segunda-feira, 3 de julho de 2017

O BRANCO DO MUNDO

“Bem vindo ao Teatro Nossa Senhora das Dores. Quem roubou o branco do mundo?”

Uma turma de crianças sai na maior algazarra, outros entram.

Sentamos no fundo, atrás das crianças. Esta peça já viajou, percorreu cidades no Brasil e foi montada em Portugal. A peça foi escrita por Luciano Luppi há 32 anos atrás, e nesta montagem do grupo Aldeia Comunicação e Arte tem um elenco composto por 8 atores.

A peça começa com a participação de todas as crianças. O diretor Paulo Lobo, ao microfone, indaga: “Quem roubou o branco do mundo?”

As crianças fazem silêncio aos poucos, as luzes se apagam e as cortinas vão se abrindo. Todos cantam.

Vejo um grande painel com biombos coloridos. Cada biombo representa uma cor e as cores se movem. Os personagens também são cores. Da última fileira vou apreciando o movimento das cores e das crianças, Carlinhos e Duda, em busca do branco. O branco do mundo desapareceu. Quem roubou o branco do mundo? Em torno desta busca a peça se desenrola. Cores diversas se movimentam, cantam, dançam, sobem e descem dos blocos de cores colocados no chão. Estão numa fábrica de tintas e competem umas com as outras em busca do sucesso.

Há dois personagens principais, os outros são cores em forma de gente, gente em forma de cores.

Às vezes vejo o Oriente nos leques, nos biombos, nas sombrinhas. Apenas vejo e sinto a beleza e a leveza da peça. Cantam os atores, canta a plateia, as crianças participam, vibram, ninguém sabe onde está o branco.

No centro do palco, um círculo mostra o famoso disco de Newton com todas as cores. O disco deve rodar para mostrar aos jovens, de forma criativa, uma das descobertas da ciência. De acordo com a velocidade, as cores vão desaparecendo, para surgir o branco. Na realidade, todas as cores contêm o branco. É só rodar o disco para ver. 

Quando as cores enxergam o branco no disco de Newton, elas compreendem que o branco é luz e não pigmento. E que cada uma tem a sua luz interna. É só se darem as mãos para voltar a existir o branco, para voltar a paz e a harmonia.

Se as cores
nos chegam
 em forma
de dores
Por que lamentar?
Coloque essas
Cores
No disco
De Newton
E deixe
Girar.
E gire.
Girando
A dor
 Vai passar.

*Fotos de arquivo


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