Dando
continuidade ao Livro sobre a Água, de autoria de Maurício e Aparecida Andrés,
transcrevo o trecho abaixo:
Ao longo de
toda a História,
e em todos os cantos da terra,
foram criadas palavras
pelas quais sou conhecida.
Os povos esquimós
das terras
geladas do ártico,
usam termos diferentes
para os matizes do branco
dos vários tipos de gelo.
Os povos
indígenas,
na exuberância tropical,
ficam dançando e cantando,
para que as chuvas aconteçam.
E inventam outras palavras
para falarem de mim.
Itororó é bica d’água;
Pitangui, rio das crianças;
Itamaraty, água entre pedras soltas.
Igarapé é caminho das canoas
Igapó é a floresta inundada nas cheias,
Uberaba, água que brilha.
Os índios acham que a vida
é uma teia muito vasta
da qual tudo faz parte:
junto com eles
estão as águas,
as plantas e os animais,
compondo o meio ambiente.
Há quem pense
que eu dou vida
a seres
sobrenaturais,
como o caboclo d’água,
o boto tucuxi e as sereias,
a iara
ou mãe d’água,
que recebe oferendas
e em troca dá pesca abundante.
Na tradição chinesa,
Represento a suprema virtude,
sou símbolo da sabedoria.
Não há o que me detenha.
Sou yin, princípio feminino
oposto a yang, que é fogo.
Eu ajudo a
apagar
os incêndios e queimadas.
Encharco a terra,
umedeço o ar,
purifico os corpos
e também as almas.
Entre os signos do horóscopo,
sou o elemento de Peixes,
de Câncer
e de Escorpião.
Estou presente nas idéias,
nas línguas
e na comunicação,
na cultura e nas artes,
nos sentimentos e ações.
Batizo muitos lugares
com os nomes água
e olho
d’água,
rio, riacho, ribeirão,
igarapé ou arroio,
foz, barra, brejo, lagoa,
vargem e várzea,
mangue e praia,
cachoeira, salto ou queda,
cacimba, poço e ilha.
Existe o Arroio dos Patos,
Barra do Piraí,
Entre Rios de Minas,
Lagoa Dourada,
Brejo da Madre de Deus,
Foz do Iguaçu, Praia Grande,
São Gabriel da Cachoeira,
Belágua, Hidrolândia.
Pingo D’Água, Sem-Peixe,
Ilha Grande, Riversul,
Rio de Janeiro...
Nos dicionários de todas as línguas,
no cotidiano de todos os povos,
muitas palavras e expressões
tentam me definir, decifrar.
Acalmar é pôr água na fervura;
desanimar é receber
uma ducha de água fria.
Se gato
escaldado tem medo de água fria,
ser um peixe fora d’água
é estar fora
de seu ambiente.
Urinar é tirar a água do joelho.
E quando falta muito
para uma situação se resolver,
diz-se que muita água
ainda vai passar
debaixo da ponte.
*ILUSTRAÇÕES DE MARIA HELENA ANDRÉS
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