No dia 19 de abril de 2017 recebi o título de
professora Emérita da Escola Guignard em solenidade no Auditório da Escola.
Emocionante sentir o carinho com que fui recebida, o entusiasmo e alegria de
seu jovem diretor Adriano Gomide. A vice diretora Lorena me entregou um buquê
de flores, previamente composto tendo como referência um quadro de Guignard.
Eu olhava para aquelas flores, de cores variadas,
com um girassol à frente, exatamente como a tela do mestre e me lembrava da
alegria e espontaneidade de Guignard, transmitindo a seus alunos o seu
entusiasmo pela arte. O importante não era seguir o mestre copiando suas telas,
mas com o seu incentivo, descobrir o próprio caminho. Desvendar a beleza dos
céus de Minas, descobrir anjos e guerreiros nas nuvens, observar os muros
velhos, as pedras, as sombras que desenham novas formas. Sob sua orientação
pude me libertar de minha formação acadêmica, para me abrir para um itinerário
próprio, mais condizente com o meu temperamento.
Recebi a homenagem pelos serviços prestados à
cultura de Minas Gerais, assim estava escrito no diploma. Ladeada pelo
representante do reitor da Universidade de Minas e do diretor da Escola, tendo
também ao meu lado minha filha Marília Andrés, presidente do IMHA (Instituto
Maria Helena Andrés), participei da entrega solene do diploma.
O momento mais emocionante aconteceu quando cantamos
de pé o Hino Nacional, pois senti que o hino é uma forma de unir todos numa só
vibração.
Em seguida Adriano Gomide subiu até um pequeno
púlpito destinado aos congressistas e disse palavras que merecem toda a minha
gratidão.
Era necessário que eu também falasse, e pronunciei
ali um improviso, lembrando a criação da escola, considerada a vanguarda
mineira da época, e o título dado à Guignard pelos intelectuais do Rio de
Janeiro e São Paulo, como o melhor professor de arte do Brasil. Os fatos do
passado nos conduzem a um início que merece ser lembrado.
“Guignard reviveu de maneira quase única o antigo
mestre, figura desaparecida nos tempos modernos. Atualmente, o ensino se
distribui em diversas cátedras, com horários marcados e contato reduzido do
professor com os alunos. Anteriormente às academias de Belas Artes, o mestre -
fosse ele filósofo ou artesão - trabalhava lado a lado com seus aprendizes e a
eles se misturava, sem preocupação de superioridade, desejando apenas
transmitir experiências. Assim foi Guignard, o mestre moderno, que ensinava uma
arte de vanguarda, não ditava leis, mas fazia o aluno descobrir o equilíbrio e
a proporção no próprio trabalho, sem demonstrações dogmáticas (...) Mais do que
ninguém, Guignard conseguia vislumbrar a coisa nova, a individualidade que se
revela na variedade de temperamentos humanos, agora estudados com grande
interesse à luz da psicologia moderna. Observações feitas à margem de um
catálogo, referindo-se às tendências de cada aluno em particular, revelam esse
senso profundo para descobrir vocações e conhecer temperamentos.” (Trecho do
meu livro “Os Caminhos da Arte”, Editora COM/ ARTE, 2015)
A Escola passou por momentos de grande pobreza, mas a
chama do entusiasmo continuou através das gerações. Agora temos um prédio
maravilhoso no alto das Mangabeiras, com vista para a cidade de Belo Horizonte.
Lembrei a generosidade de Priscila Freire doando seu
sítio na Pampulha para ser acrescentado ao patrimônio da Escola.
No momento a escola que pertence à UEMG (Universidade
estadual de Minas Gerais) abriga 500 alunos e esperamos que a criatividade do
mestre Guignard seja um ponto luminoso que nunca será esquecido.
Em seguida ao meu discurso, textos do meu livro “Os
Caminhos da Arte” referentes ao mestre Guignard, foram lidos por Ivana Andrés.
Houve um pronunciamento sobre arte na educação feito pelo
representante do reitor e para terminar, uma apresentação de música pelos
flautistas Artur e Alexandre Andrés.
Escutar com atenção os flautistas interpretando uma
página de Schultze, foi realmente um final maravilhoso para a solenidade.
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”,
CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário