segunda-feira, 10 de julho de 2017

PRÊMIO ABCA – 2016

Recebi esta carta da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), convidando para a cerimônia de entrega dos prêmios aos artistas, críticos e curadores que se destacaram em 2016.

Transcrevo abaixo a carta que me enviaram.

Cara Maria Helena Andrés,

Foi com muita tristeza que recebemos a notícia de que não poderás ir a cerimônia de entrega do prêmio Destaques ABCA, receber o troféu que te corresponde. Seria uma oportunidade de que muita gente do Brasil conhecesse pessoalmente esta artista de 94 anos, tão ativa e produtiva, um modelo para todos nós.
Não te respondi antes, pois estive muito atrapalhada com mil coisas de uma exposição seminário e livro de comemorações dos 25 anos do PPG Artes Visuais da UFRGS.

Um grande abraço
Maria Amelia Bulhões.

Como não foi possível comparecer, enviei para ela a carta abaixo.

Prezada Maria Amélia ,

Sua carta, muito afetuosa, me comoveu profundamente. A minha presença em São Paulo durante a homenagem seria para mim um motivo de glória. Ali eu poderia encontrar amigos, conhecer pessoas brilhantes que também estarão recebendo esta importante premiação.

Estarei ausente, mas, muito perto de vocês neste momento.  Devido a minha idade, muitas vezes não posso estar presente às comemorações, mas tenho certeza que minha filha Marília me representará e ao Instituto Maria Helena Andrés, da qual é presidente.
Agradeço de coração a todos aqueles que me julgaram merecedora deste prêmio e gostaria de recebê-los aqui em Belo Horizonte a fim de trocarmos ideias sobre arte. Meu Instituto está localizado em Brumadinho muito próximo a Inhotim. 

Lembro-me das mudanças ocorridas no Brasil com o impacto da Primeira Bienal de São Paulo. Formávamos em Belo Horizonte um grupo independente de artistas ligado a São Paulo e constituímos a vanguarda das artes em Minas.

Aprendi muito com as grandes mostras internacionais e a possibilidade de visualizar de perto exposições retrospectivas de Picasso, Klee, Kandinsky, Mondrian, Braque, Matisse e muitos outros. Todas elas constituem o meu acervo de memórias e vivências inesquecíveis.

Meus amigos daquela época, que buscavam uma nova linguagem nas artes do Brasil, já não estão aqui. Lembro-me dos encontros promovidos por Milton da Costa e Maria Leontina. Devo a eles incentivo e apoio às mudanças direcionadas para a arte construtiva. O grupo de Minas, herdeiro do mestre Guignard, buscava uma linguagem nova, na ruptura do figurativo para o abstrato.

Para uma artista residente nas montanhas, afastada geograficamente do  eixo Rio/São Paulo, a possibilidade de percorrer as grandes mostras da Bienal e participar das palestras de Mario Pedrosa, Lourival Gomes Machado e vários outros críticos e pensadores, foi fundamental e gratificante. Eu sempre voltava para Minas muito enriquecida e isto promovia mudanças na minha arte.

Aos conhecimentos aprendidos eu incorporava o fazer artístico paciente e ininterrupto. Registrava, em folhas de papel e em cadernos hoje amarelecidos pelo tempo, o meu itinerário de artista. Até hoje eles existem e já se transformaram em esculturas e colagens, recordando a fase  construtiva.

Todas essas anotações estão sendo registradas num filme organizado pelo Instituto Maria Helena Andrés em parceria com a UFMG. Este filme é um relato da minha trajetória e convido a todos para assisti-lo em breve.

Também estendo meu abraço afetuoso a todos que estão recebendo homenagens e prêmios nessa grande celebração.

Abraços,
Maria Helena Andrés.

*Fotos de Manuel Rolim Andrés, Eliana Andrés e do arquivo da ABCA





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