quinta-feira, 16 de setembro de 2010

IV FORUM DAS AMÉRICAS

O Instituto Arte das Américas vem contribuindo, desde a sua fundação em 2000, para o intercâmbio entre as propostas de arte das diversas regiões do planeta. Esta iniciativa, feita com entusiasmo e dedicação, tem se tornado um ponto de referência cultural em Belo Horizonte e, através dela, pude entrar em contato com pensadores não somente brasileiros mas também estrangeiros. Para mim foi um aprendizado e enriquecimento intelectual participar das palestras desses Fórum.

Agora, em 2010, o Instituto se enriqueceu entrando em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais para a realização da Bienal Zero, que congrega estudantes das diversas Escolas de Arte das Universidades Latino-americanas.

Para o campus da UFMG se deslocaram os mais importantes críticos brasileiros e estrangeiros, tais como Francisco Jarauta, filósofo e professor de diversas universidades européias e americanas, e Agnaldo Farias, professor da USP e curador da Bienal de São Paulo.

Francisco Jarauta veio da Europa para nos oferecer uma palestra de alto gabarito, onde, de forma holística, analisou a arte contemporânea em seu contexto global. Ele foi desvendando segredos e mostrando mapas de transformações dos conceitos de arte e abrindo a consciência do público para esses pontos de mutação que acontecem agora em alta velocidade. Com agudeza de percepção, analisou o advento das novas tecnologias e a sociedade da informação, mostrando como estamos mergulhados na velocidade e como as instituições políticas estão sendo substituídas pelas instituições econômicas. Apontou o papel poético e político da arte enquanto transformadora da sociedade e da consciência. “Os desafios do mundo contemporâneo são imensos”, nos disse ele, cabe aos artistas captar essas transformações através da sensibilidade e da intuição para a construção de seu cotidiano, integrado ao planeta e ao universo. A arte deve ter um grande papel nesta transformação. È importante “abrir novos espaços vinculados ao social, estudar a cartografia correta dos problemas e saber identifica-los com a sensibilidade. É necessário a humanização do espaço social”. Francisco Jarauta, um dos grandes filósofos do momento, foi abrindo caminho para a melhor compreensão de uma arte contemporânea, participante e humana, sempre aberta ao questionamento e às novas interrogações. São essas interrogações que nos fazem seguir em frente e nos libertar do passado.

O que ele falou foi encontrando ressonância com o meu pensamento holístico e foi por esta razão que ali fiquei atenta, escutando uma palestra em outra língua, mas sentindo em cada palavra uma afinidade muito grande com o meu modo de pensar.

Outra palestra que me tocou foi a do meu amigo Agnaldo Farias sobre a Bienal de São Paulo, onde ele discutiu o conceito da Bienal no contexto da Arte Contemporânea. A Bienal de São Paulo, desde a sua criação em 1951, tem sido uma vitrine da arte que se fez pelo mundo nesses últimos sessenta anos. A Bienal não é somente um espaço expositivo, mas é um ponto de encontro entre artistas, curadores, intelectuais, educadores, professores, estudantes e o publico em geral. A partir dessa concepção ela propõe abrir espaços de encontro, denominados “terreiros”, entre os espaços expositivos. Ali vão acontecer performance, dança, música, aulas para crianças e discussões sobre arte contemporânea.

Venho acompanhando as Bienais de São Paulo desde a sua inauguração e considero da maior importância fazer daquela mostra um grande aprendizado de arte. Todo o meu itinerário artístico se enriqueceu com a visão do mundo que a Bienal me deu, através da visão da arte internacional e dos grandes encontros que tive com os artistas e intelectuais da época. Tive a oportunidade de encontrar artistas e críticos como Maria Leontina, Milton da Costa, Volpi, Krajecberg, Franz Weissmann, Mary Vieira, Lygia Clark, Mário Silésio, Lourival Gomes Machado, Antonio Bento e Mário Pedrosa no pequeno café situado logo na entrada da Bienal.


*Fotos de Marília Andrés, Foca Lisboa e Internet

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