Piseagrama é uma revista de jovens que aponta novas
soluções e novos caminhos para o futuro das cidades. Ela vê o povo que habita a
cidade, aquele que, depois do trabalho se enfileira nas calçadas para pegar
ônibus. O cidadão se aperta para conseguir um lugar para sentar, tem de pagar
passagem, passar pela catraca. “Na Europa não existe catraca nos ônibus”, nos
falou um jovem italiano.
Converso com meu jardineiro: “Tenho que tomar três
ônibus para chegar em casa, o primeiro
daqui do Retiro até o Centro, de lá outro até São Gabriel e aí outro para casa.
Só chego em casa, em Santa Luzia, às 6 horas da tarde, passo 3 horas viajando
para chegar aqui e 3 horas viajando para voltar”.
Piseagrama é uma proposta social. Enxerga o problema
de toda a população e propõe soluções
novas. Ônibus gratuitos, como em algumas cidades
do mundo, tornam a cidade acessível e democratizam o acesso aos lugares.
Trata-se de uma política cultural.
Voltemos à Revista, às suas propostas para uma
sociedade mais justa, que enxerga o lazer como uma necessidade, o respeito ao
patrimônio como causa justa e a ligação com a natureza como fundamental.
Piseagrama é uma das grandes iniciativas criadas no
momento cujas ideias ultrapassam os interesses materialistas de uma sociedade
corrompida pelo dinheiro, onde os valores essenciais estão sendo ignorados em
favor da ambição e do poder. A ambição desmedida está derrubando montanhas,
destruindo nascentes, poluindo rios, sepultando na lama famílias inteiras. Um
rio de lama continua descendo pelo Rio Doce...
Os grupos de jovens estão atentos a esse assunto,
fotografam e dão testemunho desse desastre ecológico que a todos vem atingindo.
Esses jovens já começaram a se unir porque querem um futuro melhor para seus
filhos.
Vejo meu neto Roberto, um dos criadores de
Piseagrama, carregando minha bisnetinha numa rede amarrada ao corpo, à maneira
dos povos andinos e nepalenses.
As crianças assistem a tudo, não ficam em casa com
as babás. Participam de encontros e pic nics nos gramados dos parques e de
jogos criativos nas praças das cidades. Uma praça em cada bairro é uma das
propostas do grupo.
“Uma praça
por bairro”, “pescar e navegar no Tietê”, “ carros fora do centro”, “nadar e
pescar no Arrudas”, “parques abertos 24 horas” e “ônibus sem catracas” são
mensagens estampadas nas sacolas
coloridas. As sacolas percorrem as ruas,
os supermercados, o cotidiano das cidades levando e trazendo mensagens sociais,
urbanas e ecológicas para a população.
No momento, a Revista está representando o Brasil na
Bienal de Arquitetura de Veneza. Não é todo dia que um grupo consegue sair de
Minas para representar o Brasil numa das mais importantes mostras
internacionais. O testemunho e a coragem dos jovens conseguiu quebrar o famoso
eixo Rio/São Paulo para projetar Minas fora do Brasil.
Parabéns aos seus criadores, parabéns a todos os participantes, jovens guerreiros das montanhas. Já foi dado
o primeiro toque, segue o entusiasmo de querer para o Brasil algo de melhor!
*Fotos da internet
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