E lá fomos nós... sempre de ônibus, parando em Curitiba, São Paulo e finalmente BH. Sempre duas vezes, na primeira para recolher material e fotografar, e na segunda carregada de desenhos e telas enroladas, para realizar as exposições. Não conhecíamos o sul do Brasil e as duas viagens a Rio Grande, Torres e Florianópolis foram inesquecíveis. Nos banhados do Taim e Lagoa do peixe fotografamos as aves migratórias que cruzam continentes e que ali aportam. Em Torres vimos de perto dezenas de focas, leões e elefantes marinhos tomando sol sobre as pedras da praia.
Próximo a Florianópolis está a Reserva Biológica da Ilha do Arvoredo, onde as andorinhas do mar fazem seus ninhos entre os cactus.
Na época da nidação, alguns biólogos costumam fazer o anilhamento dessas aves.Tivemos o privilégio de acompanhar uma dessas expedições. Ficou nítida na nossa memória os voos rasantes dessas pequenas aves que não temem nos atacar, afim de defender os seus ninhos.Em Brasília, um ano depois realizamos uma exposição na sede do IBAMA, na Semana do Meio Ambiente, com a inclusão das principais obras ou imagens delas.
Encontrávamos com pessoas ligadas ao Greenpeace e
WWF e recebíamos estímulo para formatar um grande projeto contemplando Unidades
de Conservação nas 5 regiões do Brasil. Chegamos a esboçar um projeto neste
sentido. Também tivemos um sonho bastante ambicioso de propor à Marinha do
Brasil, uma parceria para documentar a Estação do Brasil no Continente
Antártico. Ambos não se concretizaram.
Os últimos trabalhos focalizaram florestas.
O primeiro deles foi no Museu Ruschi, no Espírito Santo. O objetivo principal era a documentação de várias espécies de beija-flores e, naturalmente, das lindíssimas espécies de flores, em especial as bromélias.
Passávamos os dias caminhando por jardins selvagens, paradisíacos, fotografando e fazendo anotações. Fizemos propostas de exposições e a realização de um mural com as principais espécies. Infelizmente não foi concretizado.
Os últimos trabalhos foram realizados em Minas
Gerais, nas Reservas Ecológicas de Peti e Galheiro, ambas pertencentes à CEMIG.
Realizamos um trabalho extenso, com
fotos, quadros grandes e séries de desenhos detalhando as paisagens e as
principais espécies das duas reservas. Tínhamos a expectativa de um retorno financeiro,
de uma compra dos originais que poderiam estar agora adornando as paredes nas
duas reservas. infelizmente não
aconteceu. Doamos um book com as imagens dos desenhos para serem utilizados em
materiais de divulgação da empresa, como havíamos prometido. E guardamos os
originais conosco. Ficou o legado da série "Borboletas", esses animais maravilhosos que, como os peixes tanto nos inspiram.
Caminhar por tantos lugares e conhecer tantas
pessoas amantes da Natureza ao realizar este trabalho de documentação artística
em Unidades de Conservação, foi um batismo em nossas vidas. A partir daquela
época passamos a programar nossas viagens incluindo, sempre que possível, a
visita a locais com natureza exuberante, algumas vezes intocada. Visitamos
locais como Fernando de Noronha, Lençois Maranhenses, Alter do chão, Pantanal,
Bonito, Patagônia, Machu Pichu, Perito Moreno, El Chalten, Paracas, Naska,
Capadócia, Bonaire, Pirineus, Mar Vermelho, etc.
Atualmente temos uma casinha alternativa junto à natureza, em São Sebastião das Águas Claras apelidada de Macacos. Uma casa no mato, sem luz elétrica, em parte construída com nossas próprias mãos, no serrote e no martelo. Uma opção de vida..." ( Depoimento de Ivana Andrés e Luciano Luppi)
*FOTOS DE ARQUIVO
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