segunda-feira, 21 de junho de 2010

MINAS, TERRA DE MUITAS CORES

Os cortes nas montanhas vão desvendando uma grande tapeçaria de cores variadas, do vermelho ao laranja, do amarelo ao roxo, ao branco, ao cinza, ao preto. Paramos o carro para tirar fotos. O verde da vegetação rasteira encobre como um manto protetor as riquezas de Minas.
Os antigos pintavam com cores naturais. Vários artistas se entusiasmaram com nossos pigmentos naturais e aqui estiveram deslumbrados com o colorido das terras. Krajberg e Scliar usaram diretamente a terra para realizarem os seus quadros. Devemos a eles a divulgação desse caminho esquecido, por causa da facilidade que os artistas têm de comprar tintas prontas no mercado.
A técnica é simples: apanhar a terra, colocar em baldes, passar um rolo para amaciar os torrões e peneirar, para obter um pó mais fino, livre de impurezas. Depois, separar em recipientes diversos, cobrir com água e deixar decantando por 24 horas. As impurezas sobem para a superfície e o pigmento colorido fica depositado no fundo. No dia seguinte o pigmento já estará pronto para ser usado com qualquer aglutinante. Scliar usava a cola "cascorez" com resultados de grande transparência e beleza. As cores de terra são indeléveis, não queimam ao sol. Podem até serem usadas em fachadas de casa.
Neste momento estou participando das celebrações de um casamento na roça. A família da noiva é italiana, da região de Toscana, o noivo é mineiro. Agora estou sentada em frente à casa da fazenda, contemplando a paisagem verde em contraste com a fachada da casa pintada com tinta de terra vermelha colhida nos barrancos. Verde e vermelho são cores complementares, um ajuda a dar vida ao outro. Casamentos na roça estão se tornando uma tradição da família, pois os pais do noivo também casaram na roça há 30 anos atrás.
Escuto a voz do pai da noiva: “Esta região de Minas se assemelha à região de Toscana, na Itália”. Ali também as festas de casamento são muitas vezes realizadas ao ar livre. Fico pensando: “Minas, terra de muitas cores, desde o subsolo até os céus...” Guignard gostava dos céus de Minas, Scliar e Krajberg valorizaram a terra...
Guignard viveu em Florença, região de Toscana, na Itália, e também se encantou com Ouro Preto, cidade parecida com Florença.”
Florença me faz lembrar Miguel Ângelo, que passou sua juventude naquela cidade considerada terra das artes. Meu pensamento volta para Minas onde Aleijadinho considerado também como um dos grandes gênios da humanidade possuía a mesma força energética de Miguel Ângelo. O Aleijadinho viveu em Minas, deixando obras monumentais em várias cidades mineiras. Deve existir uma relação energética entre os paises com terras que se assemelham. Miguel Ângelo, pai do barroco, Aleijadinho, expoente máximo do nosso barroco têm características formais semelhantes.
Agora, enquanto contemplo a paisagem e escuto os músicos tocando, “As time goes by” vou associando memórias e fatos.

Um comentário:

  1. Amei! As dicas são ótimas! Puro conhecimento! Parabéns pelo seu trabalho!

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