sexta-feira, 10 de setembro de 2021

LUGAR SAGRADO DE ARTE

 

 

Este é um lugar sagrado de arte.

As estrelas brilham em seu entorno e, quando o dia amanhece os pássaros saudando o sol, cantam em conjunto com outros sons que partem de dentro do espaço acústico das macieiras.

Aos poucos a memória me traz lembranças da Índia.

Lá longe, mergulhado em suas histórias do mundo, um asceta vai contando a minha história.

Fomos procura-lo por sua vidência. Ele consegue adivinhar coisas lendo em folhas de palmeira.




Quando cheguei, foi procurar a minha folha.

- “Está escrito aqui, me diz ele.”

-“Você vai ter um lugar sagrado de arte, um espaço herdado de seu marido.”

- “Este lugar vai irradiar por toda a vizinhança e ultrapassar os limites de uma região.”

 - “Lugar sagrado de arte, templo de música, poesia, artes plásticas, ecologia”


 Agora, estou olhando para o estúdio de Alexandre e o salão de música onde Regina compôs as músicas para cura e o Artur promovia as danças sagradas de Gurdjieff.

Este é o local da música um espaço abençoado, enxergado por um vidente na Índia.

Paro para escutar a música, ela realmente domina o espaço.

Não é necessário o uso da palavra e as discussões inúteis.

Falar pelos sons é a linguagem da música.

É a linguagem compreendida por vários povos, não tem idioma próprio.

Vou escutando a música, pensando no quanto ela poderá ajudar na reconstrução da sociedade.

As terras herdadas de meu marido são um celeiro de arte, abrigam a família em tempo de pandemia, atraem espaços para outras artes e também para as crianças.

Arte na educação, espaço de arte, contato com a terra.

Lá fora, o gado está descansando depois de um dia de trabalho.

O leite orgânico, sem agrotóxico, produz o queijo artesanal, queijo de Minas em pequeno porte, sem ambicionar grandes investimentos.

Queijo orgânico, horta orgânica, os antepassados vão gostar de ver suas terras produzindo frutas, flores, verduras e queijo e também se comunicando com outras terras, via internet.

Lugar sagrado de arte é assim: “Unir a arte, a música e transformar tudo na grande e imensurável arte de viver.

Pela manhã, contemplo da minha varanda a paisagem a minha frente, um bando de pássaros canta ao meu lado e o céu muito azul estende seu manto de paz sobre os campos à espera das primeiras chuvas.

Assim mesmo, as flores nascem na primavera.

Setembro chegou e com ele o colorido da primavera.

Preciso parar de escrever e pintar um quadro de flores.

Há muito tempo eu não uso tintas!



O ateliê rural já está pronto, reformado pela dedicação dos filhos que, mesmo estando longe, continuam ajudando.

Obrigada pelos benefícios.

Aqui, neste espaço, eu pintei quadros enormes que participaram de Bienais de São Paulo e exposições coletivas. Os quadros seguiam, enrolados em varas de bambu, para São Paulo.

Relembro aquelas obras que seguiram antes de minhas viagens para Índia.

Recomendei ao meu amigo Ianelli que cuidasse deles, colocasse moldura e os enviasse para a mostra no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Quando voltei da Índia fui ver a exposição que estava quase terminando.

O meu painel podia ser visto de longe, mandei um quadro enorme.

Ianelli comentava comigo.

 – “Todos queriam este espaço, mas seu quadro coube direitinho nesta parede e lá ficou.”

Olho para o Ateliê reformado.

Marília e Cláudia estão trazendo os quadros para cima.

Fico observando o trabalho das duas, tão organizadas!

Eu me sinto parada, só observando e agradecendo a Deus de ter quem dê andamento à minha arte.

Aqui, nesta região, o Instituto Maria Helena Andrés (IMHA) foi criado e já leva seus frutos para outras regiões.

Marília está assumindo o IMHA com a competência de uma historiadora de Arte.

Meus filhos estão dando continuidade ao meu trabalho, organizando tudo com dedicação.

E a arte vai crescendo também intensamente neste Campo das Vertentes, com a participação dos filhos, cada um assumindo o seu papel.

Eliana fez a trajetória, Ivana conduziu o blog, Euler foi o primeiro presidente do IMHA.

Maurício organizou minha autobiografia e o e-book de minhas reflexões sobre arte.

Todos em torno de um ideal, produzir e divulgar, para os outros espaços, o poder transformador da arte.

O lugar sagrado de arte começou pequeno e hoje já está ficando grande, estendido aos netos e bisnetos.



Vejo meus bisnetos pintando azulejos sob a direção de Isaura e, lá no Rio, outros bisnetos produzindo castelos na areia e pinturas nas paredes.

A arte vai mudar o pensamento desta nação muito sofrida.

Ela é a nossa mensagem da paz e da harmonia entre os seres humanos.

Que continuem assim é o que eu desejo.

Dar continuidade é seguir sempre a voz do coração e produzir sempre o que vem de dentro, porque esta voz é a voz de Deus.

Lugar sagrado de arte é este, em que todas as artes podem se encontrar e criar uma sinfonia de vozes, cores, luzes, palavras.

Todas as preciosidades que recebemos gratuitamente durante a nossa caminhada nesta terra.

*FOTOS DE ARQUIVO E DA INTERNET

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG "MEMÓRIAS E VIAGENS", CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA

 

Um comentário:

  1. Maravilha, mãe de todos nós. É você quem impulsiona com amor este lugar sagrado de arte!!!

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