segunda-feira, 25 de outubro de 2010

PHOTOSHOP, UMA LIÇÃO DE VIDA

A fotografia, no contexto da arte contemporânea, tornou-se um dos principais meios de comunicar idéias.
Com os recursos do computador, artistas fotógrafos fazem montagens, transformando a realidade de acordo com a sua imaginação.
Dispensando os meios tradicionais, eles podem se tornar poetas ou críticos, levar o espectador ao mundo da fantasia ou ironizar situações. A foto fala por si, dispensa a palavra. Intervenções criativas nas fotos transformam situações, dizem tudo sem dizer nada.
Na revista Piauí, de dezembro de 2009, Roberto Andrés, arquiteto e artista contemporâneo, apresentou um trabalho de intervenções fotográficas que hoje pode ser visto no galeria da Oi Futuro, em Belo Horizonte. Com muita criatividade e coragem, o jovem artista nos surpreende com sua crítica silenciosa à invasão do concreto sobre o verde. Usando a técnica de montagens fotográficas, ele abre a consciência das pessoas para um dos problemas mais difíceis das grandes cidades – a pavimentação excessiva de ruas, inclusive cobrindo os rios que passam pelas cidades.
Enquanto contemplamos suas fotos expostas nas paredes do “Oi”, vamos refletindo sobre os problemas da atualidade, as inundações, o excesso de calor, o excesso de concreto...
Ali estão expostos cenários que todos nós conhecemos, transmutados com o auxílio da foto montagem.
Vou observando e recordando: o asfalto e as lages de cimento nos remetem ao processo de urbanização das grandes cidades, onde o verde praticamente não existe. São cidades e paisagens encaixotadas, secas, e conduzem o pensamento para a especulação imobiliária, o corte de árvores, as construções sufocando e impermeabilizando a natureza.
Fico olhando o Rio Ganges transformado numa passarela artificial e Notre Dame de Paris sem o Rio Sena.
Roberto morou em Paris antes de se formar em arquitetura, andava de bicicleta pelas ruas para chegar até o seu lugar de trabalho, amarrava a bicicleta num poste, com uma corrente.

“Gosto de andar de bicicleta, me disse ele, acho que herdei do meu avô Luiz...”

O avô tirou uma foto quando era adolescente, andando de bicicleta no calçadão do Rio e esta foto está colocada na prateleira da casa do Roberto.

Agora, em frente às fotos expostas no Salão do “Oi”, vou rememorando fatos e fotos – e todas as coisas vão se integrando de forma circular. Passado e presente se tornam um único movimento.

Estamos presentes aqui, olhando a exposição, as pessoas circulam em torno como em qualquer inauguração de artes, onde a parte social se sobrepõe à parte artística. Inaugurações são reuniões que permitem apenas um encontro entre as pessoas e os quadros ficam parados, mas nos falam também.

Ali sentada, em frente aos quadros, viajei para Paris e retornei à Índia, sem sair do meu lugar. Essa intervenção arrojada mexeu comigo. Fez ressurgir a necessidade do verde, para respirar. O verde não pode desaparecer das cidades, caso contrário, o ser humano também desaparece, sepultado nas lages de concreto.
Lemos hoje no jornal Folha de São Paulo uma notícia vinda da Dinamarca, que acena com providências para amenizar o efeito estufa: “hoje, 37% dos moradores de Copenhague, a capital do país, circulam todos os dias de bicicleta, por cerca de 1,2 milhão de km de ciclovias. A meta é chegar a 50% em 2015.”
“O foco recente do país, que hoje tem autonomia energética e várias metas ambientais, é a produção de energia eólica.”
Um país pequenino como a Dinamarca está nos mostrando sugestões para o século XXI: usar bicicletas para evitar a aglomeração de carros e moinhos de vento para captar energia.
As fotos de Roberto nos fizeram pensar e o seu exemplo já foi lançado.
Aqui em BH ele deixa o carro em casa e vai de bicicleta para o trabalho.

*Fotos de Roberto Andrés


Convido a todos para visitarem o meu outro blog "Memórias e viagens" cujo link acha-se nesta página.

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