segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

EXPOSIÇÃO DE LÓTUS LOBO


Estamos na Galeria do Centro Cultural Minas Tênis Clube, num salão de uma brancura deslumbrante, onde aos poucos vai surgindo a mostra de Lótus Lobo, conhecida artista de Minas Gerais, gravadora e mestra da Escola Guignard, onde deixou vários seguidores no campo da gravura.

Antes de entrar para o Atelier de Litografia de Thais Helt, a Oficina 5, aprendi muito com a gravura de Lotus Lobo. A exposição nos convida a pensar sobre nossos antepassados, produtores de pequenas fazendas.

Lotus nos trouxe de Juiz de Fora, de uma fábrica fechada, as pedras litográficas relegadas ao esquecimento e resgatadas por um olhar de artista e pesquisadora.
Hoje, na arte contemporânea, os artistas são também pesquisadores. Eles nos apresentam obras que não são realizadas apenas para decorar paredes. Suas obras permitem a todos, momentos de reflexão.

Lotus redescobriu a mensagem escondida nas pedras litográficas e, como gravadora, organizou uma série de quadros, painéis, tendo como base os desenhos feitos em épocas anteriores. Ela nos conta a história do nascimento da era industrial em Minas Gerais.

Os desenhos fazem lembrar a art-nouveau de inspiração europeia, adaptados para uma divulgação muitas vezes  ingênua, mas de grande valor publicitário.
Os pequenos fazendeiros de Minas Gerais, fabricantes de uma manteiga de qualidade, chegaram a exportá-las para outros países  em grandes latas com desenhos sugestivos. Algumas latas vinham com nomes de mulheres: Odete, Juracy, Cidinha, Maria de Lourdes, etc.

Percorrendo a exposição aprendi muito da história de Minas, através dos fazendeiros que usaram a era industrial para mostrar ao mundo  que Minas Gerais não é somente um estado de riquezas extraídas da terra. Minas também produz um leite de qualidade, e é deste leite, retirado de nossas vaquinhas que se fabricou manteiga vinda de várias regiões, inclusive de Entre Rios de Minas. E os queijos, tão apreciados por todos nós.
Saí da exposição motivada para visitar os pequenos produtores do nosso queijo.

E não é preciso ir longe. Muito perto de mim, na fazenda Luiziana, o Euler, meu filho, está se dedicando com o maior carinho a esta produção.  Decidi ir visita-lo no local de trabalho para aprender um pouco com este artista que, de forma modesta, sem grande publicidade, tem produzido um queijo artesanal que recebo em minha casa semanalmente.

Parabéns à artista Lotus Lobo que, com sua exposição de alto gabarito, foi nos conduzindo para dentro de nós mesmos, em nossas terras, para aprender com os mais jovens um artesanato rural de grande valor para nossa saúde.

Amanhã devo ir à fazenda e vou conhecer esta fábrica de queijo que até hoje não pude visitar.

*Fotos de Ivana Andrés

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