Dando
continuidade ao depoimento de Artur Andrés sobre os pensamentos de Gurdjieff,
transcrevo o texto abaixo:
“Segundo
Gurdjieff, a fala é uma dassituações em que somos mais inconscientes. Na maioria das
vezes, nos esquecemos de que falar éalgo tão contundente quanto uma ação
física. Não é à toa que, empraticamente todas as tradições espiritualistas, o
silêncio é considerado umaferramenta valiosa. Por exemplo, uma das principais
causas de vazamentode nossa energia é a expressão repetida de emoções
negativas. Como
aquelas pessoas que estão sempre
reclamando detudo. Se o tempo está nublado, a pessoa reclama da chuva, se faz
sol,reclama do calor, e por aí vai. É muito importante prestar atenção quando
dizemos alguma coisa dessas, expressando inconscientemente essas emoções
negativas, e ver o efeito que isso gera em nós, pois o efeito é só
um: perda de energia.
Uma das frases mais emblemáticas
de Gurdjieff é esta: “Não há
injustiça no mundo”. Quando se
tenta compreender isso, começamos a
perceber que toda e qualquer
situação da vida, cada evento por que
passamos, acontece exatamente
como tem que acontecer. Se quisermos
mudar o curso de nossa vida,
precisamos conhecer as forças que atuam
sobre nós e, a partir dessa
consciência, criar meios de nos libertarmos
dessas forças ou, pelo menos, de
conseguirmos vê-las, pois a visão já é uma
porta para a liberação interior.
Segundo Mikhail
Naimy, em seu “O Livro de Mirdad”, este é o caminho que leva à liberação das
preocupações e da dor:
“Pensai como se
cada um de vossos pensamentos tivesse de ser gravado a
fogo no céu para
que todos e tudo o vissem. E, verdadeiramente, assim é.
Falai como se o
mundo todo fosse um único ouvido, atento a escutar o que
dizeis. E,
verdadeiramente, assim é.
Agi como se
todos os vossos atos tivessem de recair sobre vossa cabeça. E,
verdadeiramente,
assim é.”
Em
relação a essa liberação interior, até agora falamos de uma busca
que a
pessoa realiza por si mesma.
Para a
educação de jovens e crianças, Gurdjieff sugere que os jovens sejam preparados
para enfrentar os embates do cotidiano de uma forma diferente da que vem
ocorrendo em nossa cultura, em que a educação fortalece muito o aspecto da
comodidade,
dos pais tentando ao máximo
proteger os filhos dos desafios da vida. O
resultado disso, como se vê, é
uma geração de jovens desconectados da
realidade.
Em oposição a isso,
Gurdjieff incentiva a educação através do contato com as várias faces da existência.
Muita coisa ele aprendeu com o próprio pai.
Ele o
levava para tomar banho nas águas geladas do inverno russo. Outras pessoas
contam como, aos seisanos de idade, se criavam situações para elas trabalharem
o medo. O pai deuma criança a levava para acampar na floresta e, chegando lá,
dizia:
“Vamos fazer uma fogueira, pois
aqui tem muitos lobos, mas eles não se
aproximam do fogo. Assim, se você
mantiver o fogo aceso, não tem
perigo”. Mas logo o pai sumia e,
por mais de uma hora, a criança ficava
sozinha, cuidando de manter o
fogo aceso. Claro, o pai estava por perto,
vendo tudo de trás de uma árvore,
mas, para a criança, era todo um
processo de descoberta da atenção
e da coragem .” (Trechos da entrevista de Artur
Andrés com Lauro Henriques Jr, publicada no livro “Palavras de Poder”, vol 1,
Editora Alaúde)
* Artur Andrés Ribeiro é doutor em música pela
UFMG, onde leciona. É um dos fundadores do grupo Uakti e já trabalhou com
Milton Nascimento, Paul Simon e Philip Glass. É um dos coordenadores do
Instituto Gurdjieff de Belo Horizonte.
*Fotos
da internet
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