Quando voltamos de uma viagem à
Diamantina, fiz questão de passar por Cordisburgo, para ver a cidade onde
nasceu Guimarães Rosa, o grande escritor mineiro que deixou uma pequena cidade
para se projetar no mundo. Cordisburgo está bem perto da Gruta de Maquiné,
lugar turístico com formações rochosas milenares. Naquele lugar misterioso e
cheio de perigos, Guimarães Rosa criou o conto "A hora e vez de Augusto
Matraga", que integra o seu livro "Sagarana".
Hoje esta história está sendo
relembrada na Ópera "Matraga", adaptada pelo músico e dramaturgo
argentino Rufo Herrera que a revestiu com texto e música. Em 1985 o trabalho de
Rufo, que este ano completa 90 anos, foi encenado em Belo Horizonte pelo
Palácio das Artes. Encontro mágico de gerações que se prolongam no tempo.
"O espetáculo, reunindo música,
teatro, dança e literatura, montado a partir da partitura e do libreto de Rufo
Herrera, conta a trajetória de um homem violento e arrogante, “duro, doido e
sem detença, como um bicho grande do mato” que perde tudo o que possui e busca
a salvação em um lugar estranho e hostil. Em sua trajetória, ele enfrenta
tentações, provações e conflitos que o levam a questionar sua fé e seu
destino.
Assim como no conto, a montagem
enfatiza duas constantes no sertão rosiano: a violência e a crença. A produção,
portanto, é atravessada por temas como a redenção do crime, o castigo, a
penitência, o perdão e o destino – sempre expiados a partir do ponto de vista
do catolicismo popular: “Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um
dia de capina com sol quente, que às vezes custa mais a passar, mas sempre
passa. E você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria… Cada um tem a sua
hora e a sua vez: você há de ter a sua”. (Jornal O Tempo, 25/11/2023)
Luciano Luppi, meu genro integrou o
elenco em 1985 e também agora, interpreta o mesmo personagem: o padre.
Há muito tempo não assistia a uma ópera
e esta será uma oportunidade de ver encenado um assunto muito nosso, de Minas
Gerais, uma inflexão entre o Bem e o Mal.
A pré- estréia foi realizada na Gruta
de Maquiné . Ali o elenco se transportou penetrando corajosamente pelas
entranhas da terra.
Gosto muito de coisas misteriosas e
místicas, elas me fazem relembrar um passado longínquo, perdido no tempo e
guardado como um tesouro nas profundezas de uma gruta
FOTOS DE NELSON ALMEIDA
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É um prazer ilustrar uma obra de Guimarães Rosa! Principalmente no blog da Maria Helena Andrés, cuja casa frequentei na minha infância!
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