Dou continuidade ao artigo "Fluxus", que escrevi para o jornal "O Estado de Minas".
“Fluxus”
pode ser considerado exemplo da busca do humanismo na arte. Segundo a
apresentação da exposição, “Fluxus”
nasceu em 1961, a partir da liderança do lituano George Maciunas, tendo como
origem a rejeição aos valores que cercavam as “artes eruditas” e o caráter
comercial que dominou o mercado internacional de arte após o fim da Segunda
Guerra Mundial. “Fluxus” foi o último
grande movimento coletivo de artistas em torno de ideias de transformação da
cultura e da sociedade. Maciunas dinamizou o movimento de contracultura,
valorizando a criatividade que existe em qualquer ser humano.
O descondicionamento de
receitas e fórmulas que aprisionam a arte e a mudança dos valores tradicionais
permitiram que aquele movimento se estendesse às pessoas comuns, sem qualquer
ligação com críticos, marchands ou professores de arte. Maciunas escreveu um
manifesto verificando no dicionário o significado da palavra “fluxo”
selecionando todas as definições que tinham conotações de mudança, purificação,
fluidez e fusão.
Participaram daquele
movimento artistas como Yoko Ono, George Brecht, John Lennon, Roberts Morris,
Joseph Beys e vários outros, que integraram festivais, debates e exposições.
A mensagem de “Fluxus” ultrapassou as fronteiras da
Europa.
Havia no mundo a
necessidade de protestar contra o consumismo, o imperialismo e as guerras,
contra o massacre de inocentes e o crime organizado em forma de poder.
Quem contempla a
exposição pode sentir a denúncia explícita dos grandes criminosos de guerra do
nosso tempo, sedentos de expansão. George Maciunas lançou sua denúncia contra a
violência, os massacres realizados pelos nazistas na Europa, o genocídio dos
índios americanos pelos espanhóis e o sofrimento da população civil na guerra
do Vietnã.
Ao mesmo tempo que
denunciou a opressão como impressionante bandeira da morte, também levantou a
bandeira da paz, com o incentivo ao budismo zen e às práticas de meditação. A
meditação busca o ser interno e a intuição que está além da mente fragmentada.
O budismo zen não é uma religião, mas incentiva um modo de viver criativo e
espontâneo. Chegando aos EUA na década de 60, as práticas de meditação ganharam
adeptos em vários artistas da Action Painting ou expressionismo abstrato e nos
jovens que largaram o conforto das famílias, o consumismo e os bens materiais
para viverem em comunidade.
Os Beatles trouxeram da
Índia práticas de meditação e, através da música, divulgaram sua mensagem de
“paz e amor”. Era necessário vivenciar o “agora”, o eterno presente”, e saber
viver de forma simples e despojada.
A importância dos
movimentos de contracultura está no fato de que eles promovem mudanças no
comportamento passivo da sociedade, abrem indagações, despertam novos
horizontes.
“Fluxus”
me fez refletir mais uma vez sobre a capacidade intuitiva dos movimentos
artísticos que, movidos por um impulso energético universal, buscam a
libertação da violência e a harmonia planetária.
*Fotos da internet
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