Esta
exposição POLÍMATAS, sob curadoria de Maria do CarmoVeneroso, Pedro Veneroso,
Marília Andrés e Tânia Araújo merece ser vista.
Percorro
a mostra parando em cada stand no
hall da Reitoria da UFMG, verificando o diálogo entre as diversas propostas dos
artistas.
Logo
na entrada os meus desenhos se desdobram na vitrine como um livro de imagens e
poemas. Procurei integrar alguns poemas da década de 1950 aos desenhos de
agora.
Me
chamou a atenção o livro de Paulo Bruscky com poemas de grande sensibilidade.
Paulo Brusky é um artista de renome internacional que vem trabalhando há muitos
anos com arte conceitual e poesia.
Continuando
meu roteiro na exposição encontrei nas obras de Arnaldo Dias Baptista uma
integração do texto com a música. Arnaldo é músico famoso e agora desponta como
artista plástico de forma nova e criativa. Em suas telas e seus cadernos de
desenho a presença da música é uma constante. Ali, os instrumentos musicais e
as referências aos Beatles, aos Rolling Stones e aos Mutantes fazem uma síntese
da música com a pintura.
O
livro de Jorge dos Anjos nos lembra o tempo da escravidão. Jorge esquenta o
ferro e imprime no feltro marcas de um passado de sofrimento e dor. Ali, nasce
um construtivismo africano, tecido a ferro e fogo, que remete às marcas
agressivas dos colonizadores na pele dos escravos. É interessante a maneira
como esse livro foi apresentado, em diálogo com sua Gravadura bidimensional e o vídeo que mostra o processo de criação
do artista.
Do
outro lado, as fotos de Eymard Brandão mostram as marcas de caminhões impressas
no chão de Minas e lembram o momento crucial que estamos vivendo. Eymard
colocou uma das fotos desse processo dentro de um antigo dicionário que pode
ser consultado ao longo dos tempos.
Todo
um passado recente me veio à memória quando me deparei com o trabalho de Tânia
Araújo que fala de cartas, carteiros e caixas de correios. Lembrei do tempo em
que eu estava na Índia e ficava na expectativa da chegada das cartas da família. Agora, as tecnologias modernas e a
internet deram um salto quântico, acelerando de forma extraordinária o processo
de comunicação.
Com
fotos antigas de família e objetos raros quebrados dentro da vitrine, Maria do
Carmo Veneroso apresenta a quebra da tradição, do conservadorismo e dos antigos
conceitos de arte. Sua apresentação me faz perceber o processo acelerado de
quebra de condicionamentos ao longo da história da arte.
Continuando
a reflexão sobre a quebra de condicionamentos, encontrei na obra de Adriana
Penido uma proposta semelhante. Ali, a artista mostra a importância da leitura,
da biblioteca e da necessidade de ler para crescer. Em seguida, ela contrapõe
livros jogados no chão sujos de barro, destroçados, chamando a atenção para a
cultura arrasada.
Isabela
Prado também fala da destruição dos antigos rios e ribeirões de Belo
Horizonte. Vai às ruas pesquisar as
águas subterrâneas da cidade e mostra um vídeo que liga a música com as ruas e os
rios subterrâneos. Ela faz aulas de violino em cima desses lugares, tocando uma
canção antiga que fala de ruas, de bosques e das danças de roda das crianças.
Este vídeo me faz lembrar a minha infância em BH, onde brincávamos de roda na
rua e catávamos caquinhos de vidro para fazer caleidoscópios. Hoje, esses rios
e ruas não existem mais.
Sara
não tem Nome também fala de rios e de mares, apresentando duas vitrines de
vidro com água: a primeira mostra uma série de garrafas de água mineral e a
segunda um depósito subterrâneo de areia com vários objetos destruídos. A
proposta contém uma denúncia ecológica e vislumbra um futuro fóssil de uma
civilização consumista: tesoura, celular antigo, caderno, mouse de computador,
fita cassete são jogados no mar e depositados na areia. As riquezas seguem para
terras distantes e o que fica é a destruição e a morte.
A
proposta de Fabrício Fernandino vem completar a reflexão sobre a água e o meio
ambiente, salientando a sua importância para a nossa sobrevivência. Denuncia
também o lixo e os plásticos no fundo do mar, através de recortes da palavra ÁGUA
jogados dentro de um aquário.
A denúncia ecológica é uma constante nas
apresentações dos jovens artistas, mostrando as suas preocupações com o meio ambiente e a sobrevivência do planeta.
*Fotos
de arquivo
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TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
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