sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

SRI AUROBINDO, ARTE E EDUCAÇÃO NA ÍNDIA

As praias de Pondicherry, Índia Francesa, assemelham-se ao nordeste brasileiro, com seus pescadores recolhendo redes. Auroville, cidade Aurora, situada perto de Pondicherry e construída sob a orientação da UNESCO, reúne oriente e ocidente dentro da filosofia de Sri Aurobindo. Foi inaugurada como símbolo da Unidade Humana e Fraternidade Universal.
Em 1978, levando comigo uma carta de apresentação do secretário de Educação de Belo Horizonte, tive acesso às escolas do ashram, ou comunidade espiritual, de Pondicherry onde, em 1951, foi inaugurado o Sri Aurobindo International Center of Education. Essa escola visa antes de tudo uma educação para a vida, dando às crianças a possibilidade de opções, de auto conhecimento e auto realização. O professor tem como princípio fundamental não ensinar, mas despertar aquilo que já existe na criança em estado latente. Ele não traz normas de fora, nem impõe conhecimentos, mas é apenas um guia que orienta e conduz.
            O sistema de educação é livre, respeitando a vocação e a individualidade da criança. Parte-se do princípio de que as crianças não são iguais e, portanto, têm de ser guiadas individualmente. Para cada personalidade há um meio de orientação. O professor não se coloca  como autoridade, mas convive de modo amigável com os alunos como um companheiro deles
            As aulas começam com música para o relaxamento do corpo e da mente. As artes ocupam o lugar de destaque no crescimento da criança, para ajudá-la espontaneamente ao encontro consigo mesma. Aprende-se dança, música, pintura construção. A finalidade da educação é o encontro com as raízes mais profundas de ser, preparando a criança para o futuro.
            Há professores para as matérias e outros para guiá-las nos deveres de casa. A ênfase maior está na concentração, que varia de acordo com a necessidade de cada um. É preciso saber o que interessa a cada aluno para manter a mente concentrada. As matérias são dadas com jogos criativos, com a experiência direta ou através da compreensão da vida, conforme nos explicaram. Algumas crianças precisam ver plantas e animais ao vivo para se interessarem, outras se concentram apenas com a explicação teórica. O importante é manter sempre a concentração, e essa só pode vir quando a criança está interessada no assunto.
            No quadro negro do ashram, estava escrito um poema de Sri Aurobindo, mostrando a importância da libertação da mente dançarina para entrar no silêncio do coração. O silêncio é necessário para o aprendizado de vida das crianças daquele ashram.          

“Sri Aurobindo inspirou, com sua vida e suas idéias, tanto a criação de Auroville, como o movimento do Federalismo Mundial, que dissemina o ideal da unificação política da humanidade. Nascido em 1872 em Calcutá, Aurobindo passou dos 7 aos 21 anos na Inglaterra, onde tomou contato com a cultura e as ciências ocidentais. Na primeira década do século XX, participou ativamente dos movimentos políticos nacionalistas indianos pela independência; ficou preso durante um ano, ocasião em que teve a oportunidade de aprofundar sua prática de ioga. Em 1910, partiu para Pondicherry, na Índia Francesa, onde produziu a maior parte de sua obra. Ali, passou por experiências espirituais com ioga e a superconciência. Em 15 de agosto de 1947 data de seu aniversário, a Índia alcançou a independência. Segundo Sri Aurobindo, as escalas de organização coletiva humana vão se ampliando: a família, a nação que ainda hoje é imperfeitamente realizada e, por último, a união mundial, na qual  se desenvolvem trabalhos pioneiros.” (Maurício Andrés Ribeiro, Tesouros da Índia para a civilização sustentável, Editora Rona/Santa Rosa Bureau Cultural, 2003; disponível para download em http://www.ecologizar.com.br/) .

*Fotos da internet

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