sábado, 10 de abril de 2021

FORTUNA CRÍTICA

 


Recebi de Nelyane Santos o texto sobre a Fortuna Crítica de minha trajetória artística,que transcrevo abaixo:

 

“Encontrar a fortuna crítica de um artista organizada e disponível não é tão comum como nós pesquisadores gostaríamos. Nos estudos de história da arte no Brasil nos deparamos com múltiplas atividades que vão muito além da análise de obras. Procurar nos acervos museológicos, coletar fontes documentais que dão conta do registro de sua trajetória, manuseá-las sem as condições adequadas de exposição. Enfim, múltiplas tarefas que nos colocam na missão de reconhecer e valorizar a arte.

E quando nos deparamos com uma coleção de fontes que registram a memória de uma artista com atuação tão vasta como é Maria Helena Andrés, a satisfação do trabalho engrandece e nos motiva. Mesmo demandando organização, catalogação, conservação e acondicionamento, o acervo que encontrei estava admiravelmente muito bem preservado. E me surpreendi com a variedade das fontes, o que demonstra o quanto esteve comprometida, tanto Maria Helena como sua família, com o registro de sua trajetória, reconhecendo a importância de sua produção e a de seus pares para a história da arte no nosso país. Diante disso, só tenho que agradecer e sentir-me lisonjeada pela função que a mim foi atribuída no Projeto de Elaboração da Fortuna Crítica da Artista Maria Helena Andrés. Como produtos foi elaborado o E-book, reunindo parte da fortuna crítica, e feita a conservação e acondicionamento de todo o material.

Mas meus privilégios com o trabalho não terminaram por aí. Tive a companhia de Marília Andrés na coordenação do Projeto e isso me rendeu inspiradoras manhãs de discussões acerca da história da arte e temas correlatos. Para definirmos os critérios de seleção das críticas que comporiam o E-book, conversamos muito sobre o perfil da crítica de arte no Brasil e as diferentes manifestações artísticas ao longo do século XX. Marília, com sua vasta experiência de professora, pesquisadora e curadora de arte moderna e contemporânea, tornou o trabalho ainda mais envolvente, sempre muito aberta à troca de conhecimentos.

Ao longo dos meses de janeiro a março de 2021 foram realizadas as seguintes atividades: o reconhecimento do conteúdo do acervo; a seleção das críticas mais relevantes para publicação no E-Book; a digitação das mesmas e a organização cronológica, assim como a escolha de obras de Maria Helena que ilustrassem os textos.

Na sequencia, foi realizada a higienização de todo o acervo, sua catalogação com o registro de referência bibliográfica nas normas acadêmicas e acondicionamento em pastas e caixas próprias.

Diante da minha formação como historiadora e conservadora restauradora, conciliar a atividade de elaboração da fortuna crítica com a conservação de todo o material colecionado por Maria Helena Andrés e família ao longo de sua trajetória foi uma realização profissional muito grande. Não poderia deixar de ressaltar que isso só foi possível em razão da Lei Aldir Blanc, que instituiu auxílio financeiro para ações emergenciais destinadas ao setor cultural. Como já é de costume na cultura do nosso país, as políticas públicas quase sempre apresentam esse caráter de urgência, tentando salvaguardar a memória dos nossos artistas. Poeta e compositor, acometido tragicamente pela pandemia de Covid-19, deixou-nos um legado e ainda serviu de inspiração e manifesto para todos aqueles que lutaram pela efetivação dessa lei. Sigamos em luta pela nossa arte, como diria Aldir, “pra frente é que se anda”, “o show [ou melhor, a exposição] de todo artista, tem que continuar”.

 



Trabalho de seleção, digitação e catalogação dos materiais da Fortuna Crítica de Maria Helena Andrés. Foto Marília Andrés Ribeiro, Fev. 2021.



Trabalho de higienização dos recortes de periódicos. Foto Marília Andrés Ribeiro, Fev. 2021.



Exemplares de recortes de jornais sobre a trajetória de Maria Helena Andrés. Foto Nelyane Santos, Mar. 2021.



Detalhe do recorte de periódico MOTTA, Morgan da. 50 anos de arte com Maria Helena Andrés. Jornal Hoje, Belo Horizonte, 12 dez. 1994. Foto Nelyane Santos, Mar. 2021.

 

*Fotos de arquivo

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