Para ilustrar o livro “Pepedro nos caminhos da Índia”, viajei pela Índia durante quase um ano, em companhia de Maurício, Aparecida e do meu neto Joaquim Pedro, que para ali se deslocaram motivados por uma bolsa de estudos do Maurício no Indian Institute of Managemanet de Bangalore.
Durante esse tempo percebi ao vivo, por experiência própria as diferenças e semelhanças entre as duas culturas, separadas por muitos mares. Isso me possibilitou receber com muita alegria os textos do livro “Pepedro nos Caminhos da Índia”, escrito por minha nora Aparecida. Aquele roteiro me possibilitava transformar em imagens coloridas o que estava vivendo no momento. Comecei a desenhar nas praças, nos parques, nos templos, nos teatros, muitas vezes cercada por uma multidão de crianças curiosas que ambicionavam as minhas canetas hidrográficas. E muitas vezes as canetas ficavam com as crianças.
O livro do Pepedro foi um testemunho de vida de um novo mundo que que se abria para mim. Naquela época (década de 70), em que não existiam computadores nem comunicação via internet, a Índia era um lugar distante, as cartas levavam às vezes 2 meses para chegar ao seu destino.
Mas assim mesmo era necessário escrever. Aqui vão alguns textos da época, recolhidos de cartas para a família:
“Queridos filhos:
Estamos neste hotel há 3 dias e já muita coisa se modificou. Cheguei amedrontada em Delhi, ainda com um pouco das tensões dos últimos tempos, mas agora já estou bem melhor. Preferi ficar sozinha para escrever, pintar se tiver vontade, ler e meditar. Visitamos os pontos turísticos da cidade, o Grande Forte, o Zoológico, mas resolvi também me virar sozinha. Procurei um templo lindíssimo que já visitara da outra vez. Está situado num bairro só de templos, contendo em grande harmonia e comunicação o templo Budista, Hinduísta e Islâmico. Assisti no templo central , todo de mármore e espelhos paralelos um concerto espontâneo de Ragas Hindus. Um velhinho tocava um instrumento pequeno, um som de harmônio. Quatro rapazes sentados o acompanhavam na tabla. O som das cordas e o ritmo das tablas ecoava por todo o imenso salão de mármore. Fiquei parada muito tempo escutando (aliás estou agora treinando a arte de ouvir em silêncio). Aqui na Índia, apesar do passaporte, não me considero turista, mas observadora ou peregrina, como diz o “I Ching”. Enquanto uma turma de turistas passa rápido absorvendo por golpes de olhar o que vêm, eu resolvi parar e sentir cada coisa que me atrai. Diante de uma imagem de Shiva em meditação, parei tanto tempo que nem cheguei a perceber um monge me coroando de flores amarelas. “Welcome, madam” soou nos meus ouvidos de repente. Ele se levantou, pegou um pouco de cinza e colocou no meu terceiro olho. Voltei mais animada para casa. As cinzas de Shiva me deram coragem para sair sozinha, encontrar pessoas, confiar no desconhecido.”
Durante esse tempo percebi ao vivo, por experiência própria as diferenças e semelhanças entre as duas culturas, separadas por muitos mares. Isso me possibilitou receber com muita alegria os textos do livro “Pepedro nos Caminhos da Índia”, escrito por minha nora Aparecida. Aquele roteiro me possibilitava transformar em imagens coloridas o que estava vivendo no momento. Comecei a desenhar nas praças, nos parques, nos templos, nos teatros, muitas vezes cercada por uma multidão de crianças curiosas que ambicionavam as minhas canetas hidrográficas. E muitas vezes as canetas ficavam com as crianças.
O livro do Pepedro foi um testemunho de vida de um novo mundo que que se abria para mim. Naquela época (década de 70), em que não existiam computadores nem comunicação via internet, a Índia era um lugar distante, as cartas levavam às vezes 2 meses para chegar ao seu destino.
Mas assim mesmo era necessário escrever. Aqui vão alguns textos da época, recolhidos de cartas para a família:
“Queridos filhos:
Estamos neste hotel há 3 dias e já muita coisa se modificou. Cheguei amedrontada em Delhi, ainda com um pouco das tensões dos últimos tempos, mas agora já estou bem melhor. Preferi ficar sozinha para escrever, pintar se tiver vontade, ler e meditar. Visitamos os pontos turísticos da cidade, o Grande Forte, o Zoológico, mas resolvi também me virar sozinha. Procurei um templo lindíssimo que já visitara da outra vez. Está situado num bairro só de templos, contendo em grande harmonia e comunicação o templo Budista, Hinduísta e Islâmico. Assisti no templo central , todo de mármore e espelhos paralelos um concerto espontâneo de Ragas Hindus. Um velhinho tocava um instrumento pequeno, um som de harmônio. Quatro rapazes sentados o acompanhavam na tabla. O som das cordas e o ritmo das tablas ecoava por todo o imenso salão de mármore. Fiquei parada muito tempo escutando (aliás estou agora treinando a arte de ouvir em silêncio). Aqui na Índia, apesar do passaporte, não me considero turista, mas observadora ou peregrina, como diz o “I Ching”. Enquanto uma turma de turistas passa rápido absorvendo por golpes de olhar o que vêm, eu resolvi parar e sentir cada coisa que me atrai. Diante de uma imagem de Shiva em meditação, parei tanto tempo que nem cheguei a perceber um monge me coroando de flores amarelas. “Welcome, madam” soou nos meus ouvidos de repente. Ele se levantou, pegou um pouco de cinza e colocou no meu terceiro olho. Voltei mais animada para casa. As cinzas de Shiva me deram coragem para sair sozinha, encontrar pessoas, confiar no desconhecido.”
Poxa que legal Maria Helena! Tenho este livro,ganhei no lançamento em BH de uma tia!
ResponderExcluirSempre me fascinou as ilustrações e a história.
Guardo com mto carinho.
Um bj