“Curiosamente, é comum encontrar-se na tecnoburocracia do serviço público crítica à abordagem emocional do problema ambiental, como se apelar às emoções fosse algo condenável em princípio. Também em meios acadêmicos ortodoxos rejeita-se o tratamento dito emocional das questões ambientais. A emoção é vista, nesses meios, como impedimento a uma visão objetiva, racional, da questão ambiental. Pode-se, por outra parte, inquirir se essa pretensa aversão aos aspectos emocionais em favor dos racionais não serve, de fato, para legitimar o avanço e o aprofundamento de um estilo de vida e de desenvolvimento que faz pouco caso de tudo o que não leva imediatamente ao lucro e ao consumismo social e ambientalmente irresponsáveis.” (Maurício Andrés Ribeiro)
No meu livro “Os Caminhos da Arte” cito o conhecido artista holandês Hundertwasser, grande defensor da natureza. Ele nos alerta para o problema mundial de devastação do meio ambiente: “Só quando o divino respeito ao poder verde e o amor à vegetação se tornarem parte de nós mesmos, só então poderemos restaurar, passo a passo, nosso agonizante meio ambiente” (Hundertwasser).
A natureza está agonizando nas mãos do homem. No entanto, o homem é natureza. Sem perda da consciência individual, muitas vezes ele consegue entrar em comunhão com os mares, rios, florestas, montanhas, e sentir em seu corpo a mesma energia fluir.O homem é, ele próprio, uma parte desse eterno fluir; mas, desconhecendo suas raízes, ele se coloca como um ser à parte, com direito de domínio sobre tudo o que existe.
A percepção do relacionamento homem-natureza, sendo originária de uma sensibilidade apurada ou de um contato direto com o fluxo natural da vida, não é percebida de imediato por todas as pessoas. Torna-se ainda mais distante nas cidades, onde o elemento verde está sendo estrangulado pelas construções e pela superpopulação. O homem da cidade, por sua própria condição de vida, desligou-se de suas origens naturais, afastando-se cada vez mais do contato com a natureza. No entanto, a natureza está a nos oferecer a todo instante uma lição de vida. Silenciosamente, ela nos ensina mais do que os livros. Se observarmos com atenção, poderemos sentir nas transformações da natureza uma analogia com nossas próprias mutações.
* Imagens de quadros de Hundertwasser (fonte: internet)
*Fotos:Luciano Luppi
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