Estamos na Galeria do Centro Cultural Minas Tênis
Clube, num salão de uma brancura deslumbrante, onde aos poucos vai surgindo a
mostra de Lótus Lobo, conhecida artista de Minas Gerais, gravadora e mestra da
Escola Guignard, onde deixou vários seguidores no campo da gravura.
Antes de entrar para o Atelier de Litografia de
Thais Helt, a Oficina 5, aprendi muito com a gravura de Lotus Lobo. A exposição
nos convida a pensar sobre nossos antepassados, produtores de pequenas
fazendas.
Lotus nos trouxe de Juiz de Fora, de uma fábrica
fechada, as pedras litográficas relegadas ao esquecimento e resgatadas por um
olhar de artista e pesquisadora.
Hoje, na arte contemporânea, os artistas são também
pesquisadores. Eles nos apresentam obras que não são realizadas apenas para
decorar paredes. Suas obras permitem a todos, momentos de reflexão.
Lotus redescobriu a mensagem escondida nas pedras
litográficas e, como gravadora, organizou uma série de quadros, painéis, tendo
como base os desenhos feitos em épocas anteriores. Ela nos conta a história do
nascimento da era industrial em Minas Gerais.
Os desenhos fazem lembrar a art-nouveau de
inspiração europeia, adaptados para uma divulgação muitas vezes ingênua, mas de grande valor publicitário.
Os pequenos fazendeiros de Minas Gerais, fabricantes
de uma manteiga de qualidade, chegaram a exportá-las para outros países em grandes latas com desenhos sugestivos.
Algumas latas vinham com nomes de mulheres: Odete, Juracy, Cidinha, Maria de
Lourdes, etc.
Percorrendo a exposição aprendi muito da história de
Minas, através dos fazendeiros que usaram a era industrial para mostrar ao mundo que Minas Gerais não é somente um estado de
riquezas extraídas da terra. Minas também produz um leite de qualidade, e é
deste leite, retirado de nossas vaquinhas que se fabricou manteiga vinda de
várias regiões, inclusive de Entre Rios de Minas. E os queijos, tão apreciados
por todos nós.
Saí da exposição motivada para visitar os pequenos
produtores do nosso queijo.
E não é preciso ir longe. Muito perto de mim, na
fazenda Luiziana, o Euler, meu filho, está se dedicando com o maior carinho a
esta produção. Decidi ir visita-lo no
local de trabalho para aprender um pouco com este artista que, de forma
modesta, sem grande publicidade, tem produzido um queijo artesanal que recebo
em minha casa semanalmente.
Parabéns à artista Lotus Lobo que, com sua exposição
de alto gabarito, foi nos conduzindo para dentro de nós mesmos, em nossas
terras, para aprender com os mais jovens um artesanato rural de grande valor
para nossa saúde.
Amanhã devo ir à fazenda e vou conhecer esta fábrica
de queijo que até hoje não pude visitar.
*Fotos de Ivana Andrés
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