Célia Laborne Tavares foi
companheira desde os tempos da escola Guignard. Juntas, percorríamos as
alamedas do Parque Municipal, em busca da árvore certa para realizarmos o
desenho a lápis duro, sugerido por Guignard.
A alegria própria da
juventude nos estimulava, e cada uma se debruçava sobre o papel, horas a fio,
sentadas em banquinhos, desenhando e meditando. A inclinação de Célia para a
meditação deve ter vindo desses momentos felizes de aprendizado e introspecção.
O caminho das artes e da espiritualidade começou no Parque, no silêncio de um
papel branco, onde todas nós desenhávamos a árvore escolhida. Naquela ocasião,
Célia já se inclinava para as cores transparentes das aquarelas.
Guignard descobriu nela
esta tendência para a poesia das cores transparentes.
Seus desenhos da época
já traduzem esta forma lírica, suave, de lidar com as artes.
Célia era também
escritora. Seus textos começaram a se projetar e o lirismo da poeta se espalhou
como um canto de luz sobre as montanhas. Minas é terra de grandes poetas, o ar
das montanhas favorece. Poesia é a arte que nos permite atravessar o mundo e
nos transporta para outras dimensões, por meio da palavra.
Ser poeta é desvendar
seu próprio sonho e compartilhá-lo.
Com inspiração
oriental, Célia está relançando, agora, seu livro “O quinto Lótus”, repleto de
mensagens atemporais, propícias para a época atual. Esse livro foi editado pela primeira vez, em
1972, pela imprensa oficial, quando já entrara para o jornalismo. Célia me
entregou o livro para que eu fizesse as ilustrações.
Naquela ocasião eu
lançava também o meu primeiro livro “Vivência e Arte” e, juntas, fizemos o
lançamento de nossos livros.
A trilha das artes se
unia ao despertar de um novo caminho aberto para todos nós como um
deslumbramento.
O “Quinto Lótus” é a
revelação desta descoberta.
A flor de lótus,
símbolo da filosofia do Oriente, é uma flor pura, de rara beleza, que nasce nas
águas turvas e só se abre quando encontra a luz. Seu significado é a subida do Kundalini,
energia espiritual que ascende em todos os que já estão preparados.
O quinto lótus é o
chacra laríngeo, que se abre quando a pessoa já está pronta para divulgar a
mensagem vinda de outras esferas.
Ao longo de sua
trajetória, Célia foi a grande mensageira da espiritualidade em Minas Gerais.
Seus versos e seus
textos se ampliaram pelo mundo através da internet e sua mensagem é aplaudida
em vários países, desde Portugal até a Rússia.
Suas palavras
transmitem o lirismo da poeta que teve sua origem na Escola do Parque.
Fico lembrando os
tempos da Escola Guignard e descubro um retrato de Célia pintado por mim. Guignard
também a retratou.
Célia experimentou
várias formas de arte e sempre me convidava a participar de suas descobertas.
Além da pintura, fizemos juntas aulas de Yoga, dança e canto. Na Yoga fiquei
conhecendo, através de Célia, os mestres da filosofia da Índia, entre eles
Vivekananda, o primeiro a divulgar os Vedas na América.
Célia Laborne Tavares não
viajou pelo mundo, mas seus versos e textos poéticos já são conhecidos e
divulgados nas Américas e na Europa.
Fotos de Kelly Dabés e
de arquivo
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