segunda-feira, 18 de junho de 2018


PINTURA MODERNA XI


 Poética e lírica, romântica e sensual, a tendência figurativa ressurge em ritmo paralelo às correntes abstratas. Entretanto, no mundo em que vivemos dominam as ideias contraditórias. Ao mesmo tempo que se preconiza para o artista a liberdade completa, a "optical art" procura reconduzi-lo à disciplina intelectual.
         Baseada nos mesmos princípios construtivos da Bauhaus, a "op art" se desenvolveu ao lado das pesquisas concretistas.
         A sua característica principal é a ilusão de movimento (arte cinética).
         A pintura cinética abriu uma nova dimensão nas artes plásticas. Um de seus princípios é a integração com a ciência, tentando através da ilusão de movimento transportar para a arte as forças e a ordem do mundo físico.
         Vasarely, um de seus maiores artistas, não vê antagonismo entre a arte e a ciência. Para ele, "pintar é sempre uma necessidade interior, mas pretende dar à arte uma ciência. Arte e ciência são postas à disposição do homem para proporcionar-lhe alegria e harmonia".
         Assim, na sua incessante busca da beleza, o homem vai descobrindo novas formas e novos caminhos.
         O esforço humano nunca é um gesto isolado. Seu eco se faz ouvir através dos tempos. A arte é a síntese, a interpretação das experiências do artista, de suas descobertas e derrotas, com as descobertas e derrotas de uma civilização, de uma sociedade. É a soma das realizações pessoais, com todo um acervo de ideias e experiências que representam uma cultura.
         O artista é um fruto de sua época. Naturalmente, vivendo e participando das experiências alheias, ele transmitirá a inquietação de seu tempo em seus trabalhos. Não será nunca um retrógrado, um porta-voz de seus antepassados.
         Ele é a síntese de seus contemporâneos e, justamente por viver e sofrer os problemas da vida moderna, por usar o telefone e assistir à televisão, por se transportar de avião e se interessar pelos satélites artificiais, espontaneamente, sem que ninguém lho imponha, ele se manifestará, também, de um modo atual correspondente aos avanços da civilização.
         Nunca poderá ser uma reencarnação de Rembrandt ou Ticiano. Suas vidas foram marcadas de modo diferente, suas experiências são outras.
         Ele tem a possibilidade, que outros não tiveram, de estar a par de tudo o que se passa na Europa, na Ásia, na América, de todas as notícias do que se faz de mais avançado no mundo. Isto de certo modo o modifica, torna-o mais universal.
         Fazemos parte da humanidade toda, de um modo muito mais vivo que os homens de antigamente, que ignoravam, por completo, os acontecimentos do resto do mundo. (Trecho do meu livro “Vivência e Arte”, editora Agir, 1966)
Este texto, escrito na década de 60, quando ainda não existia o computador, celular, internet, what zap, etc, de certo modo já estava anunciando a chegada de todos esses recursos.

*Fotos da internet

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segunda-feira, 11 de junho de 2018


ARTE ANÔNIMA


A grandeza do homem e sua necessidade de superar limitações, está impressa nas obras de arte que o passado nos trouxe, muitas vezes de artistas desconhecidos. 

Artistas anônimos construíram as catedrais da Idade Média, o esplendor dos templos orientais, a monumentalidade da escultura mexicana. Tentando alcançar a realidade além da existência finita, mãos humanas se dedicaram ao trabalho de esculpir, gravar e erigir templos aos seus deuses e ídolos. 

O trabalho artístico aproximava-os da divindade, purificando-os da existência terrestre com suas contradições e sofrimentos.

Procuramos nos concentrar no ato de modelar. Experimentamos com as mãos o contato com a terra, a argila de onde todos nós viemos.

O contato com a argila é forma de integrar corpo, emoções  e mente, e a modelagem é usada muitas vezes como forma de terapia.

O próprio ato de amassar o barro, nos traz um estado de harmonia e paz, uma religação com a terra da qual fazemos parte. A modelagem é forma de reeducar os sentidos, afim de perceber o universo de forma direta, sem as interpretações, opiniões e conclusões da mente.

O que nos impede de sentir o mundo que nos cerca é o constante movimento da mente em torno de nossos pequenos problemas pessoais, de nossos condicionamentos. 

Enxergamos através do conceito, da imagem mental que temos das coisas. Estamos sempre procurando palavras para traduzir o que sentimos. Raramente escutamos o que os outros falam, porque vivemos ligados ao nosso próprio ego, às nossas emoções e ao intelecto.

Estamos em diálogo constante e ininterrupto conosco mesmos, com nossos conceitos, conhecimentos, leituras, considerações, memórias.

O passado está sempre interferindo no presente, e o presente torna-se passado, sem que o tenhamos vivido. Viver plenamente é ver, escutar e sentir cada instante de forma total e não fragmentada. O despertar sensorial aumenta a percepção da realidade, do aqui e agora, aquietando os pensamentos e tensões.

*Fotos da internet

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segunda-feira, 4 de junho de 2018


PINTURA MODERNA X


O campo tem sido vasto para a arte abstrata.

         Os artistas procuram muitas vezes sua fonte de inspiração no mundo orgânico, aproximando-se dos ritmos e das formas que a natureza oferece. Um muro gasto pelo tempo propõe uma paisagem fantástica, diferente; um tronco de árvore, cortado ao meio, é um universo de formas e ritmos.

         A natureza é inesgotável. O mundo das formas naturais não é apenas aquele que enxergamos a olho nu. Existe o mundo da ciência do microscópio, onde formas abstratas movem-se como os "mobiles" de Calder, organizando em ritmos inesperados e surpreendentes. A ciência oferece à arte um campo vastíssimo de sugestões novas e o artista contemporâneo não lhe é indiferente.

         O abstracionismo é a corrente que mais fortemente se vê atingida pela influência cósmica que hoje domina as pretensões científicas do homem.

         É como que uma antecipação através da arte, das descobertas que se aproximam, no terreno misterioso e quase virgem da conquista de outros planetas.

         A pintura "tachista", sublinhando a proeminência do gesto, reflete uma ânsia incontida de liberdade, de negação a toda e qualquer disciplina.

         Em situação intermediária entre o abstracionismo e o figurativismo encontram-se tendências que procuram tirar da natureza motivação para suas abstrações. Seguem uma linha paralela à imagem, sem relação de dependência dela. Seus quadros evocam alguma paisagem, às vezes facilmente identificada pelo público, mas que vale apenas como força de sugestão para o artista se manifestar pictoricamente.

         Esta tendência que vem subsistindo desde muitos anos em artistas internacionais como Feineinger, Vieira da Silva, Duchamp e outros, volta, agora, desvendando paisagens imaginárias e fantásticas como um retorno muito livre e independente do artista à natureza.

         Rompe-se a linha divisória que limita e separa uma técnica de outra.
         Procura-se uma forma viva e orgânica que não obedeça a regras preestabelecidas.

         O desenho penetra nos domínios da pintura e da gravura, e as técnicas de relevo são aproveitadas para um enriquecimento maior das soluções de pinturas. Novos materiais começam a ser usados como motivação para uma nova tendência de arte.

         Há como que um clamor uníssono, brotado de todos os cantos da terra em favor da emancipação total dos meios de expressão do artista. (Trecho do meu livro “Vivência e Arte”, editora Agir, 1966)

*Fotos da internet

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