Celma Alvim, crítica de arte atuante durante muitos anos em BH, era antes de tudo uma grande amiga de todos.
Ela
procurava enxergar nos quadros a alma poética dos artistas que se expressavam
em formas linhas e cores.
Transcrevo abaixo um texto de Celma sobre a minha fase Espacial:
Superando equivalências a um estágio da civilização culminante nas conquistas espaciais, sua arte atual caminha no sentido de um movimento impulsor que funde, na luta e na aventura científica, os componentes de um espírito repartido entre a dramaticidade (fase de guerra)
e o lirismo (fase dos barcos).
Figurativo imaginário
A artista, que nunca foi uma abstrata por excelência em que pese a influência do informal, da Action Painting, a partir de 1961, quando fez um curso de especialização nos Estados Unidos, joga com o figurativo imaginário, ligado a uma ideia central que estrutura o quadro e dá-lhe um arcabouço para composição, nunca a fluidez só de espaço e de cores habilmente lançadas. Neste particular, convém que se diga que na própria fase concretista de Maria Helena Andrés as formas abstratas geométricas sugeriam “cidades iluminadas”
revelando-se um significado, um fio de ligação à coerência e ao nexo.
Em toda a sua obra há uma necessidade de mutação, um
sentimento nômade de percorrer terras, espaço e mares numa constante
contraposição ao estático. A fantasia, em largos lances, incompatibiliza o
cotidiano, a pormenorização do dia a dia, força a superação da realidade, o
vislumbre da vida em gradação imaginária e fantástica.
Na sua condição de excelente colorista, Maria Helena emprega preferencialmente cores fortes, consentâneas à sua personalidade, pois a sua pintura é ela própria, nas suas concepções, na sensibilidade, no apurado sentimento de humildade, na eterna fuga das coisas sem alma e dos fantasmas de toda espécie que povoam o profundo deserto da vida. A afirmação de sua forte personalidade e a impressionante unidade de sua obra artística emergem das cores vivas, mas transparentes, dos traços negros e incisivos, mas metálicos, de seus quadros.
É que a realidade, circunscrita ao mundo material, não lhe basta. Ela, nas cores transparentes, quer ver além dos objetos e dos corpos. Nos traços metálicos, pretende iluminar essas realidades com o brilho do espírito e da sensibilidade.
Exposição
No próximo dia 5 de Agosto, na galeria do Copacabana
Palace, a artista estará expondo 20 trabalhos desta série intitulada
“Espacial”. De certa forma antecipada em Minas – através da Sala Especial a ela
dedicada no Salão dos Destaques nas Artes 68 – esta mostra é apresentada em
catálogo por Paulo campos Guimarães, layout de Eduardo de Paula e fotografias
de Maurício Andrés.” (Celma Alvim, Jornal “Estado de Minas”, BH, 20 de julho de
1969)
FOTOS DE ARQUIVO E DA INTERNET
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