Observando a história da arte moderna, podemos
enxergar, nas entrelinhas de todos os ismos, um impulso dirigido à
conscientização do homem, à e sua desmassificação, à busca existencial e à
abertura do Ser. Acompanhamos seu itinerário, que se apresentou de maneiras
variadas neste século, levantando polêmicas e controvérsias, congregando os
artistas e o público para uma nova visão do mundo. Por meio do invólucro do
objeto artístico, diversas luzes se acenderam, indicando caminhos novos para o
homem. Sentimos a energia que se utilizou das várias correntes artísticas como
instrumento para despertar uma realidade mais profunda, submersa nas raízes do
Ser. Ela trouxe em seu contexto uma nova consciência. Despertou, denunciou, rompeu
bloqueios, reivindicando a liberdade de expressão e a busca da espontaneidade.
A inquietação da arte do século XX acompanhou a
inquietação de sua época, penetrou nos
domínios do inconsciente, da psicologia, ligou-se à ciência e à tecnologia.
Abandonou os antigos padrões estéticos para mergulhar no universo interior do
homem, procurando a origem dos sentimentos e emoções. Promoveu o autoconhecimento, sacudiu preconceitos
enraizados, quebrou estruturas arcaicas.
A arte se manifestou como libertadora de ideias e
sentimentos, exprimindo muitas vezes reivindicações sociais ou anseios
espirituais. Passou a ser considerada como força harmonizadora do homem.
Utilizaram-na na educação e na psicologia. Levaram-na para o campo da
comunicação, fizeram-na saltar dos museus para as praças, dos teatros fechados
para as ruas movimentadas, colocaram-na como testemunha da violência,
massificaram-na e desmaterializaram-na. Mas, apesar das controvérsias, a arte
continua atuando em todos os níveis da vida cotidiana, liberando energias e
rompendo barreiras.
Arte, ciência, religião e filosofia, vida,
criatividade, ação, pensamento e palavra acham-se interligados. Pertencem à
totalidade cósmica que promove a evolução consciente do mundo. Todas as
atividades criativas abrem caminho para essa evolução. Muitas vezes a arte
antecede a filosofia. Pressente as aflições de um povo, capta seus anseios,
denuncia a violência, transmite mensagens de paz. Ela pode nos projetar no
espaço, antecipando as conquistas tecnológicas, e nos libertar da massificação
gerada pela propaganda. Desde o início, a arte em seu contexto geral, procurou
quebrar condicionamentos, desligar-se da tradição e reivindicar para o artista
a liberdade criadora.
É justamente na quebra dos condicionamentos e na
ânsia de despertar o novo que ela se torna colaboradora da evolução.
Em arte, deve-se “nascer virgem a cada manhã”,
disse-nos André Lhote, um dos mestres da Escola de Paris. Nascer virgem é viver
plenamente o instante da criação, é despertar para o novo que surge a cada
momento. É afinar ação externa com crescimento interno, abrir-se para a
sabedoria, ser receptivo às vibrações do cosmo. A arte, com todas as suas
reivindicações, levantou antenas para o espaço e traduziu, na voz dos artistas,
a necessidade de evolução do planeta.(Trecho do livro “Os Caminhos da Arte”,
editora C/ARTE, 2015)
*Fotos da internet
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