sexta-feira, 17 de setembro de 2021

A PINTURA ESPACIAL DE MARIA HELENA ANDRÉS

 


Celma Alvim, crítica de arte atuante durante muitos anos em BH, era antes de tudo uma grande amiga de todos.

Ela procurava enxergar nos quadros a alma poética dos artistas que se expressavam em formas linhas e cores.

Transcrevo abaixo um texto de Celma sobre a minha fase Espacial:



 “Ligando-se à uma temática de postura universal, Maria Helena Andrés, desde 1966, esquadrinha os cosmos, intui a rota de foguetes voadores, antecipa Aldrin e Armstrong em absurdos fantásticos roteiros postos nas telas, com toda força de figuração pressentida e imaginada. 


Superando equivalências a um estágio da civilização culminante nas conquistas espaciais, sua arte atual caminha no sentido de um movimento impulsor que funde, na luta e na aventura científica, os componentes de um espírito repartido entre a dramaticidade (fase de guerra)



e o lirismo (fase dos barcos).



Figurativo imaginário

A artista, que nunca foi uma abstrata por excelência em que pese a influência do informal, da Action Painting, a partir de 1961, quando fez um curso de especialização nos Estados Unidos, joga com o figurativo imaginário, ligado a uma ideia central que estrutura o quadro e dá-lhe um arcabouço para composição, nunca a fluidez só de espaço e de cores habilmente lançadas. Neste particular, convém que se diga que na própria fase concretista de Maria Helena Andrés as formas abstratas geométricas sugeriam “cidades iluminadas”


revelando-se um significado, um fio de ligação à coerência e ao nexo.

Em toda a sua obra há uma necessidade de mutação, um sentimento nômade de percorrer terras, espaço e mares numa constante contraposição ao estático. A fantasia, em largos lances, incompatibiliza o cotidiano, a pormenorização do dia a dia, força a superação da realidade, o vislumbre da vida em gradação imaginária e fantástica.

Na sua condição de excelente colorista, Maria Helena emprega preferencialmente cores fortes, consentâneas à sua personalidade, pois a sua pintura é ela própria, nas suas concepções, na sensibilidade, no apurado sentimento de humildade, na eterna fuga das coisas sem alma e dos fantasmas de toda espécie que povoam o profundo deserto da vida. A afirmação de sua forte personalidade e a impressionante unidade de sua obra artística emergem das cores vivas, mas transparentes, dos traços negros e incisivos, mas metálicos, de seus quadros. 



É que a realidade, circunscrita ao mundo material, não lhe basta. Ela, nas cores transparentes, quer ver além dos objetos e dos corpos. Nos traços metálicos, pretende iluminar essas realidades com o brilho do espírito e da sensibilidade.

Exposição

No próximo dia 5 de Agosto, na galeria do Copacabana Palace, a artista estará expondo 20 trabalhos desta série intitulada “Espacial”. De certa forma antecipada em Minas – através da Sala Especial a ela dedicada no Salão dos Destaques nas Artes 68 – esta mostra é apresentada em catálogo por Paulo campos Guimarães, layout de Eduardo de Paula e fotografias de Maurício Andrés.” (Celma Alvim, Jornal “Estado de Minas”, BH, 20 de julho de 1969)

FOTOS DE ARQUIVO E DA INTERNET

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