sábado, 27 de março de 2021



 

...COM OS ANDRÉS

 


Recebi de João Diniz o texto abaixo, afetuoso e poético, que muito me emocionou. Tenho para com o João, arquiteto e multiartista ,  uma grande admiração. Na última quarta feira a sua live “Transarquitetura” nos deu uma dimensão da versatilidade e da qualidade de suas realizações. Algumas podem ser vistas nas fotos enviadas. O excelente vídeo “Color Sonata para Maria Helena Andrés” está no Youtube.

 

“Foi no início dos anos 80 que entrei em contato com os Andrés. Eu já conhecia a importância do trabalho cultural de Maria Helena como pintora, pensadora e educadora, e sabia também que ela era a mãe de uma turma talentosa que eu já admirava. 

 Primeiro conheci o Arthur, de quem fui colega na Fundação de Educação Artística em BH, onde fiz aulas de teoria musical num semestre sabático em que eu aguardava para ingressar na escola de arquitetura da UFMG. 

 Depois foi o Maurício, colega arquiteto, companheiro de aventuras profissionais e editoriais nas revistas Vão Livre e Pampulha, onde escrevemos artigos em parceria, e que é, desde então, um interlocutor sábio em questões de arquitetura, ecologia, meio ambiente e espiritualidades. 

 Nessa época fiz também aulas de yoga com a Eliana e essas práticas me acompanham até hoje  em ações e pensamentos ligados ao equilíbrio corpo-espírito e a outras consciências ligadas à alimentação e à não violência. 

 Com Ivana colaborei como fotografo, ajudando na divulgação de exposições. Nela admirei a polivalência da artista visual, poeta, atriz e cantora; o que me confirmou as  possibilidades  interdisciplinares da arte, o que, desde aquela época, já me interessava. 

 Com Euler me interessam conversas em torno de sua experiência no campo, com forte pegada ambiental, um exemplo pragmático complementar às minhas reflexões, às vezes teóricas, sobre agricultura e ecologia. 

 E finalmente Marília, a irmã que conheci por último, e com quem não foi menor a afinidade. São muitos os assuntos em comum: história, artes visuais, micro políticas, dentre outros. Marília me ajudou, com sua visão precisa, em textos críticos e curadoria nas exposições ‘Trama’ e ‘Typos Extraños’ que fiz em BH; além das edições de dois livros que publiquei pela editora C/Arte da qual foi fundadora e diretora. Mais recentemente, ela me convidou para a diretoria do IMHA: Instituto Maria Helena Andrés o que aceitei de pronto, entendendo que essa seria uma boa oportunidade para estar por perto dessa turma serena e criativa. 

 O convívio com esses irmãos e irmãs frequentemente me aproxima de Maria Helena, a grande mãe. Ela, com todo respeito merecido por sua trajetória artística e longeva sabedoria, sempre me dedica calorosa  atenção e estímulos, se mostrando constantemente interessada em minhas ações, e estando frequentemente pronta a fazer comentários positivos, me incentivando a avançar em ações ligadas à arte e cultura. Ela me dedicou espontaneamente um importante texto sobre a exposição ‘Trama’ que fiz na galeria da Asa de Papel em BH. 

 Tudo isso sem falar da jovem geração de netos que vem chegando, e já mostrando competência em suas áreas de atuação. A estes tenho especial admiração por Elena e Roberto, como arquitetos; e por Alexandre como músico. 

 Chego a esse distanciado ano de 2021 junto com os Andrés trabalhando no projeto de diálogos virtuais incentivados pela lei Aldir Blanc, onde, a cada encontro remoto, vamos apresentando realizações e ideias, e juntando mais pessoas interessadas na arte, cultura, natureza e amizade. 

 Sou grato por essas vivências que me confirmam a possibilidade da existência de uma grande família que congrega pessoas ligadas por laços sanguíneos a outros parceiros afins, num propósito comum de produzir afetuosamente o belo, o saudável e o justo.” (Depoimento de João Diniz) 

 Para maiores informações sobre João Diniz:

http://www.joaodiniz.com.br
http://joaodiniz.wordpress.com/
http://www.youtube.com/joaodiniz

 

*FOTOS DE ARQUIVO

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sexta-feira, 12 de março de 2021


 

PROJETO BORDANDO E BRINCANDO O NOSSO PATRIMÔNIO

 Recebi de Teresa Rolim Andrés o texto abaixo, sobre o projeto “Bordando e brincando o nosso patrimônio”, realizado em Entre Rios de Minas através da Lei Aldir Blanc:

 

“O Instituto Maria Helena Andrés realizou em Entre Rios de Minas, nos meses de janeiro e fevereiro de 2021 o projeto “Bordando e brincando o nosso patrimônio”. O IMHA formou uma equipe para executar esse projeto. Além de mim, Teresa, como coordenadora, o projeto contou também com a participação da Ana Luisa, arquiteta especialista em tombamentos de bens culturais; Bruno, historiador e Aline e Isabela, ambas arquitetas e especialistas na construção de jogos.

A primeira parte do projeto foi aproximar toda a equipe do grupo “Bordadeiras de Quinta” e do trabalho que elas desenvolvem bordando casas da cidade. Foram diversos encontros virtuais onde pudemos ver e ouvir histórias dos bordados, das casas, das bordadeiras. A alegria do grupo contagiou toda a equipe e foi fundamental para sabermos a direção que tomaríamos no restante do projeto. Nossa ideia era não chegar com um conceito pronto de patrimônio para a oficina que iria acontecer dentro de alguns dias. O importante era que esse conceito passasse pelo trabalho que já acontece no grupo das bordadeiras e que, permeado dessa experiência, fosse ainda mais enriquecido pela oficina.

A segunda parte do processo foi uma Oficina de Patrimônio. Para a oficina foram convidados representantes de todas as escolas do município, fossem elas municipais ou estaduais, e também representantes das diversas instituições civis da cidade. A participação foi muito boa. Chegamos ao final de uma semana de trabalho, também online, com um grupo coeso e entusiasmado e com poucas ausências. 

Durante todo o processo, tanto com as bordadeiras, quanto na oficina, o trabalho da construção do jogo foi desabrochando. O objetivo do projeto era que nascesse um jogo que pudesse ser distribuído a todas as crianças que frequentam a escola no município, do 1º. ao 5º. ano.  Chegamos ao final com o objetivo cumprido, construído de forma coletiva e com a alegria de ter criado algo que pode ser jogado não apenas entre crianças, mas que pode envolver toda a família. 

O jogo criado é um baralho de cartas. Nele temos fotos de muitos bordados, fotos de algumas dessas casas, palavras-patrimônio, que surgiram durante a oficina e também alguns detalhes dos bordados que podem remeter a diversos patrimônios diferentes, presentes não só em Entre Rios, mas na vida em torno de cada um de nós. Vem acompanhado de uma cartilha, onde além das formas de jogar, incluímos diversos conhecimentos que surgiram sobre as casas e o patrimônio arquitetônico em geral. As formas de jogar são diversas: pode-se por exemplo, jogar um jogo da memória onde o objetivo é encontrar o bordado e a foto da casa. Este exemplo já pode trazer muitas reflexões, pois a foto nem sempre é igual ao bordado, as casas mudam, algumas nem existem mais. Outros jogos nos permitem falar mais da história da cidade, em outro temos que sair pela cidade e observar elementos que aparecem nas casas bordadas e que podemos descobrir na nossa rua, no nosso bairro. De forma delicada o jogo permite muitas observações e reflexões sobre o patrimônio. É um patrimônio que descobrimos nosso, ou das bordadeiras ou dos membros da oficina, e que pode  - ou não - ser o mesmo daquele que aprendemos nos livros. A viagem está apenas começando!” (Teresa Rolim Andrés)

 

*FOTOS DE ARQUIVO

 

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domingo, 7 de março de 2021

TRAJETÓRIA ARTÍSTICA DE MARIA HELENA ANDRÉS II

Dando continuidade à postagem anterior sobre a minha trajetória artística, transcrevo abaixo o texto enviado por Eliana Andrés Ribeiro:

         Os caminhos da arte são os caminhos da vida, porque arte e vida não se separam”. (Maria Helena Andrés)

“Na viagem de Maria Helena aos Estados Unidos, na década de 1960, o primeiro toque gestual Zen aparece em seus desenhos, refletindo um movimento mundial iniciado naquela época. A viagem do Beatles à Índia influenciou jovens de várias partes do mundo a voltarem o olhar para aquele país, iniciando um processo cultural de integração Oriente/Ocidente marcante na segunda metade do século XX.

Na mesma década, Maria Helena reflete na sua fase de Guerra a situação política do Brasil. Esta fase reflete o aspecto destrutivo com uma intensa força de expressão que surgia contra as ações de repressão e violência impostas pelos governantes militares.
“Meus quadros desta fase significaram uma denúncia à opressão e ao medo”.

Maria Helena realizou várias viagens à Índia. A fase Mandalas, na década de 1980, reflete o processo de busca do seu próprio universo interno, a intensificação da leitura de pensadores orientais, e o contato direto com a fonte dessas filosofias, nos diferentes centros espiritualistas daquele país.

 




A afinidade com as ideias de Jiddu Krishnamurti e a ênfase dada por ele à educação a marcaram significativamente. A partir daí sua trajetória como arte educadora se intensificou, e de volta ao Brasil encontrava terreno fértil na Universidade Holística Internacional de Brasília, onde se cultiva a visão holística e onde ela era sempre convidada por Pierre Weil a ministrar workshops. Ali a integração arte/espiritualidade é uma constante.”




Encontro das Dimensões com Fridjof Capra, na Universidade Holística Internacional de Brasília.
Da esquerda para a direita: Ubiratan D'Ambrosio, José Lutzemberger, Maria Helena Andrés,
Mércia Crema, Fritjof Capra, Pierre Weil, Harbas lal Arora, Ken O'Donnell, Sra H. Arora
e Roberto Crema.


 A criação do Instituto Maria Helena Andrés (IMHA), em 2005, em Entre Rios de Minas, significou a expansão e concretização das ideias da artista no que se refere à educação por meio das várias formas de expressões artísticas, a valorização do patrimônio e também do meio ambiente.

Acompanhei minha mãe em várias de suas viagens à Índia. O turismo fazia parte do nosso roteiro, mas a estadia em vários ashrams (centros espiritualistas) era sempre a nossa prioridade. São locais onde se cultiva o estudo, o silêncio, a contemplação, o respeito por todos os seres, a simplicidade e a arte estendida à vida.

A pandemia tem nos afastado dos compromissos sociais, do excesso em consumo, em viagens, e tem nos aproximado da natureza, do cotidiano de vida interior. A vivência em ashrams, naquelas viagens, com certeza nos fortaleceu e nos preparou para vivenciarmos com maior aceitação e serenidade o momento presente.

Desde 1980, Maria Helena reside num condomínio no município de Brumadinho, próximo a Belo Horizonte. O contato com a natureza e a prática de Yoga, que fazem parte do seu dia a dia, com certeza tem proporcionado momentos favoráveis à continuidade de suas atividades como artista, e como escritora até os dias de hoje. 

Obs: A Trajetória Artística elaborada no projeto do IMHA para a Lei Aldir Blanc, estará disponível no site do Instituto a partir de março de 2021. "(Eliana Andrés Ribeiro)

FOTOS DE ARQUIVO

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