Dando
continuidade às postagens sobre Arte Sacra, transcrevo o texto abaixo, extraído
do meu livro “Vivência e Arte”, Editora Agir, 1968.
E vimos também o barroco português em
nossa terra, simbolizando a realeza e o poderio material do ouro, trazer-nos,
com sua mensagem de beleza e arte, o testemunho de uma completa transformação
na ordem espiritual e religiosa da época.
Vimos os santos dramáticos, as formas
convulsas e complicadas, redondas, sensuais, refletir uma época de
sentimentalismo e contendas religiosas. Em lugar da unidade e espírito
comunitário da arte medieval, a rivalidade e o espírito de competição das
congregações religiosas. O barroco foi a mais importante herança de arte que
tivemos. Ele nos deu testemunho de suas riquezas nas igrejas da Bahia e Minas,
no Convento de Santo Antônio e no Mosteiro de São Bento, no Rio. Em Minas, o
Aleijadinho deixou-nos a marca de seu gênio não só em Ouro Preto como também em
Congonhas do Campo e São João Del Rei, Tiradentes, Sabará e Mariana. Seus
santos revestem os mesmos princípios dramáticos do barroco, têm vida humana, e
não divina. Tendo traduzido a seu modo os textos bíblicos, de maneira expressiva
e atormentada, ele eternizou também, com sua arte, o espírito do tempo em que
viveu. E foi, conjuntamente com Ataíde, um dos maiores artistas brasileiros do
passado.
No Rio, três monges do século XVII fizeram construir o Mosteiro de São
Bento, considerado como um dos monumentos mais importantes do Patrimônio
Histórico. O esplendor arquitetônico do Mosteiro deve-se à tradição da Ordem de
São Bento, que inspirou o espírito de seu fundador e aos três artistas que, em
conjunto, expressaram, dentro da linguagem de seu tempo, toda a grandeza de sua
fé. Estes artistas foram: Frei Bernardo de São Bento – arquiteto; Frei Domingos
da Conceição – escultor; e Frei Ricardo do Pilar – pintor.
Seguindo as características da época, a
arte sacra manifestou-se através de verdadeiros artistas, esclarecidos apenas
nos aspectos formais, mas interpretando a verdade a seu modo. Daí temos a
verdade de um Rafael e de um Miguel Ângelo (considerado o pai do barroco), de
um Leonardo e de um Ticiano e, mais tarde, de um Goya e um Delacroix. Podemos
fazer exceção a El Greco e Rembrandt, que procuraram traduzir em suas telas
algo mais que a simples inspiração de um tema, trazendo para a Igreja uma
contribuição de arte realmente cristã.
*Fotos
da internet
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