Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
SONIA LABORIAU
A artista Sonia Laboriau teve uma conversa comigo por zap. Ela mora num apartamento com vista para a cidade. Como eu, ela está criando coisas novas nesta quarentena. Os artistas em geral estão vivenciando de modo muito vivo e criativo este período de quarentena. O fato de ficar em casa propicia um enriquecimento de ideias muito maior do que quando a pessoa tem a possibilidade de circular. Há um contato direto com o ser interno e maior comunicação com a natureza. Quando enviei para a Sonia uma foto da minha escultura, ela me respondeu com o poema abaixo.
“Embora retangular,
Comove amiga
Maria,
O presente recebido.
Por esta mensagem, Helena,
Querida artista, tenaz!”
(Sonia Laboriau)
Para um artista o isolamento mostra novas direções
para sua arte e caminho de vida. Há muitos vasos e flores na varanda, um testemunho
da ligação da artista com a natureza. Ali, no seu entorno existe um jardim
cultivado com amor.
Ainda me lembro, como se fosse hoje, do dia em que
Sonia foi me visitar no Retiro das Pedras, presenteando-me com uma linda rosa.
Plantei a rosa na entrada da minha casa e todos os anos ela renasce em botões e
rosas, numa saudação ao sol e à alegria de viver.
É através do cultivo de plantas que iremos nos
sintonizar com toda a criação.
Contemplo o botão de rosa que está começando a
surgir na minha porta e o seu perfume me recorda a presença cheia de vida desta
artista minha amiga.
*Fotos de arquivo e da internet.
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”,
CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
domingo, 2 de agosto de 2020
UM MÊS NO MATO, O QUE APRENDI NESSE PERÍODO
Um mês no
mato. O que eu aprendi nesse período.
Recebi de
Paulo Gontijo, marido da minha neta Alice, o texto que transcrevo abaixo:
“Pouco
mais de um mês atrás, Alice e eu pegamos as meninas, alugamos um carro de uma
amiga e viemos continuar nossa quarentena em Entre Rios de Minas. A cidade tem
15 mil habitantes, 4 casos de Covid confirmados e, o mais importante, espaço.
Para quem tem filhas de 3 e 2 anos a rotina de elevador-1 hora de banho de
sol-higieniza tudo – repete - era particularmente perigosa, ainda mais com a
Cecília, minha caçula tendo um quadro de doenças respiratórias frequentes.
A família
da Alice tem uma terrinha, como eles dizem em Minas. E nela a casa da avó dela,
apesar de bastante rústica, foi sendo arrumada ao longo desse mês. Já podemos
dizer que temos algo perto de uma rotina aqui. Alice caminha todo dia cedo,
depois do café eu e as meninas damos comida para os porcos, a internet por
satélite, apesar de cara tem funcionado bem o suficiente e vamos trabalhando,
cuidando da casa e tentando dar o máximo de atenção que conseguimos, para as meninas.
Nesse
período o mais importante foi começar a fazer um exercício de reavaliar o que é
fundamental na minha vida e o que, surpreendentemente, não é.
É muito
legal viver perto do burburinho em Pinheiros, ter bons restaurantes na quadra e
ir a pé para o escritório. É muito mais importante ver as minhas filhas
brincando com a Pipoca, cachorrinha vira-lata que nos adotou e poderem brincar
ao ar livre. Carrapatos incomodam, sempre temos terra ou lama para limpar no
chão da casa e elas vivem sujas e felizes. A creche bilíngue com pedagogia de
ponta é espetacular, mas enquanto as escolas não reabrem, a Cora colhe flores
todos os dias, vê tucanos e seriemas (que a Ceci chama de Cinemas) e aprende o
que é ordenhar uma vaca.
Tia Iara
e Tio Euler, que moram na casa de cima, produzem laticínios, então queijo bom
nunca falta. Nos sábados de manhã os moradores do entorno fazem uma espécie de
feira pop-up organizada pelo whatsapp. Sempre compro umas garrafas de cerveja
artesanal, uns sacões de tangerina e, algumas vezes, uma goiabada. Somando isso
tudo, talvez eu conseguisse pagar um café expresso no aeroporto de Congonhas ou
beber uma coca com esfirra (ou seria esfiha) em Pinheiros.
A hora de
voltar para a cidade grande vai chegar, talvez agosto, setembro quem sabe.
Nesse tempo, descobri que aproveitar as horas, ter espaço e não viver
cultivando a falta de tempo e a correria podem fazer de mim uma pessoa mais
produtiva, conectada com a minha mulher e as minhas filhas e atenta ao que
importa de verdade. E talvez seja esse o nosso desafio pós Covid, achar espaço
e tempo, parar um pouco mais, olhar um pouco mais para quem e o que importa.”
(Paulo Gontijo)
*Fotos de
arquivo
VISITE
TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.