segunda-feira, 12 de março de 2018

ARTE E MEDITAÇÃO II


Os artistas, despertando a intuição, muitas vezes se assemelham aos místicos. Nos momentos de inspiração, quando a mente se aclara num relâmpago e as ideias jorram espontâneas, sem medidas impostas pela razão, percebemos também o encontro com a realidade interna procurada pelos yoguis. 
Meditação e criatividade são formas de descoberta interior. Meditamos de certo modo quando nos empenhamos num trabalho de arte, despertando energias desconhecidas. 
O artista, quando cria, traz à tona não somente o que está em seu inconsciente, mas reflete o inconsciente coletivo, universal. Segundo Jung, “O segredo da criação e da eficácia artística consiste em mergulhar de novo no estado original de participação mística”. 
Realmente, o impulso místico que levantou as catedrais da França, os templos de Bangkok e da Índia, que esculpiu a serenidade dos Budas e a expressividade dos santos barrocos, não poderia faltar em nossa civilização. A sensibilidade espiritual do homem coloca-o num plano de comunicação universal. O poeta, o músico, o artista plástico, o arquiteto, quando mergulham em planos mais sutis, encontram a claridade que ilumina todos os homens.
O exercício da criatividade é a forma de encontro do ser humano consigo mesmo. A realidade interna que podemos também denominar de intuição não está lá fora, mas dentro de nós. Gandhi referiu-se a ela como voz interior. Procurou escutá-la na meditação e trazer à tona a sabedoria que estava mergulhada no silêncio. Este despertar da intuição não é uma fuga, mas o encontro com a verdadeira realidade - aquela que ultrapassa as fronteiras do tempo e se projeta no infinito.

O desenvolvimento de todas as potencialidades humanas no campo espiritual é uma necessidade no mundo de hoje e está ao alcance de qualquer um. O encontro do ser humano consigo mesmo, seja através da meditação, da arte ou do trabalho, constitui forma de equilíbrio indispensável para a sua integração. 
O homem total é aquele em que corpo e alma se harmonizam. Nosso contato com as forças eternas, que pertencem à natureza e aos seres vivos, não depende do que somos, de onde nascemos e nem dos meios de comunicação modernos; não depende do dinheiro, da fama, da instrução, nem da publicidade. 
Os anseios do homem são os mesmos, quando eles se voltam para o seu interior à procura da claridade que liberta. Variam apenas os condicionamentos que mudam os aspectos exteriores; variam os caminhos, mas a finalidade é a mesma: o despojamento do supérfluo e o encontro com a verdadeira sabedoria.

Fotos da internet

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