Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
sábado, 26 de junho de 2010
HOMENAGEM A JOSÉ SARAMAGO
Num auditório lotado por cerca de 400 pessoas, o escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura de 1998, recebeu, no dia 29 de abril, das mãos do reitor Sá Barreto, o título de Doutor Honoris Causa da UFMG, a mais importante honraria concedida pela instituição..
Quando Saramago esteve em Belo Horizonte e se apresentou no Palácio das Artes, eu me encontrava em viagem pela Índia. Soube do seu sucesso estrondoso, das pessoas querendo vê-lo, obter autógrafos. Ele realmente foi uma pessoa carismática, de grande coragem e resolução, lutando contra os conceitos tradicionais para deixar que novas idéias apareçam.
Desconstruir idéias enraizadas, quebrar condicionamentos são também a tônica de Krishnamurti um grande pensador indiano que eu sempre admirei. “Liberte-se do passado, seja o seu próprio mestre...”assim dizia ele: “É preciso tomar consciência de como somos condicionados pela sociedade, tradição, política, religião e família”.Rompendo com os condicionamentos podemos agir de forma independente, livre da mecanicidade que a sociedade nos impõe. “É preciso pensar de maneira própria, abrir-se para o potencial de energia que existe dentro de cada um” Essas palavras de Krishnamurti foram ouvidas em varias regiões do planeta.
Saramago sempre teve este potencial de energia, que propõe mudanças para a sociedade. Em seu último blog foi colocado o trecho abaixo, extraído de uma entrevista na Revista do Expresso, Portugal, em 11 de outubro de 2008: “Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma.” Esta mensagem, postada no blog Cadernos de Saramago poucos dias antes de sua morte, será um ponto de mutação e reflexão.
Acompanhei Saramago na sua trajetória de sucessos com a obtenção do Prêmio Nobel de Literatura, a incompreensão do povo de sua terra e a sua reclusão numa ilha perto da Espanha. Procurei na internet fotos desse lugar maravilhoso e vejo que até nisto Saramago se parece com Krisnamurti, grande pensador contemporâneo, que também gostava da natureza e fazia suas caminhadas diárias pelas praias de Adyar, em Chennai, na Índia.
De sua ilha, Saramago se comunicava com o mundo inteiro, usando como recurso a facilidade dos meios de comunicação atuais destinados ao mundo contemporâneo.
Segui seus passos pela internet, coloquei-o como referência nas páginas do meu blog . Os Cadernos de Saramago me ensinaram muito sobre a cultura e a política de além mar. Admirei sua adaptação às mídias do momento e, quando inaugurei o meu blog há um ano e meio atrás, tomei-o como exemplo. Foi um estímulo para continuar neste caminho: divulgar meus artigos sem depender de editoras ou jornais, escrever o que eu quero, escolher minhas imagens. Tudo isto é muito importante para uma pessoa que já não pode viajar tanto, mas continua viajando através dos sites, blogs e facebooks. Ainda não cheguei a conversar com as pessoas pelo “Skype”, mas algum dia chegarei lá.
Às suas idéias acrescento aqui o exemplo de Guignard, considerado um dos maiores professores de arte do Brasil que sempre valorizou o despertar de uma nova idéia. Ele não propunha regras acadêmicas para o aluno, mas ao ver uma possibilidade diferente no desenho exclamava com alegria “Coisa nova”! Assim podíamos caminhar do formalismo condicionado para o novo, o inesperado que surgia a cada instante. E acrescento também uma frase de Van Gog ao seu irmão Theo. “A diferença entre os artistas acadêmicos e os modernos é que os modernos são mais pensadores”. Este foi o caminho para a arte contemporânea que incentiva a arte como idéia criadora.
*Fotos baixadas da internet
Quando Saramago esteve em Belo Horizonte e se apresentou no Palácio das Artes, eu me encontrava em viagem pela Índia. Soube do seu sucesso estrondoso, das pessoas querendo vê-lo, obter autógrafos. Ele realmente foi uma pessoa carismática, de grande coragem e resolução, lutando contra os conceitos tradicionais para deixar que novas idéias apareçam.
Desconstruir idéias enraizadas, quebrar condicionamentos são também a tônica de Krishnamurti um grande pensador indiano que eu sempre admirei. “Liberte-se do passado, seja o seu próprio mestre...”assim dizia ele: “É preciso tomar consciência de como somos condicionados pela sociedade, tradição, política, religião e família”.Rompendo com os condicionamentos podemos agir de forma independente, livre da mecanicidade que a sociedade nos impõe. “É preciso pensar de maneira própria, abrir-se para o potencial de energia que existe dentro de cada um” Essas palavras de Krishnamurti foram ouvidas em varias regiões do planeta.
Saramago sempre teve este potencial de energia, que propõe mudanças para a sociedade. Em seu último blog foi colocado o trecho abaixo, extraído de uma entrevista na Revista do Expresso, Portugal, em 11 de outubro de 2008: “Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma.” Esta mensagem, postada no blog Cadernos de Saramago poucos dias antes de sua morte, será um ponto de mutação e reflexão.
Acompanhei Saramago na sua trajetória de sucessos com a obtenção do Prêmio Nobel de Literatura, a incompreensão do povo de sua terra e a sua reclusão numa ilha perto da Espanha. Procurei na internet fotos desse lugar maravilhoso e vejo que até nisto Saramago se parece com Krisnamurti, grande pensador contemporâneo, que também gostava da natureza e fazia suas caminhadas diárias pelas praias de Adyar, em Chennai, na Índia.
De sua ilha, Saramago se comunicava com o mundo inteiro, usando como recurso a facilidade dos meios de comunicação atuais destinados ao mundo contemporâneo.
Segui seus passos pela internet, coloquei-o como referência nas páginas do meu blog . Os Cadernos de Saramago me ensinaram muito sobre a cultura e a política de além mar. Admirei sua adaptação às mídias do momento e, quando inaugurei o meu blog há um ano e meio atrás, tomei-o como exemplo. Foi um estímulo para continuar neste caminho: divulgar meus artigos sem depender de editoras ou jornais, escrever o que eu quero, escolher minhas imagens. Tudo isto é muito importante para uma pessoa que já não pode viajar tanto, mas continua viajando através dos sites, blogs e facebooks. Ainda não cheguei a conversar com as pessoas pelo “Skype”, mas algum dia chegarei lá.
Às suas idéias acrescento aqui o exemplo de Guignard, considerado um dos maiores professores de arte do Brasil que sempre valorizou o despertar de uma nova idéia. Ele não propunha regras acadêmicas para o aluno, mas ao ver uma possibilidade diferente no desenho exclamava com alegria “Coisa nova”! Assim podíamos caminhar do formalismo condicionado para o novo, o inesperado que surgia a cada instante. E acrescento também uma frase de Van Gog ao seu irmão Theo. “A diferença entre os artistas acadêmicos e os modernos é que os modernos são mais pensadores”. Este foi o caminho para a arte contemporânea que incentiva a arte como idéia criadora.
*Fotos baixadas da internet
sexta-feira, 25 de junho de 2010
segunda-feira, 21 de junho de 2010
MINAS, TERRA DE MUITAS CORES
Os cortes nas montanhas vão desvendando uma grande tapeçaria de cores variadas, do vermelho ao laranja, do amarelo ao roxo, ao branco, ao cinza, ao preto. Paramos o carro para tirar fotos. O verde da vegetação rasteira encobre como um manto protetor as riquezas de Minas.
Os antigos pintavam com cores naturais. Vários artistas se entusiasmaram com nossos pigmentos naturais e aqui estiveram deslumbrados com o colorido das terras. Krajberg e Scliar usaram diretamente a terra para realizarem os seus quadros. Devemos a eles a divulgação desse caminho esquecido, por causa da facilidade que os artistas têm de comprar tintas prontas no mercado.
A técnica é simples: apanhar a terra, colocar em baldes, passar um rolo para amaciar os torrões e peneirar, para obter um pó mais fino, livre de impurezas. Depois, separar em recipientes diversos, cobrir com água e deixar decantando por 24 horas. As impurezas sobem para a superfície e o pigmento colorido fica depositado no fundo. No dia seguinte o pigmento já estará pronto para ser usado com qualquer aglutinante. Scliar usava a cola "cascorez" com resultados de grande transparência e beleza. As cores de terra são indeléveis, não queimam ao sol. Podem até serem usadas em fachadas de casa.
Neste momento estou participando das celebrações de um casamento na roça. A família da noiva é italiana, da região de Toscana, o noivo é mineiro. Agora estou sentada em frente à casa da fazenda, contemplando a paisagem verde em contraste com a fachada da casa pintada com tinta de terra vermelha colhida nos barrancos. Verde e vermelho são cores complementares, um ajuda a dar vida ao outro. Casamentos na roça estão se tornando uma tradição da família, pois os pais do noivo também casaram na roça há 30 anos atrás.
Escuto a voz do pai da noiva: “Esta região de Minas se assemelha à região de Toscana, na Itália”. Ali também as festas de casamento são muitas vezes realizadas ao ar livre. Fico pensando: “Minas, terra de muitas cores, desde o subsolo até os céus...” Guignard gostava dos céus de Minas, Scliar e Krajberg valorizaram a terra...
Guignard viveu em Florença, região de Toscana, na Itália, e também se encantou com Ouro Preto, cidade parecida com Florença.”
Florença me faz lembrar Miguel Ângelo, que passou sua juventude naquela cidade considerada terra das artes. Meu pensamento volta para Minas onde Aleijadinho considerado também como um dos grandes gênios da humanidade possuía a mesma força energética de Miguel Ângelo. O Aleijadinho viveu em Minas, deixando obras monumentais em várias cidades mineiras. Deve existir uma relação energética entre os paises com terras que se assemelham. Miguel Ângelo, pai do barroco, Aleijadinho, expoente máximo do nosso barroco têm características formais semelhantes.
Agora, enquanto contemplo a paisagem e escuto os músicos tocando, “As time goes by” vou associando memórias e fatos.
Os antigos pintavam com cores naturais. Vários artistas se entusiasmaram com nossos pigmentos naturais e aqui estiveram deslumbrados com o colorido das terras. Krajberg e Scliar usaram diretamente a terra para realizarem os seus quadros. Devemos a eles a divulgação desse caminho esquecido, por causa da facilidade que os artistas têm de comprar tintas prontas no mercado.
A técnica é simples: apanhar a terra, colocar em baldes, passar um rolo para amaciar os torrões e peneirar, para obter um pó mais fino, livre de impurezas. Depois, separar em recipientes diversos, cobrir com água e deixar decantando por 24 horas. As impurezas sobem para a superfície e o pigmento colorido fica depositado no fundo. No dia seguinte o pigmento já estará pronto para ser usado com qualquer aglutinante. Scliar usava a cola "cascorez" com resultados de grande transparência e beleza. As cores de terra são indeléveis, não queimam ao sol. Podem até serem usadas em fachadas de casa.
Neste momento estou participando das celebrações de um casamento na roça. A família da noiva é italiana, da região de Toscana, o noivo é mineiro. Agora estou sentada em frente à casa da fazenda, contemplando a paisagem verde em contraste com a fachada da casa pintada com tinta de terra vermelha colhida nos barrancos. Verde e vermelho são cores complementares, um ajuda a dar vida ao outro. Casamentos na roça estão se tornando uma tradição da família, pois os pais do noivo também casaram na roça há 30 anos atrás.
Escuto a voz do pai da noiva: “Esta região de Minas se assemelha à região de Toscana, na Itália”. Ali também as festas de casamento são muitas vezes realizadas ao ar livre. Fico pensando: “Minas, terra de muitas cores, desde o subsolo até os céus...” Guignard gostava dos céus de Minas, Scliar e Krajberg valorizaram a terra...
Guignard viveu em Florença, região de Toscana, na Itália, e também se encantou com Ouro Preto, cidade parecida com Florença.”
Florença me faz lembrar Miguel Ângelo, que passou sua juventude naquela cidade considerada terra das artes. Meu pensamento volta para Minas onde Aleijadinho considerado também como um dos grandes gênios da humanidade possuía a mesma força energética de Miguel Ângelo. O Aleijadinho viveu em Minas, deixando obras monumentais em várias cidades mineiras. Deve existir uma relação energética entre os paises com terras que se assemelham. Miguel Ângelo, pai do barroco, Aleijadinho, expoente máximo do nosso barroco têm características formais semelhantes.
Agora, enquanto contemplo a paisagem e escuto os músicos tocando, “As time goes by” vou associando memórias e fatos.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
ARTE, EMOÇÃO E MEIO AMBIENTE II
“Curiosamente, é comum encontrar-se na tecnoburocracia do serviço público crítica à abordagem emocional do problema ambiental, como se apelar às emoções fosse algo condenável em princípio. Também em meios acadêmicos ortodoxos rejeita-se o tratamento dito emocional das questões ambientais. A emoção é vista, nesses meios, como impedimento a uma visão objetiva, racional, da questão ambiental. Pode-se, por outra parte, inquirir se essa pretensa aversão aos aspectos emocionais em favor dos racionais não serve, de fato, para legitimar o avanço e o aprofundamento de um estilo de vida e de desenvolvimento que faz pouco caso de tudo o que não leva imediatamente ao lucro e ao consumismo social e ambientalmente irresponsáveis.” (Maurício Andrés Ribeiro)
No meu livro “Os Caminhos da Arte” cito o conhecido artista holandês Hundertwasser, grande defensor da natureza. Ele nos alerta para o problema mundial de devastação do meio ambiente: “Só quando o divino respeito ao poder verde e o amor à vegetação se tornarem parte de nós mesmos, só então poderemos restaurar, passo a passo, nosso agonizante meio ambiente” (Hundertwasser).
A natureza está agonizando nas mãos do homem. No entanto, o homem é natureza. Sem perda da consciência individual, muitas vezes ele consegue entrar em comunhão com os mares, rios, florestas, montanhas, e sentir em seu corpo a mesma energia fluir.O homem é, ele próprio, uma parte desse eterno fluir; mas, desconhecendo suas raízes, ele se coloca como um ser à parte, com direito de domínio sobre tudo o que existe.
A percepção do relacionamento homem-natureza, sendo originária de uma sensibilidade apurada ou de um contato direto com o fluxo natural da vida, não é percebida de imediato por todas as pessoas. Torna-se ainda mais distante nas cidades, onde o elemento verde está sendo estrangulado pelas construções e pela superpopulação. O homem da cidade, por sua própria condição de vida, desligou-se de suas origens naturais, afastando-se cada vez mais do contato com a natureza. No entanto, a natureza está a nos oferecer a todo instante uma lição de vida. Silenciosamente, ela nos ensina mais do que os livros. Se observarmos com atenção, poderemos sentir nas transformações da natureza uma analogia com nossas próprias mutações.
* Imagens de quadros de Hundertwasser (fonte: internet)
*Fotos:Luciano Luppi
No meu livro “Os Caminhos da Arte” cito o conhecido artista holandês Hundertwasser, grande defensor da natureza. Ele nos alerta para o problema mundial de devastação do meio ambiente: “Só quando o divino respeito ao poder verde e o amor à vegetação se tornarem parte de nós mesmos, só então poderemos restaurar, passo a passo, nosso agonizante meio ambiente” (Hundertwasser).
A natureza está agonizando nas mãos do homem. No entanto, o homem é natureza. Sem perda da consciência individual, muitas vezes ele consegue entrar em comunhão com os mares, rios, florestas, montanhas, e sentir em seu corpo a mesma energia fluir.O homem é, ele próprio, uma parte desse eterno fluir; mas, desconhecendo suas raízes, ele se coloca como um ser à parte, com direito de domínio sobre tudo o que existe.
A percepção do relacionamento homem-natureza, sendo originária de uma sensibilidade apurada ou de um contato direto com o fluxo natural da vida, não é percebida de imediato por todas as pessoas. Torna-se ainda mais distante nas cidades, onde o elemento verde está sendo estrangulado pelas construções e pela superpopulação. O homem da cidade, por sua própria condição de vida, desligou-se de suas origens naturais, afastando-se cada vez mais do contato com a natureza. No entanto, a natureza está a nos oferecer a todo instante uma lição de vida. Silenciosamente, ela nos ensina mais do que os livros. Se observarmos com atenção, poderemos sentir nas transformações da natureza uma analogia com nossas próprias mutações.
* Imagens de quadros de Hundertwasser (fonte: internet)
*Fotos:Luciano Luppi
sexta-feira, 4 de junho de 2010
ARTE, EMOÇÃO E MEIO AMBIENTE I
“Há quase trinta anos, o poema Triste horizonte de Carlos Drummond de Andrade, publicado na imprensa em 1976, emocionou e sensibilizou os cidadãos para a degradação ambiental em Belo Horizonte. Ele dizia:
Sossega minha saudade. Não me
Cicies outra vez
O impróprio convite.
Não quero mais, não quero ver-te
Meu triste horizonte e destroçado amor.
Naquela ocasião, esse único poema fez mais pela expansão da consciência ecológica do que muitos estudos técnicos aprofundados que apontavam os problemas, porém eram dotados de menor poder de comunicação. Esse foi um exemplo do poder da poesia para aguçar a percepção sobre o meio ambiente por meio do sentimento estético e da beleza, indissociáveis da ética ecológica.
No âmbito global, são inúmeros os casos em que os artistas compromissados e responsáveis puseram sua voz, criatividade e poder de comunicação a serviço da ecologia, da paz, de causas generosas e voltadas para o bem-estar social.
A arte é um caminho poderoso por tocar direto as emoções e os sentimentos. Vai além da razão e do intelecto e seu poder é aplicável de múltiplas e criativas maneiras. Muitas vezes, a emoção, difusa e intuitiva, nebulosa e indefinida, é o motor que deflagra processos mais racionais e sistematizados das questões relacionadas à ecologia. A emoção move, a razão organiza.
Grupos de teatro que abordam em suas peças e encenações a temática ambiental; a produção de textos de teatro e de literatura para serem adotados nas escolas; o envolvimento de escultores e artistas plásticos no projeto de novos espaços urbanos, ao lado de arquitetos e paisagistas; a música e a poesia que refletem a realidade ambiental; a produção de VT’s ecológicos e de manifestações artísticas modernas: essas são algumas modalidades de trabalho nas quais o potencial criativo da arte pode estar a serviço da melhoria ambiental. Veiculadas nas escolas públicas e privadas, tais atividades podem mudar mentalidades e valores, num processo de ecologização da educação formal e informal. A criação de jogos informatizados, nos quais se usem elementos do ecossistema local, constitui forma de mobilizar a criatividade artística no âmbito da informática.
A mobilização dos artistas que trabalham profissionalmente na publicidade, na concepção e produção de peças voltadas para a educação nas escolas, promove a integração entre arte e meio ambiente. Até mesmo a publicidade, freqüentemente a serviço de consumismo e de valores materiais elementares, tem grande potencial de comunicação para prestar serviços que facilitem o exercício da cidadania ecologicamente responsável.
Para a aprendizagem do viver sustentável, a arte adquire realce especial. Ao extrapolar a abordagem racional e intelectual sobre o meio ambiente, ressaltada no ensino de ciência e técnicas, e cuja comunicação com o grande público é mais difícil, as artes têm o dom de possibilitar comunicação imediata.” (Maurício Andrés Ribeiro)
Dando continuidade às idéias do Maurício, intercalo um pequeno texto do meu livro “Os caminhos da Arte”, no capítulo “Volta à Natureza”.
O artista plástico Frans Krajcberg, nascido na Polônia mas naturalizado brasileiro, é o exemplo de um artista consciente dos problemas ecológicos. Quando visitou a Amazônia pela primeira vez, Krajberg decidiu se dedicar à defesa da natureza, documentando a devastação das florestas brasileiras. Sua arte passou então a ser uma arte de denúncia: árvores destruídas e troncos retorcidos, transformados em escultura. Percorrendo aquela região, Krajberg fotografou o drama das queimadas e, com a sensibilidade do fotógrafo, documentou a morte do verde que se torna deserto.
*Fotos: Maurício Andrés e Ivana Andrés
Sossega minha saudade. Não me
Cicies outra vez
O impróprio convite.
Não quero mais, não quero ver-te
Meu triste horizonte e destroçado amor.
Naquela ocasião, esse único poema fez mais pela expansão da consciência ecológica do que muitos estudos técnicos aprofundados que apontavam os problemas, porém eram dotados de menor poder de comunicação. Esse foi um exemplo do poder da poesia para aguçar a percepção sobre o meio ambiente por meio do sentimento estético e da beleza, indissociáveis da ética ecológica.
No âmbito global, são inúmeros os casos em que os artistas compromissados e responsáveis puseram sua voz, criatividade e poder de comunicação a serviço da ecologia, da paz, de causas generosas e voltadas para o bem-estar social.
A arte é um caminho poderoso por tocar direto as emoções e os sentimentos. Vai além da razão e do intelecto e seu poder é aplicável de múltiplas e criativas maneiras. Muitas vezes, a emoção, difusa e intuitiva, nebulosa e indefinida, é o motor que deflagra processos mais racionais e sistematizados das questões relacionadas à ecologia. A emoção move, a razão organiza.
Grupos de teatro que abordam em suas peças e encenações a temática ambiental; a produção de textos de teatro e de literatura para serem adotados nas escolas; o envolvimento de escultores e artistas plásticos no projeto de novos espaços urbanos, ao lado de arquitetos e paisagistas; a música e a poesia que refletem a realidade ambiental; a produção de VT’s ecológicos e de manifestações artísticas modernas: essas são algumas modalidades de trabalho nas quais o potencial criativo da arte pode estar a serviço da melhoria ambiental. Veiculadas nas escolas públicas e privadas, tais atividades podem mudar mentalidades e valores, num processo de ecologização da educação formal e informal. A criação de jogos informatizados, nos quais se usem elementos do ecossistema local, constitui forma de mobilizar a criatividade artística no âmbito da informática.
A mobilização dos artistas que trabalham profissionalmente na publicidade, na concepção e produção de peças voltadas para a educação nas escolas, promove a integração entre arte e meio ambiente. Até mesmo a publicidade, freqüentemente a serviço de consumismo e de valores materiais elementares, tem grande potencial de comunicação para prestar serviços que facilitem o exercício da cidadania ecologicamente responsável.
Para a aprendizagem do viver sustentável, a arte adquire realce especial. Ao extrapolar a abordagem racional e intelectual sobre o meio ambiente, ressaltada no ensino de ciência e técnicas, e cuja comunicação com o grande público é mais difícil, as artes têm o dom de possibilitar comunicação imediata.” (Maurício Andrés Ribeiro)
Dando continuidade às idéias do Maurício, intercalo um pequeno texto do meu livro “Os caminhos da Arte”, no capítulo “Volta à Natureza”.
O artista plástico Frans Krajcberg, nascido na Polônia mas naturalizado brasileiro, é o exemplo de um artista consciente dos problemas ecológicos. Quando visitou a Amazônia pela primeira vez, Krajberg decidiu se dedicar à defesa da natureza, documentando a devastação das florestas brasileiras. Sua arte passou então a ser uma arte de denúncia: árvores destruídas e troncos retorcidos, transformados em escultura. Percorrendo aquela região, Krajberg fotografou o drama das queimadas e, com a sensibilidade do fotógrafo, documentou a morte do verde que se torna deserto.
*Fotos: Maurício Andrés e Ivana Andrés
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