Provisoriamente estamos interrompendo as postagens do "Livro sobre a água", de autoria de Maurício e Aparecida Andrés. Retomaremos na próxima semana.
Recebi um convite da Escola Guignard para participar
de uma homenagem que os alunos queriam prestar aos seus professores, nesta data
em que se comemora o aniversário da fundação da escola.
Chovia fino quando desci da minha casa no Condomínio
Retiro das Pedras, para participar da homenagem. O encontro seria no Teatro
Francisco Nunes em Belo Horizonte. Quando cheguei todos estavam reunidos para
dar início à homenagem. Muita gente, professores e alunos, muita descontração e
alegria.
Pensei comigo mesma: “o importante é estar presente,
interagir com os jovens.”
Chamaram-me para gravar um vídeo. Olhei em frente,
para a paisagem exuberante do Parque Municipal de Belo Horizonte, lugar
escolhido por Guignard para administrar o seu curso de arte.
Não preparei o que teria a dizer, mas uma árvore
frondosa, exuberante, me chamou a atenção. Lembrei também do quadro de
Guignard, mostrando um caminho no Parque, que ganhei por ocasião do meu
casamento e que sempre me fez lembrar da arte como um caminho.
“Toda árvore boa dá bons frutos”, foi a mensagem
inicial da minha entrevista. “A Escola Guignard é como esta árvore frondosa, a
semente aqui foi plantada há mais de 70 anos atrás, semente que cresceu,
amadureceu e que sempre deu frutos. Somos todos parte desta árvore da arte.
Hoje aqui estamos, devido à dedicação de um mestre qualificado, talentoso, um
mestre que iluminou o caminho de seus alunos, partindo da própria luz de cada
um.”
Guignard percebia a individualidade do aluno e
respeitava sua tendência natural. Não impunha regras e conceitos
pré-estabelecidos.
Foi debaixo destas árvores, caminhando por estes
caminhos que aprendemos a desenhar e a pintar, trazendo à tona aquilo que já
existia dentro de nós. Lembro-me bem da alegria do mestre quando ele descobria
no aluno alguma possibilidade nova.
“Coisa nova!”, dizia ele entusiasmado. “Siga esta
direção...”
Ele nos estimulava a imaginação e despertava a nossa
criatividade dizendo:
“Olhem as nuvens no céu, as manchas nos muros
velhos, os círculos que se formam na água quando ali jogamos uma pedra.”
Linguagem direta, sem fórmulas vindas de fora.
Depois da partida de Guignard, ficamos no Parque
Municipal por alguns anos, na maior pobreza, mas sendo conduzidos por uma
energia que não se abatia diante das dificuldades.
O Parque Municipal de Belo Horizonte foi testemunho
da nossa batalha para sobreviver.
Esta é a mensagem que posso passar para vocês, dos
primeiros anos de nossa escola.
Que os ensinamentos de Guignard se prolonguem no
tempo como a grande bandeira do entusiasmo e da liberdade de expressão, é o que
desejamos a todos.
Ele continuará sempre sendo um ponto de mutação para
aqueles que desejarem se desenvolver na arte e na vida.
*Fotos de Marília Andrés e da internet
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