Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
CANTO GREGORIANO E HINOS VÉDICOS
Podemos ver, nas diversas religiões, a busca da harmonia do ser humano por meio da harmonia de sons. Na Bíblia, David conseguiu amenizar com uma harpa a cólera do rei Saul. Ao som de uma lira, Pitágoras transmutava as vibrações de seus discípulos. Na mitologia grega, os primeiros grandes músicos foram os deuses. Apolo, deus da beleza e da arte, é conhecido como o músico que, ao tocar sua lira, encantava os deuses do Olimpo. Pã inventou a flauta de cana e, ao som de sua música se irmanava com os pássaros e com toda a natureza. Entre os mortais descendentes dos deuses gregos destacava-se Orfeu, que, sob a magia de sua música, fazia mover os rochedos, os montes, o curso dos rios.
Em todas as religiões, o canto sempre foi o meio mais simples de se entrar no estado de harmonia e paz. Os cânticos devocionais unificam as pessoas e, por seu intermédio, a espiritualidade chega mais direto aos corações do que por meio do discurso falado. Existe uma afinidade entre o cântico dos Vedas, na Índia, e o canto gregoriano na tradição cristã. Percebemos que ambos nos elevam para um plano mais sutil, rumo ao estado contemplativo.
O Canto gregoriano foi resgatado de manuscritos antigos pelo papa Gregorio Magno, que fez uma coletânea do que era cantado nas celebrações. Pretendia unir os devotos por meio do canto monódico ou uníssono.
No período das perseguições religiosas, os cristãos se reuniam nas catacumbas e cantavam em louvor a Deus enquanto esperavam a sentença final. O canto, provocando o estado de religiosidade, ajudava-os a superar o medo da morte.
No Oriente, o cântico de mantras, harmonizando corpo-emoções-mente, é também considerado uma forma de meditação. A cultura milenar da Índia remonta à época dos Vedas, quando se realizavam rituais com a entoação de hinos e invocações diante da chama sagrada. A tradição hinduísta dá ao mantra, ou som místico, um significado profundo dentro de sua religião. Trata-se de um recurso para o Yogue atingir o som inaudível e não manifesto. Por meio do som ele busca a Realidade Última. De acordo com o Yoga, cada objeto tem um som natural, que pode ser captado, modificado e sintonizado com a música universal. Para os Sufis, “aquele que conhece o mistério do som sabe o mistério do universo.” Nós não conseguimos ouvir o som abstrato que nos circunda e envolve, porque estamos com a consciência centralizada em nós mesmos, em nossos problemas e na vida material. Mas, segundo eles, aquele que tiver a capacidade de sintonizar-se com esse som conhecerá o presente, o passado e o futuro.
A entoação desses cânticos tem caráter melódico e circular repetitivo, assim como o canto gregoriano; portanto, existe uma semelhança entre o canto gregoriano e os hinos védicos. A atmosfera mística que ambos proporcionam levou-me a pesquisar as origens comuns das duas manifestações devocionais.
“O canto gregoriano tem origens orientais. As reverendíssimas beneditinas da Abadia de Nossa Senhora das Graças, em Belo Horizonte , lembram que os monges sempre trabalhavam cantando orações nas lavouras, mas a base dessa melodia – introspecção, contemplação e monodia - veio das sinagogas judaicas e dos cultos hebraicos.” (Pe Nereu de Castro)
Esses grupos devocionais do passado inclinavam-se em atitude de reverência diante da majestade do Deus criador. Durante a entoação dos cânticos sagrados, criavam uma atmosfera de harmonia e unidade, impulsionados por uma energia interior. Essa mesma atmosfera pode ser sentida até hoje nos diversos templos e mosteiros de várias regiões do planeta. Não importa se entoamos um cântico em Sânscrito ou em Latim. A intensidade da busca dessa experiência depende da intenção e da nossa atitude de entrega durante a entoação dos sons sagrados. Esses sons podem nos conduzir além das estrelas, no espaço etéreo, onde não existe a dualidade dos conceitos mentais.
Nos cânticos de louvor, sentimos que o Divino pode manifestar-se no humano.
* Fotos de Marília Andrés e da internet
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
TEILHARD DE CHARDIN, UM CAMINHO PELO ESPAÇO
As idéias evolucionistas de Sri Aurobindo encontram ressonância no grande filósofo católico Teilhard de Chardin.O diálogo entre o Oriente e o Ocidente abre-se a um plano espiritual único. Buscando o conhecimento da Verdade surgiram ao mesmo tempo, em lugares diferentes, dois pensadores cujas idéias contêm a mesma previsão para o futuro da humanidade. Esses dois homens não tiveram contato entre si, viveram em mundos separados, herdeiros de tradições diversas, mas receberam ao mesmo tempo a mesma intuição.
A evolução cósmica, que se processa no universo em movimento à procura de maior consciência e organização, a evolução da vida, do pensamento e do homem é o princípio básico da filosofia de Sri Aurobindo e Teilhard de Chardin.
Um núcleo da Verdade Universal está em nós e é despertado quando o procuramos. É ele que nos faz achar, em meio à multiplicidade de costumes, de línguas, de tradições, de raças e pensamentos, a Unidade do Ser. Do Oriente ao Ocidente, o mesmo núcleo impulsiona uma só voz.
Teilhard fala do advento de uma super-reflexão que levaria o homem a uma plataforma superior. Essa evolução não estaria distante de nós, mas se realiza num futuro próximo. A evolução seria acelerada dentro de pouco tempo, até atingir o ponto Ômega. Então a humanidade formaria um todo consciente de si mesmo, englobando as conquistas materiais da técnica e da ciência. Elas não seriam recusadas nesse plano evolutivo, mas seriam integradas e espiritualizadas. Teilhard não considera o ser humano como o ponto final da evolução, mas ela continua seu processo através do homem, conscientizada e engrandecida por ele.
Segundo o pensamento de Teilhard de Chardin, o homem é o encarregado de irradiar e projetar a evolução. Esse homem novo, que os dois grandes pensadores do Ocidente e do Oriente assinalaram em suas reflexões, não está longe de nós, mas já começa a existir. Há uma onda de consciência que nos impulsiona para o alto. Sentimos o despertar da intuição na busca dos valores espirituais.
O Eu Superior revela-se, não somente para os orientais mergulhados em meditação, mas já começa a ser uma realidade para o Ocidente. Há uma inquietação agitando a juventude, a necessidade de quebrar tabus, ultrapassar situações e superar o cotidiano. Muitos, angustiados na escuridão da procura, entregam-se às drogas, procurando através delas alcançar a transformação. Mas a evolução não se processará artificialmente. A ascenção do homem para um plano mais elevado será feita, conscientemente, com seus próprios recursos interiores. Um impulso de dentro nos conduzirá, aceleradamente, como uma flecha para o alto.
A conquista do espaço e a consciência da existência de outros mundos habitados, significa um imperativo na escala evolucionista, um salto para o futuro e já constitui, de certo modo, o início do movimento acelerado que nos está atingindo.
O caminho das estrelas só poderá ser conquistado pelo homem realmente integrado e evoluído. Incentivado em sua criatividade, iluminado espiritualmente, ele avançará em sua totalidade de corpo e alma para os planos mais elevados. Estamos sendo conduzidos ao testemunho de que energias unificadoras formarão um só caminho, o do homem terrestre chamado a agir, dentro de seu plano e com seus recursos criadores.
Desenvolvendo sua própria criatividade, o homem se elevará do caos para a harmonia, da violência para a serenidade, da competição para a compreensão, da diversificação para a Unidade e do individualismo para a Totalidade.
*Fotos da internet (telescópio Hubble)
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
SRI AUROBINDO, ARTE E EDUCAÇÃO NA ÍNDIA
As praias de Pondicherry, Índia Francesa, assemelham-se ao nordeste brasileiro, com seus pescadores recolhendo redes. Auroville, cidade Aurora, situada perto de Pondicherry e construída sob a orientação da UNESCO, reúne oriente e ocidente dentro da filosofia de Sri Aurobindo. Foi inaugurada como símbolo da Unidade Humana e Fraternidade Universal.
Em 1978, levando comigo uma carta de apresentação do secretário de Educação de Belo Horizonte, tive acesso às escolas do ashram, ou comunidade espiritual, de Pondicherry onde, em 1951, foi inaugurado o Sri Aurobindo International Center of Education. Essa escola visa antes de tudo uma educação para a vida, dando às crianças a possibilidade de opções, de auto conhecimento e auto realização. O professor tem como princípio fundamental não ensinar, mas despertar aquilo que já existe na criança em estado latente. Ele não traz normas de fora, nem impõe conhecimentos, mas é apenas um guia que orienta e conduz.
O sistema de educação é livre, respeitando a vocação e a individualidade da criança. Parte-se do princípio de que as crianças não são iguais e, portanto, têm de ser guiadas individualmente. Para cada personalidade há um meio de orientação. O professor não se coloca como autoridade, mas convive de modo amigável com os alunos como um companheiro deles
As aulas começam com música para o relaxamento do corpo e da mente. As artes ocupam o lugar de destaque no crescimento da criança, para ajudá-la espontaneamente ao encontro consigo mesma. Aprende-se dança, música, pintura construção. A finalidade da educação é o encontro com as raízes mais profundas de ser, preparando a criança para o futuro.
Há professores para as matérias e outros para guiá-las nos deveres de casa. A ênfase maior está na concentração, que varia de acordo com a necessidade de cada um. É preciso saber o que interessa a cada aluno para manter a mente concentrada. As matérias são dadas com jogos criativos, com a experiência direta ou através da compreensão da vida, conforme nos explicaram. Algumas crianças precisam ver plantas e animais ao vivo para se interessarem, outras se concentram apenas com a explicação teórica. O importante é manter sempre a concentração, e essa só pode vir quando a criança está interessada no assunto.
No quadro negro do ashram, estava escrito um poema de Sri Aurobindo, mostrando a importância da libertação da mente dançarina para entrar no silêncio do coração. O silêncio é necessário para o aprendizado de vida das crianças daquele ashram.
“Sri Aurobindo inspirou, com sua vida e suas idéias, tanto a criação de Auroville, como o movimento do Federalismo Mundial, que dissemina o ideal da unificação política da humanidade. Nascido em 1872 em Calcutá, Aurobindo passou dos 7 aos 21 anos na Inglaterra, onde tomou contato com a cultura e as ciências ocidentais. Na primeira década do século XX, participou ativamente dos movimentos políticos nacionalistas indianos pela independência; ficou preso durante um ano, ocasião em que teve a oportunidade de aprofundar sua prática de ioga. Em 1910, partiu para Pondicherry, na Índia Francesa, onde produziu a maior parte de sua obra. Ali, passou por experiências espirituais com ioga e a superconciência. Em 15 de agosto de 1947 data de seu aniversário, a Índia alcançou a independência. Segundo Sri Aurobindo, as escalas de organização coletiva humana vão se ampliando: a família, a nação que ainda hoje é imperfeitamente realizada e, por último, a união mundial, na qual se desenvolvem trabalhos pioneiros.” (Maurício Andrés Ribeiro, Tesouros da Índia para a civilização sustentável, Editora Rona/Santa Rosa Bureau Cultural, 2003; disponível para download em http://www.ecologizar.com.br/) .
*Fotos da internet
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
ESCOLA GUIGNARD, ALUNOS PROFESSORES
Éramos 40 alunas, jovens cheias de vida, direcionadas por um mestre que viera do Rio para nos conduzir. Viera cheio de idéias novas, trazendo panoramas abertos para o aprendizado de arte em Minas. Deixara o Rio de Janeiro onde já era considerado o maior professor de arte do Brasil e também um dos maiores artistas brasileiros.
Viera da Europa, lecionar no Rio, na Fundação Osório, onde foi mestre de grandes artistas, tais como Iberê Camargo, Ana Bela Geiger e outros, já conhecidos e famosos. Era amigo de Cândido Portinari, Roberto Burle- Marx e também considerado por escritores e poetas. Cecília Meireles lhe dedicava versos, o grupo de intelectuais de São Paulo veio a Belo Horizonte para a inauguração da Semana de Arte Moderna em Minas. Escutei discursos inaugurativos, palestras dos escritores vindos de fora , com Guignard à frente deles, mostrando como o academismo amarrava os artistas.
Guignard era um revolucionário contra o academismo vigente na época.
Seu método de ensino baseado no despertar pessoal de cada aluno, assemelhava-se aos ensinamentos de Johannes Itten na Bauhaus de Weimar.
“Formar primeiro o homem, para depois formar o artista”
Despertar em primeiro lugar a sensibilidade, o olhar atento para a natureza, as árvores, os céus, as nuvens, os desenhos que se formam nas paredes velhas, nas pedras, no corte das árvores, nas sombras do chão. Ver os círculos que se formam nas águas quando ali atiramos uma pedra.
Observar o olho humano, mandala cheia de vida e de mistérios.
Estar atento ao “agora”, à natureza do parque municipal de BH, com suas árvores seculares. As pessoas morrem e as árvores ficam dando sombra protegendo do calor o transeunte que ali passa.
As árvores do parque vão revelando as histórias do passado.
Antigamente o zoológico era ali também,dentro do parque, e as crianças brincavam com os macacos que estavam por detrás das grades.
O parque era sempre cheio de motivações para o nosso imaginário de jovens artistas. Passávamos horas sem perceber o tempo debaixo daquelas árvores, sentadas em banquinhos, desenhando com lápis duro, 6H.
O desenho nos dava a possibilidade de praticar o exercício da concentração, uma meditação espontânea, sem intenção de ser meditação.
Paralelamente ao desenho de observação, dado debaixo das árvores, Guignard nos orientava também, dentro do atelier. Fazíamos retratos e figuras do natural, como nas academias de belas artes.
Na década de 60 eu era professora da Escola de Belas Artes Guignard e ali ocupava a cadeira de desenho de criação. A escola estava situada no parque municipal de BH nos porões do Palácio das Artes. Ali Guignard lecionou, mais tarde seus alunos o substituíram. A escola era pobre, sem recursos, mas rica em talentos. Vários artistas saíram dali e seguiram mais tarde seu próprio caminho. Pierre Santos era diretor e eu vice diretora.
A posição de vice é cômoda, sem grandes responsabilidades. Mas, um belo dia ele me passou a direção sem aviso prévio.
Levei o maior susto, fiquei sem dormir uma noite.
A escola estava afundando por falta de recursos.
“Já fiz o que pude, a escola não vai acabar nas minhas mãos, você que foi aluna de Guignard, dê um jeito...”
Procurei vários ex-alunos e todos se prontificaram a dar aulas de graça até que a crise passasse.
Tomamos a decisão de procurar apoio no governo de Minas. Acenamos para os poderes públicos em busca de ajuda e convidamos o Dr José Guimarães Alves para dirigir a escola e ligá-la à Imprensa Oficial. Lembro-me das reuniões improvisadas debaixo das árvores. Foi uma época tumultuada, cheia de imprevistos, mas também coroada de êxito. A solidariedade e o idealismo prevaleceram sobre a iminente derrota. Era necessário oficializar a escola. Afim de legalizar o pagamento dos professores o novo diretor organizou um concurso público de Notório Saber . Todos fomos concursados e, de acordo com a lei, ligados à Imprensa Oficial.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
MEU ENCONTRO COM O MONGE BENEDITINO BEDE GRIFFITHS
Saí de Bangalore para Mysore, sul da Índia, com meu filho Maurício, com intenção de parar no caminho para conhecer o ashram (mosteiro) fundado por Bede Griffiths.
Foi uma tarde memorável que passamos em sua companhia. Ele me pareceu um ser humano fora do comum. Ali pudemos escutar um pouco da sua história e de seus ensinamentos holísticos.
Já à tardinha, quando nos preparávamos para tomar chá, avistamos no horizonte o ônibus que deveríamos tomar. Apressamo-nos nas despedidas.
A grande surpresa foi quando já estávamos assentados para partir, Bede Griffiths acenou para o motorista aguardar.Vinha com duas xícaras do chá que acabara de preparar para nos oferecer.
O motorista, pacientemente, esperou...”
Seguimos viagem pensando na possível integração do Oriente com o Ocidente, fruto da nossa conversa com Bede Griffiths.
Nascido perto de Londres, numa típica família inglesa de classe média, Bede Griffiths foi educado dentro da Igreja Anglicana.
Mais tarde, ao cursar a Universidade de Oxford, perdeu a fé religiosa inicial e tornou-se um agnóstico. Como tantos de sua geração, desiludiu-se com a sociedade industrial capitalista da época e, em 1930, lançou-se com um grupo de colegas numa experiência de vida comunitária numa aldeia inglesa, abandonando luxos e confortos.
Foi então que começou a ler a Bíblia e outros livros religiosos e voltou à oração, assentando sua fé em bases novas e mais profundas. Redescobriu o cristianismo, depois de longo conflito interior; vencendo os preconceitos anticatólicos que ainda existiam na Inglaterra, entrou para a comunidade beneditina da Abadia de Prinknash e chegou a ser prior da Abadia de St. Michael.
Foi pioneiro em sentir a atração da filosofia da India, muito antes da onda de orientalismo que levou tantos jovens a buscar e seguir gurus.
Em 1955, partiu para a Índia onde contribuiu para a fundação do ashram de Kurisumala, que tinha sido iniciado por dois monges franceses.
Criou depois o Ashram de Saccidananda, uma experiência bem-sucedida de combinar o culto e tradições católicas com as práticas e filosofia da Yoga indiana.
Seu trabalho pioneiro tem sido seguido por muitos. Em Londres há um grupo ecumênico (Inter-Faith) promovido pelo Arcebispado de Westminster, que estimula a prática da meditação por vários caminhos e a cooperação com religiosos hindus, budistas e de outras religiões. Lá existem freiras católicas que praticam Yoga e há toda espécie de combinações inspiradoras entre os vários caminhos espirituais.
Anos depois, participei de uma meditação nesse ambiente, onde repetíamos o mantra “maranata”, que significa em aramaico, Jesus Cristo.
Em seu livro “O Coração de Ouro” (1954), Griffiths conta a história de sua vida e conversão. Em seu outro livro “Retorno ao Centro: o conhecimento da verdade, o ponto de reconciliação de todas as religiões” (1992), considerado um clássico moderno da espiritualidade, ele nos oferece uma visão ecumênica, que leva até as últimas conseqüências a abertura às outras religiões. Esta visão ecumênica foi aprovada pelo Vaticano II em “Nostra Aetate”:
“Além de ser cristão, eu preciso ser um hindu, um budista, jainista, sikh, muçulmano e judeu. Só assim poderei conhecer a Verdade e encontrar o ponto de reconciliação de todas as religiões... É esta revolução que tem de se processar na mente ocidental. Há séculos ela se volta para fora, para o mundo dos sentidos e perde-se no espaço exterior. Precisa agora aprender a voltar-se para dentro e descobrir seu ser: empreender aquela jornada longa e difícil para o CENTRO, a profundidade interior do SER”.
(Resumo editado e extraído do livro Retorno ao Centro, IBRASA, S.P,1992 por Cecília Caram após depoimento de viagem de M.Helena Andrés).
*Fotos da internet
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
DUAS EXPOSIÇÕES NO PALÁCIO DAS ARTES
Uma viagem pelo São Francisco nas passarelas do sonho
A exposição de Ronaldo Fraga vai nos conduzindo na semiobscuridade da sala, para os cenários da população ribeirinha do Rio São Francisco, povoada de lendas e superstições. Andamos por lugares onde o peixe é sobrevivência, e as redes nos contam histórias de nosso povo simples.
Escutamos a voz de Maria Betânia e lemos os versos de Bené Fonteles, o artista de Brasília que sempre esteve à frente das reinvindicações ambientais.
Crianças, jovens e adultos se divertem com o aspecto lúdico da mostra, onde o espectador participa pescando os peixes da região frente a uma projeção de vídeo tirada do fundo do rio.
Enquanto escrevo, passa um cartaz anunciando “Terça Poética”.
Aqui no Palácio das Artes, as artes se integram, poesia, música, pintura e agora a coleção de roupas de Ronaldo Fraga, inspiradas no rio São Francisco. O rio vai contando histórias de assombração.
Ele nos mostra também uma coleção de malas de tamanhos variados que remetem sempre aos viajantes pobres, carregando seus pertences pelo rio. Viajar de barco é também prazeroso. A orla do São Francisco vira capital da sanfona, nos diz um jornal de São Paulo.
“Um ônibus transformado em palco móvel percorre bairros e distritos de Juazeiro e Petrolina em mini shows que atraem centenas de pessoas e transformam as margens do Velho Chico em capital do forró Jazz Sanfoneiro por uma semana. “Enquanto Ronaldo Fraga nos mostra em Belo Horizonte , a riqueza cultural desta região do Brasil,acontece este festival em Pernambuco e na Bahia, de onde participam artistas internacionais e brasileiros com abertura de Hermeto Pascoal e homenagens a Dominguinhos e Oswaldinho do Acordeon.
Crianças aprendem a gostar de música erudita
Crianças da periferia escutam atentas às aulas. Aprendem o nome dos instrumentos, a variedade de sons. A música vai sendo compreendida por aquela platéia jovem, e os ouvidos vão se acostumando com a diversidade de sons correspondentes aos instrumentos. No palco, a orquetra filarmônica de MG segue as explicações da professora. Cada instrumento é representado por um animal e assim as crianças aprendem música. A música é a forma de harmonização e as crianças da periferia precisam deste toque iniciático. O Palácio das Artes está aberto a todas as classes sociais. As aulas são gratuitas e os visitantes também podem participar e fotografar. Lá embaixo, no subsolo, visito uma exposição de artes plásticas, organizada pela equipe do “Valores de Minas”. Ali também as aulas são dadas diretamente, no local da exposição. Vou percorrendo a mostra e fotografando. A professora explica: o principal objetivo destas aulas é despertar a auto estima no aluno. “Eles transformam em cerâmica os fantasmas do inconsciente”.
Ali estão, reproduzidos por mãos adolescentes, pequenas esculturas representando o medo, o ciúme, a inveja, a competição.
Lembro-me do que vi na Índia, nas escolas de Krishnamurti. Ali também um grupo de adolescentes discutia o significado das palavras que perturbam o comportamento das pessoas. A discussão do grupo em torno das palavras que identificam os defeitos básicos do ser humano vai dismistificando os seus significados e ajudando a melhorar o comportamento. Aqui, no Palácio das Artes a cerâmica feita por alunos jovens dos bairros pobres também é uma forma direta e prazerosa de colocar a arte como auto- conhecimento. Vou fotografando e registrando o que eu vejo, o “bem e o mal”, feito por uma equipe de 5 alunos, e uma Medusa em forma gigante, também trabalho coletivo. Realmente, no mundo violento em que vivemos, a arte continua a oferecer espaço para um aprendizado de vida.
*Fotos de Maria Helena Andrés
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
UAKTI NO MÉXICO
O Grupo UAKTI acaba de regressar do México, onde se apresentou juntamente com 7 artistas internacionais reunidos por Phillip Glass.
Depois do grande sucesso obtido na Europa e EUA este concerto integrando os sons de vários países do mundo, continua vibrando sua energia positiva pelo planeta. A apresentação no México iniciou o ciclo da América Latina. Ali, tendo uma platéia de 15 mil pessoas, na sua maioria jovens, o grupo continuou com a sua mensagem de paz.
A programação organizada pela produção mexicana, incluía visita aos lugares tradicionais da antiga cultura mexicana, dos toltecas e astecas. Um índio como guia contava coisas do passado, conhecimento astronômico e manifestações artísticas. Levou o grupo para uma cerimônia indígena subterrânea e em seguida todos subiram 260 degraus para alcançarem o topo da PIRÂMIDE DO SOL. No subterrâneo foi feita uma meditação e em seguida todos foram convidados para, no dia 22 de dezembro de 2012 participarem de uma celebração junto com 5 milhões de pessoas do mundo inteiro.
Nesta data está prevista uma transformação para o planeta e os grupos já se preparam para esta mudança.
Transcrevo abaixo trecho de um artigo que escrevi após viagem ao México:
“No mesmo planalto onde, há séculos, foi arrasada uma cidade asteca, construiu-se a atual Cidade do México. Fruto da fusão de duas civilizações, ela mostra em sua arquitetura o esplêndido passado dos índios, unido ao gosto espanhol dos conquistadores.
Há vestígios dos grandes palácios Maias-Toltecas nas fachadas das igrejas, o barroco espanhol misturado à requintada ornamentação indígena. E a praça da Constituição, com a catedral e as sedes do governo feericamente iluminadas, fazem lembrar as pirâmides, sempre colocadas em terreno onde a distância e o espaço permitem de uma só vez a visão de todo o conjunto.
Da civilização indígena, destruída barbaramente pelos espanhóis, resta a solidão profunda das pirâmides erguidas nos planaltos e suas obras de arte, agora transportadas para o Museu de Antropologia. O passado se une ao presente neste imenso museu cercado de árvores, parques, fontes luminosas e exuberante vegetação.
Ao longo das salas modernas, forradas de madeira, distribuem-se as obras de diversas tribos, exibindo suas relíquias de arte. A escultura indígena é mostrada em toda sua grandiosidade, entre luzes e refletores, entre guias, cicerones e turistas. As salas enormes trazem a emoção da volta ao passado, recuado no tempo, mas terrivelmente presente, na monumentalidade das esculturas. Os mais impressionantes documentos da arte asteca são a grande Pedra do Sol e a estátua de Coatlicue, que se refere ao Sol, às estações do ano, à morte, à vida, ao sacrifício humano, e ao princípio de dualidade, masculino e feminino.
Considerada uma das obras primas da arte universal, Coatlicue, deusa da terra, foi colocada no centro de um imenso salão, com explicações eletrônicas sobre o significado de seus símbolos. Todo o poderio asteca, dominador de outras tribos e arrasado pela superioridade das armas de fogo dos conquistadores, está gravado na pedra, onde a mão humana conseguiu esculpir o mistério e a grandeza.
Na sala dos Maias, os baixos-relevos transcrevem a sabedoria de uma civilização voltada ao estudo das forças da natureza. Seus manuscritos, ainda não decifrados totalmente, são conservados nas pedras e nos imensos paineis de Bonampak, descobertos em 1940 por um fotógrafo. Seu adiantamento lhes valeu o título de "gregos da América.
As riquezas indígenas dos toltecas, zapotecas, astecas, maias, que resistiram às guerras e à destruição, continuam a ser desenterrados do solo mexicano pelos pesquisadores e cientistas interessados.
Ainda envolta em mistério, a arte dos índios é descoberta dia-a-dia, enriquecendo cada vez mais a cultura e a história mexicana.”
Fotos do Grupo UAKTI
sábado, 6 de novembro de 2010
FOTOGRAFIA, ARTE DO AQUI E AGORA
A fotografia é, por sua própria natureza, a arte do aqui e agora. Devido à possibilidade de captar o momento presente, ela permite ao fotografo uma redescoberta silenciosa do mundo.
O fotógrafo observa o seu meio ambiente, a natureza com suas mutações, o ser humano em seus aspectos contraditórios. Ele percebe os contrastes e semelhanças, capta um momento de poesia, denuncia injustiças, investiga a ciência, projeta-se um momento no espaço. Observação, concentração e atenção total aqui e agora, são disciplinas que possibilitam ao homem a consciência de si mesmo e de seu relacionamento com a natureza e com seus semelhantes. Descobrir primeiro as coisas visíveis e, através delas, enxergar o invisível é forma para se obter a visão clara do universo. Quando permanecemos totalmente atentos, nossa consciência nos dá uma visão mais ampla das coisas e podemos descobrir detalhes que o olho humano apressado e distraído não consegue perceber. Conseguimos enxergar beleza nos objetos aparentemente pobres e nos momentos tidos como os mais vulgares. Neste estado de atenção, nossa visão intuitiva flui livremente e podemos ter contato mais intimo com a essência das coisas. A compreensão total nasce desta penetração através da rotina, desta redescoberta do cotidiano.
A arte da fotografia considerada como a captação de um instante permite espontaneamente esta disciplina.
Depois de 2004, em lugar de olhar só para dentro de mim mesma e dali tirar uma paisagem abstrata, comecei a olhar para fora e registrar a paisagem e os lugares que me inspiram.
Nas minhas caminhadas, vivendo o aqui e agora, cheguei a conclusão que o nosso planeta é lindo, merece ser visto e admirado por todos nós que tivemos o grande privilegio de descer um dia à terra.
*Fotos de Maria Helena Andrés
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
PHOTOSHOP, UMA LIÇÃO DE VIDA
A fotografia, no contexto da arte contemporânea, tornou-se um dos principais meios de comunicar idéias.
Com os recursos do computador, artistas fotógrafos fazem montagens, transformando a realidade de acordo com a sua imaginação.
Dispensando os meios tradicionais, eles podem se tornar poetas ou críticos, levar o espectador ao mundo da fantasia ou ironizar situações. A foto fala por si, dispensa a palavra. Intervenções criativas nas fotos transformam situações, dizem tudo sem dizer nada.
Na revista Piauí, de dezembro de 2009, Roberto Andrés, arquiteto e artista contemporâneo, apresentou um trabalho de intervenções fotográficas que hoje pode ser visto no galeria da Oi Futuro, em Belo Horizonte. Com muita criatividade e coragem, o jovem artista nos surpreende com sua crítica silenciosa à invasão do concreto sobre o verde. Usando a técnica de montagens fotográficas, ele abre a consciência das pessoas para um dos problemas mais difíceis das grandes cidades – a pavimentação excessiva de ruas, inclusive cobrindo os rios que passam pelas cidades.
Enquanto contemplamos suas fotos expostas nas paredes do “Oi”, vamos refletindo sobre os problemas da atualidade, as inundações, o excesso de calor, o excesso de concreto...
Ali estão expostos cenários que todos nós conhecemos, transmutados com o auxílio da foto montagem.
Vou observando e recordando: o asfalto e as lages de cimento nos remetem ao processo de urbanização das grandes cidades, onde o verde praticamente não existe. São cidades e paisagens encaixotadas, secas, e conduzem o pensamento para a especulação imobiliária, o corte de árvores, as construções sufocando e impermeabilizando a natureza.
Fico olhando o Rio Ganges transformado numa passarela artificial e Notre Dame de Paris sem o Rio Sena.
Roberto morou em Paris antes de se formar em arquitetura, andava de bicicleta pelas ruas para chegar até o seu lugar de trabalho, amarrava a bicicleta num poste, com uma corrente.
“Gosto de andar de bicicleta, me disse ele, acho que herdei do meu avô Luiz...”
O avô tirou uma foto quando era adolescente, andando de bicicleta no calçadão do Rio e esta foto está colocada na prateleira da casa do Roberto.
Agora, em frente às fotos expostas no Salão do “Oi”, vou rememorando fatos e fotos – e todas as coisas vão se integrando de forma circular. Passado e presente se tornam um único movimento.
Estamos presentes aqui, olhando a exposição, as pessoas circulam em torno como em qualquer inauguração de artes, onde a parte social se sobrepõe à parte artística. Inaugurações são reuniões que permitem apenas um encontro entre as pessoas e os quadros ficam parados, mas nos falam também.
Ali sentada, em frente aos quadros, viajei para Paris e retornei à Índia, sem sair do meu lugar. Essa intervenção arrojada mexeu comigo. Fez ressurgir a necessidade do verde, para respirar. O verde não pode desaparecer das cidades, caso contrário, o ser humano também desaparece, sepultado nas lages de concreto.
Lemos hoje no jornal Folha de São Paulo uma notícia vinda da Dinamarca, que acena com providências para amenizar o efeito estufa: “hoje, 37% dos moradores de Copenhague, a capital do país, circulam todos os dias de bicicleta, por cerca de 1,2 milhão de km de ciclovias. A meta é chegar a 50% em 2015.”
“O foco recente do país, que hoje tem autonomia energética e várias metas ambientais, é a produção de energia eólica.”
Um país pequenino como a Dinamarca está nos mostrando sugestões para o século XXI: usar bicicletas para evitar a aglomeração de carros e moinhos de vento para captar energia.
As fotos de Roberto nos fizeram pensar e o seu exemplo já foi lançado.
Aqui em BH ele deixa o carro em casa e vai de bicicleta para o trabalho.
*Fotos de Roberto Andrés
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010
SUSTENTABILIDADE E ARTE
Nesta seqüência de temas ecológicos que pretendo postar algumas vezes, peço uma reflexão sobre o efeito estufa e suas conseqüências desastrosas para a vida no planeta.
Diariamente os jornais publicam com grande sensacionalismo as enchentes no Brasil, Indonésia, China, EUA e outros países. Também escrevem sobre a lama vermelha atingindo o rio Danúbio por causa da lavagem da bauxita.
Lembro-me de Porto Trombetas, no Pará e de um navio parado no porto, carregando bauxita para outras terras. Onde seria feita a lavagem desse minério? Aqui no Brasil ou em outras terras? A bauxita serve para a fabricação do alumínio, atendendo às necessidades do consumo.
O consumo está nos conduzindo aceleradamente para a destruição. O apelo excessivo às coisas inúteis acumula o lixo e o lixo é um dos grandes problemas do mundo. Onde colocar o que sobra dessa ambição excessiva, desse desejo insano de ter coisas e mais coisas?
Navios estrangeiros estiveram recentemente em nossos mares, trazendo lixo para ser despejado e retornaram ao lugar de origem sob protestos. Cada um que cuide do seu lixo.
No meio do caos, idéias novas vão surgindo. Assisti recentemente a uma palestra do engenheiro Carlos Faria sobre o uso da energia solar como alternativa para o século 21. O conferencista mostrou o que está sendo feito no mundo e destacou a iniciativa da ilha de Chipre, onde essa energia é colocada em 90% das construções. Admirei o fato de que na Suécia a energia solar é armazenada para uso coletivo, afim de ser usada no momento adequado atendendo à população.
No Japão, uma esteira rolante de 232 Km em Yokohama é movida a energia solar e já poupou a emissão de 27 toneladas de carbono.
Também naquele país, depois de ampla campanha incentivando a reutilização de materiais, foi elaborado um eficiente sistema de reciclagem, servindo de base para a criação da “cidade ecológica”. Hoje, seis fábricas de material reciclado funcionam no local, processando plástico, produtos eletrônicos usados, papel e garrafas PET. “São empresas que têm como matéria prima resíduos de outras empresas”.
“Além de beneficiar o meio ambiente, a cidade ecológica gera receita ao município, pois é o governo local quem reconhece a matéria prima e a vende nas fábricas”. Estas são palavras de Humberto Resende, jornalista recentemente convidado a visitar o Japão.
Estas iniciativas em torno da sustentabilidade são experiências que podem servir de referência para o Brasil.
O Japão é um país muito pequeno, mas tem uma sabedoria que pertence a um passado onde o respeito à natureza é prioritário.
Visitei o Japão durante a Expo-70 e pude admirar no meio do avanço tecnológico, também o amor à natureza, demonstrado através dos jardins de meditação.
“A filosofia Zen ordenou sugerir e não demonstrar. O homem desaparece dentro da paisagem. A natureza que o antecipou continua, em seu silêncio, a superá-lo. O homem vive, cresce e morre. A montanha resiste, afronta tempestades, ventanias e às vezes terremotos, mas só uma energia muito grande consegue derrubá-la.
Enquanto o mundo ocidental preocupava-se com o homem, e o renascimento rendia-lhe verdadeiro culto como centro do universo, o oriente, silenciosamente engrandecia a natureza”.
Este texto, retirado de meu livro “Encontro com mestres no Oriente” serve no momento como um instante de reflexão.
Não seria esta colocação do homem como centro do mundo, como dono das montanhas, dos rios, dos mares, o grande equívoco da nossa civilização ocidental?
Colocar o homem como dono e não como ponto pequenino na paisagem, gera uma série de erros irremediáveis. Os rolos de 15 metros da paisagem japonesa, expostos no museu de Tóquio, ao inserir o ser humano com o seu real tamanho diante das montanhas e dos mares, conferem às gerações futuras o caminho da sustentabilidade e nos ensinam mais do que as palavras.
“Também a cerimônia do chá, ao agradecer a cada um que participou com seu trabalho para produzi-la – os agricultores, os ceramistas, quem recolheu a água – e agradecer também ao barro, ao vegetal, ao liquido – demonstra o reconhecimento a toda a cadeia produtiva que possibilitou que a cerimônia se realize. É um exemplo de consciência eco-tecnológica. E o Japão também evitou uma crise ecológica ao ter decidido, há muitas décadas, a proteger suas florestas, os Alpes japoneses.” (Maurício Andrés)
* Fotos de Maurício Andrés
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