quinta-feira, 2 de novembro de 2023

ÓPERA "MATRAGA"







 

Quando voltamos de uma viagem à Diamantina, fiz questão de passar por Cordisburgo, para ver a cidade onde nasceu Guimarães Rosa, o grande escritor mineiro que deixou uma pequena cidade para se projetar no mundo. Cordisburgo está bem perto da Gruta de Maquiné, lugar turístico com formações rochosas milenares. Naquele lugar misterioso e cheio de perigos, Guimarães Rosa criou o conto "A hora e vez de Augusto Matraga", que integra o seu livro "Sagarana".

Hoje esta história está sendo relembrada na Ópera "Matraga", adaptada pelo músico e dramaturgo argentino Rufo Herrera que a revestiu com texto e música. Em 1985 o trabalho de Rufo, que este ano completa 90 anos, foi encenado em Belo Horizonte pelo Palácio das Artes. Encontro mágico de gerações que se prolongam no tempo.

 

 

"O espetáculo, reunindo música, teatro, dança e literatura, montado a partir da partitura e do libreto de Rufo Herrera, conta a trajetória de um homem violento e arrogante, “duro, doido e sem detença, como um bicho grande do mato” que perde tudo o que possui e busca a salvação em um lugar estranho e hostil. Em sua trajetória, ele enfrenta tentações, provações e conflitos que o levam a questionar sua fé e seu destino.  

Assim como no conto, a montagem enfatiza duas constantes no sertão rosiano: a violência e a crença. A produção, portanto, é atravessada por temas como a redenção do crime, o castigo, a penitência, o perdão e o destino – sempre expiados a partir do ponto de vista do catolicismo popular: “Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa mais a passar, mas sempre passa. E você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria… Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua”. (Jornal O Tempo, 25/11/2023)

Luciano Luppi, meu genro integrou o elenco em 1985 e também agora, interpreta o mesmo personagem: o padre. 

Há muito tempo não assistia a uma ópera e esta será uma oportunidade de ver encenado um assunto muito nosso, de Minas Gerais, uma inflexão entre o Bem e o Mal.

A pré- estréia foi realizada na Gruta de Maquiné . Ali o elenco se transportou penetrando corajosamente pelas entranhas da terra.

Gosto muito de coisas misteriosas e místicas, elas me fazem relembrar um passado longínquo, perdido no tempo e guardado como um tesouro nas profundezas de uma gruta

 

FOTOS DE NELSON ALMEIDA

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG "MEMÓRIAS E VIAGENS", CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA






Um comentário:

  1. É um prazer ilustrar uma obra de Guimarães Rosa! Principalmente no blog da Maria Helena Andrés, cuja casa frequentei na minha infância!

    ResponderExcluir