Dizem
que a casa
É
o corpo
Outros
falam
Que
o corpo é a casa.
Eu
simplesmente
Paro
E
escuto a voz do meu corpo.
Ele
fala de mansinho
Ninguém
escuta
Mas
eu sinto
O
desconforto
De
uma tinta
Já
mudei do óleo
Para
o acrílico
Cortei
a cor.
Cortei
o gesto agressivo
Movido
pela emoção
De
sentir coisas
Erradas
acontecendo
Ou
o gesto vagaroso
Sensual
ou sensível
De
madrugadas violetas
Das
flores se abrindo
Dos
poentes vermelhos
Laranjas,
rosas, verde bem claro
Azul
violeta, amarelos
Cidades
imaginárias
Castelos
nas nuvens.
O
corpo sente, se emociona
E
chora
(Escuto
a voz da Ivana cantando
“Solamente una vez”
E
me lembro do Luiz
Ele
incentivava os filhos
A
serem artistas
E
todos são artistas)
Volto
ao corpo
Ao
ouvir a música do filho e do neto
A
flauta chega aos ouvidos
Chega
aos olhos
Chega
às mãos
A
tinta entra pelas
Unhas,
entra no corpo
O
amarelo cádmio
Azul
de cobalto
Cores
venenosas.
Meu
corpo sentiu
Parei
de usar cores
Entrei
na dieta do
Preto
e branco
Que
era mais fácil
Mais
direta.
A
emoção chegava
Diretamente
vinda do
Pincel
ou da esponja.
Esponja
de pedreiro
Escovão
de faxineira.
Entrei
para uma
De
dona de casa e artista.
Pincéis?
Nunca
mais!
Apenas
o preto e o branco.
Lembrei-me
da minha
Fase
de papel veludo
Sempre
pintada nas
Viagens
pela América.
Fizeram
tanto sucesso!
Acabaram
com o tempo...
Agora
ressurgiram de outra forma
Pintar
com esponjas
É
mais direto, mas a
Tinta
entra pelos dedos.
Meus
dedos doem
Meu
corpo dói.
“O
corpo fala”, dizia
Pierre
Weil.
Sim,
o corpo fala
Já
dói nas costas
Os
dedos sentem.
Parar
de pintar?
Não.
Parar
de usar tintas
Que
poluem.
Voltar
aos tempos do
Desenho
em nanquim
Nos
pequenos cartões.
Vou
me distraindo e o tempo vai passando.
Vou
desenhando sem parar
Tudo
pequeno
Distribuo
os desenhos.
Não
vendi nenhum!
Volto
aos tempos
Em
que eu desenhava
Sem
parar
Seguindo
simplesmente
O
desejo de criar.
De
repente percebo que as
Mãos
doem, as costas também.
Vou
ter que parar?
Nunca!
Vou
fazer outras coisas
Com
as mãos
Pobres
mãos...
Não
podem ficar à toa
Contemplo
as montanhas
Olho
a paisagem
É
a minha forma de
Meditar
– ver, observar, sentir
Depois
volto ao trabalho.
Só
uso papel.
Sinto
falta das cores
Uso
papel colorido
Deixei
os pincéis, as esponjas
As
tintas.
Agora
é a tesoura e o
Papel
Só
recorto e colo.
Às
vezes faço esculturas de papel
Brancas,
pretas, coloridas.
Vou
produzindo.
Quando canso,
descanso.
Assim
é a vida.
Sentir
o corpo
Ele
fala conosco
“body
talk”
Não
é que dá certo?
O
corpo fala, adivinha, alerta.
Escuto
a voz do corpo, é sempre a direção
Mais
certa.
As
mudanças não
Importam,
acontecem.
A
vida é uma constante mudança
Vou
seguindo a voz
Do
corpo até um dia
Parar.
*Fotos
de arquivo
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TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA
Artista craque é assim: ocorpo leva pra lá, a criatividade vai. Pra cá, ela também vem. Não pode ser assim, então será de outro modo. Não tem fim. É tudo é bom, tudo é bonito!
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