do tempo que se prolonga no espaço.

Um dia, Roberto, meu neto me telefonou de Paris: “Vó, vou fazer um museu para você...” Comento com ele que “Museu é coisa parada, para guardar o passado, o melhor é fazer um instituto onde a mensagem pode ser visualizada no todo de forma dinâmica.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário