Conheci Padre Inácio na
década de 70.
Ele viera do Oriente e
passara algum tempo no deserto, entre os beduinos. Sua presença em Belo
Horizonte reuniu grupos de pessoas interessadas no despertar espiritual. Muitas se acercavam
dele buscando conforto para conflitos pessoais, cura de doenças e até o
exorcismo de espíritos maus. Padre Inácio a todos atendia com amor e compaixão.
Muitas vezes fui
chamada para ajudá-lo em cerimônias de cura: “Você é sensitiva, coloca a mão na
cabeça do paciente e eu dou a benção.”
Os padres do deserto
têm de exercer muitas vezes a função de médicos e curandeiros. O deserto atua
de forma direta nas pessoas sensíveis, conduzindo-as a um completo despojamento
do supérfluo e possibilitando maior abertura de consciência.
O deserto obriga a
pessoa a usar o mínimo necessário para sua sobrevivência e, de certo modo, é
uma iniciação espontânea e natural. As culturas primitivas buscavam no silêncio
e no contato da natureza a percepção direta da Realidade Suprema.
A experiência
culminante é a tomada de consciência de nossa origem cósmica.
Padre Inácio entrava em
êxtase quando consagrava a hóstia e seu rosto resplandecia ao levantar o
cálice.
Vinha gente de longe
para participar daquele momento abençoado. Depois da missa ele atendia aos
fiéis.
Sentávamos numa sala
pequenina e ali ele ia aconselhando e trazendo conforto. Meus tios vieram do
Rio para conhecê-lo. Tinham acabado de perder o filho de forma trágica. Padre
Inácio conversou com os dois e elogiou muito o trabalho social que faziam.
Meu filho Euler, que
tinha 18 anos na época, veio nos pegar de carro. Quando ele apareceu à porta,
minha tia comentou em tom de censura: “Padre, o senhor já viu um rapaz dessa
idade com cabelos compridos?” Respondeu o padre: “Já vi sim, Nosso Senhor Jesus
Cristo”.
Padre Inácio não tinha
preconceitos, era ecumênico, abençoava casais que iniciavam um novo casamento,
organizava grupos de reisado e congado.
Sua presença em Belo
Horizonte veio acelerar o processo de integração de culturas.
No livro “Padre Inácio,
vida, missão e curas”, há uma introdução de Pierre Weil.
“Mensagens de Padre Inácio vinte anos depois de sua morte - um
testemunho de Pierre Weil:
"Como relatei no meu livro, “Lagrimas de compaixão”, tive
a felicidade de conhecer meu amigo Amyr Amiden, um sensitivo extraordinário,
descendente de árabes e sujeito às experiências místicas, cuja intensidade
afeta o seu coração, tal como o padre Inácio Farah. Há muitos anos eu assinalei
estas semelhanças para o próprio Amyr.
Após mais de uma década,
desde o nosso primeiro encontro, por ocasião de uma visita na minha casa, Amyr
foi o canal de um especial fenômeno que presenciamos: o aparecimento de hóstias
nas paredes de minha sala de estar. Descobrimos que uma das hóstias foi alojada
num retrato do padre Inácio, tirado em Belo Horizonte, pelo meu amigo que é
arquiteto ambientalista, Maurício Andrés. O retrato estava pendurado na parede
de meu quarto de meditação e representava o padre Inácio, elevando uma patena
durante a missa, como mostra a foto da capa deste livro. A hóstia tinha sido
alojada exatamente no lugar correto, em cima da patena, como mostra a foto a
seguir. Na porta do meu quarto de meditação apareceu um coração feito de óleo,
divinamente perfumado.” (Texto integrante do livro “Padre Inácio – vida ,
missao e curas”. Coletanea, introdução de Pierre Weil)
*Fotos de Maurício
Andrés
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Sabe a data e local falecimento padre Inácio?
ResponderExcluirNecessitamos de seres cujo coração e visão estão voltados para o infinito, além das misérias desse pobre mundo tão distanciado dos sentimentos de amor e de compaixão. Padre Inácio Farah, Pierre Weil, Amyr Amiden dentre tantos outros fazem a diferença ao doar-se inteiramente nessa missão salvadora e grandiosa de ouvir o outro, dando a ele o melhor de si. Meu Deus, nunca antes necessitou o mundo necessitou de tanto amor. Só ele tem o poder de iluminar o mundo e transformar o coração e a mente de cada um de nós.
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