Um guia à frente indicava o caminho, contando fatos históricos, mas eu preferia observar sozinha o trabalho do mármore. Parece incrível que mãos humanas tenham esculpido e vazado a pedra dura, até formá-la numa janela de renda! Enxerga-se por entre as frestas, a paisagem, lá fora, os jardins e lagos que circundam o prédio.
Estávamos no Taj Mahal, uma das maravilhas do mundo. O Taj Mahal é um grande mausoléu em mármore branco, construído pelo imperador Shah Jahan em homenagem à sua amada esposa Muntaz Mahal, falecida em 1630.
De repente um som estranho, cristalino encheu o recinto. Parecia o coro de muitas vozes, mas era a voz de um indiano magro, que entoava o canto sagrado dos hindus. A grande torre circular parecia captar o som e devolve-lo em forma de eco, e o mantra OM, subia em espiral como uma revoada de pássaros e trombetas tocando. Meus ouvidos continuaram escutando por muito tempo esse canto estranho e suas vibrações se expandiam através das janelas de mármore rendado. OM é a palavra sagrada dos yogues, e segundo acreditam, tem repercussão cósmica. Entoado dentro do Taj Mahal, ele ressoava com a força de uma orquestra misteriosa, cujos acordes se perdiam no infinito. A música, de todas as artes, é realmente a que mais emociona. Atinge imediatamente a alma, provocando adesão instantânea. Sua comunicação é rápida: sensibiliza e conduz à ação. Desperta no homem o sentimento de amor ou de violência, de serenidade ou agressividade, de pureza ou erotismo. Ela dá impulso e faz mover o mundo. A intensidade mística do OM, rompendo o silêncio do Taj Mahal, puseram-me imediatamente em contato com a espiritualidade dos yogues. Neste momento, percebo claramente o papel da arte como purificadora da humanidade que se massifica. A música é a forma de expressar a saudade que temos do absoluto. Ela nos eleva a um plano superior, além das coisas criadas, iluminando-nos com a pureza dos santos e a alegria das crianças. Devolve-nos o sentimento de Amor Universal, integrando-nos ao mundo e ao cosmos.
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