Desde os tempos primitivos até os dias de hoje, a
arte tem contribuído para o trabalho de conscientização, acelerado nos tempos
modernos, quando o homem cada vez mais procura se assumir e se conhecer para
atuar consciente e livremente no mundo.
A arte do passado, guardada em museus ou preservada
nos monumentos públicos, mostra-nos a história do mundo em suas buscas e
inquietações. A luta do homem para sobreviver, transformar-se e evoluir é
revelada em suas obras de arte.
Observamos nos museus a força e a agressividade dos
cavaleiros da Idade Média, escondidos por detrás das armaduras de ferro, e
também a ternura das madonas medievais esculpidas por artistas anônimos.
Ação e contemplação, agressividade, lirismo, guerra
e paz, violência e compaixão nos são revelados em cada objeto de arte. Há
contrastes e semelhanças entre os diversos períodos da história. A
semiobscuridade das catacumbas revela-nos a grandeza espiritual dos primeiros
cristãos, seu desapego e coragem para enfrentar o martírio. A propagação do
Cristianismo no Ocidente está gravada nos muros de pedras das catacumbas, nas
inscrições dos mártires, nos campanários de Assis, na monumentalidade das
catedrais góticas. A arte cristã percorreu períodos históricos, atravessou os
mares e nos trouxe o Barroco como legado artístico.
Recordamos Sócrates e Platão, na brancura do mármore
grego, revivemos a civilização dos mitos e deuses, do culto ao homem em seus
aspectos físico e intelectual. Acompanhamos a influência da Grécia sobre o
Ocidente, percorrendo o caminho do pensamento, da filosofia e da arte, para
alcançar a época moderna, transfigurada e recriada nos desenhos e gravuras de
Picasso.
À luz de novas ideias, o antigo transforma-se no
moderno. Oriente e Ocidente encontram-se e interpenetram-se. Culturas diversas
se unificam. Contemplando a serenidade do Buda, encontramos outra forma de
espiritualidade, baseada no silêncio e no encontro do homem consigo mesmo. A
mesma atitude contemplativa estende-se pelos jardins e parques, percorre os
interiores despojados e reflete-se na transparência da pintura do Extremo
Oriente.
A arte, em toda a sua história, revelou o homem como
um ser voltado para as coisas do eterno. Antigamente, a arte ligava-se à
religião ou à magia. O artista empenhava-se na realização de uma forma que se
destinaria ao culto, motivado por uma realidade espiritual. Movia-lhe o impulso
desinteressado, o desejo de superar o cotidiano. Sua necessidade criadora era
dirigida para a conquista das forças da natureza ou para a tentativa de
desvendar o mistério da vida. De olhos voltados para as estrelas, indagava. Sua
arte revestia-se de um caráter místico, concentrado no sentimento universal e
eterno.
A identificação do artista ou artesão com esse
sentimento universal pro-duziu, desde épocas remotas, obras de arte que
permanecem no tempo, com a vitalidade do momento criador. Sentimos essa energia
espiritual na arte dos povos primitivos, nas esculturas egípcias, na arte
pré-colombiana, na arte cristã e na oriental. O gesto do artesão anônimo
esculpindo a pedra ou trabalhando a madeira era cheio de temor e respeito
diante do invisível. Sintonizando o movimento da mão com o movimento da alma, o
artista ou artesão integrava-se ao universo, associando a criatividade ao impulso
místico. Sua arte expressava o individual e a profundidade do sentimento
universal. (recorte do livro “os Caminhos da Arte”, editora C/Arte, 3° Edição,
2015)
*Fotos da internet
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”,
CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário