domingo, 18 de abril de 2021

MARACATU LUA NOVA

 

Ainda me lembro, como se fosse hoje, da chegada do Maracatu Lua Nova em Entre Rios de Minas, durante o encerramento do 2° Festival de Inverno em 2007.

Eu subi a ladeira de braço dado com meu filho Euler, naquela época presidente do IMHA.

A cidade se movimentou para ver o cortejo passar.

Eram os integrantes da celebração, com André Salles Coelho à frente, regendo.

Havia tambores e cânticos, a turma uniformizada seguia o cortejo. O som dos tambores repercutia pelas alamedas e as pessoas abriam as janelas com entusiasmo.

Aliás, todos se envolveram neste entusiasmo que significa “Deus dentro”.

O  Maracatu veio da África, como herança dos negros, uma das preciosidades de nossa cultura.

Viva a alegria da tradição africana, que nos trouxe tanta beleza!

Lembro também da minha cunhada Lourdes, que encontrei na praça:

“Helena, só você mesmo para movimentar esta cidade!”

Deixo agora a palavra para um depoimento do André, que nos encantou com seu relato, por ocasião da live do IMHA ,do dia 14/04.

 

“O Maracatu Lua Nova foi fundado em 21 de outubro de 2002, resultado da vivência de alguns dos integrantes com a tradição do maracatu e de uma extensa pesquisa histórica e um longo trabalho em busca das raízes mais profundas de nossas tradições.

 

No início, o grupo passou por um longo período de dificuldades: sem um local próprio para ensaios, seus encontros eram cada semana em uma praça diferente da cidade o que gerava desencontros, atrasos, incômodos, insatisfações da vizinhança e problemas com a polícia e com moradores de rua; sem um número suficiente de instrumentos e roupas e sem a possibilidade de um trabalho mais profundo em relação à vida social dos seus integrantes, o grupo sobreviveu precariamente durante esse tempo.

 

Com a grande participação de moradores do bairro Aparecida (bairro que desde o início teve uma forte ligação com o grupo), tornou-se fundamental que este se fixasse nas imediações.

 

Depois de muito luta, apoios, projetos, apresentações para custear a sede, o Maracatu Lua Nova conseguiu se fixar, primeiro no imóvel alugado, depois em sede própria em uma casa na rua Dona Clara 1046, no bairro Aparecida, em Belo Horizonte.

 

Com sua sede própria, o grupo pode aumentar seu número de participantes, melhorar sua infra-estrutura com camarins para os homens e mulheres, sala de instrumentos biblioteca com um amplo acervo de livros, CDs e DVDs relacionado ao maracatu e outras manifestações tradicionais e área de ensaio e convívio social além de passar a oferecer oficinas variadas com enorme participação da comunidade. Além de oficinas de aprendizagem, reciclagem de conhecimentos e profissionalizante nas áreas de pintura, música, literatura, bordado, dança, teatro, destacaram-se nesse período oficinas de intercâmbios culturais como a oficina com Dona Valdete – do grupo Meninas de Sinhá, de Belo Horizonte – e a oficina de maracatu com Mestre Afonso – do Maracatu Leão Coroado de Pernambuco: um dos mais antigos maracatus do Brasil.

 

O Maracatu Lua Nova tem como objetivo principal motivar o gosto e hábito pela música, dança e cantos, utilizando as tradições culturais e suas práticas derivadas. Como ponto diferencial, o grupo acredita sempre na diversidade, na mistura, no intercâmbio e, principalmente, na convivência e ajuda mútua de pessoas de diferentes raças, credos, classes sociais, ideologias, idades, histórias de vida, trabalho e região onde vivem. O Maracatu Lua Nova é um grupo profundamente inserido na comunidade em que atua mas sobretudo, um grupo aberto a todas as pessoas, não fazendo discriminação de qualquer indivíduo que queira participar e compartilhar sua vivência com todos.

 

É justamente seguindo esse ideal que o grupo reúne pessoas de situações sociais inimaginavelmente diferentes, que de outra forma jamais poderiam ter a oportunidade de trocar experiências e aprender com um outro tão diferente.

 

Esse aprendizado mútuo é a base de toda a convivência do grupo e de sua inserção na comunidade em que está sediado. O grupo não acredita que pode simplesmente realizar ações assistencialistas e paternalistas a uma comunidade que merece muito mais do que isto, merece respeito por cada um de seus indivíduos seus conhecimentos e suas histórias de vida.

 

Só assim, com uma profunda noção de respeito, amor, carinho, amizade e companheirismo é que se constrói uma relação forte e duradoura que tem como resultado um grupo grande, conciso, coeso, claro de seus objetivos e íntegro na convivência de seus indivíduos.

 

Atualmente o Maracatu Lua Nova conta com cerca de 100 integrantes fixos, em sua maioria crianças e adolescentes do ensino público de Belo Horizonte. Nesses quase dez anos de existência mais de 1000 pessoas já passaram por suas oficinas, aulas e ensaios. Pessoas que aprenderam as noções básicas de ritmo, dança, ritual e respeito de uma das mais importantes manifestações folclóricas do país. Nesse tempo o grupo já realizou quase 200 apresentações em mais de 30 cidades de Minas Gerais, nos mais variados locais e situações, sempre em grandes eventos como carnaval de Ouro Preto, festivais de inverno pelo estado, Fit, Fan, festas do rosário entre outras.

 

Desde a sua fundação, o grupo apresenta seu cortejo utilizando os ritmos, os instrumentos, as danças e as canções típicas do maracatu de baque virado.

 

Atualmente o grupo tem todos os personagens mais importantes do maracatu: os batuqueiros, as catirinas (meninas que dançam ladeando o grupo) as baianas (senhoras que dançam no centro) rei, rainha, bandeira, a dama do buquê, a calunga (a boneca preta – símbolo máximo do maracatu) e a dama do paço (a pessoa responsável por carregar a boneca).

Na instrumentação, vozes, alfaias (tambores graves) caixas claras (tambores agudos) e o gonguê (espécie de agogô com uma só campânula).

 

O grupo já lançou dois DVDs, parte de seu objetivo de difundir o maracatu, ser um mantenedor de sua tradição e contribuir para a auto-estima e valorização de seus integrantes.

 

O primeiro DVD, lançado em 2008, tem 15 minutos de duração e é um documentário com entrevistas e cenas de apresentações e de bastidores. O segundo tem cinquenta minutos de duração e foi lançado em 2009. É o registro de um show realizado em Nova Lima no dia 13 de novembro de 2008.

 

Acreditamos ser essa uma das formas de se construir uma política cultural e social que sirva também como agente multiplicador das tradições voltadas para o patrimônio, o ensino das artes, o aprendizado recíproco e a participação de um indivíduo com plena consciência de sua participação na construção do que podemos chamar de Nação.

 

Contatos:

André Salles-Coelho (coordenador)

Fone: 9625.6195

e-mail: andresallescoelho@gmail.com

Site: www.maracatuluanova.com.br

 

*FOTOS DE ARQUIVO

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