segunda-feira, 18 de maio de 2020

ARTE SACRA III


Dando continuidade às postagens sobre Arte Sacra, transcrevo o texto abaixo, extraído do meu livro “Vivência e Arte”, Editora Agir, 1968.

As catedrais góticas nasceram e cresceram com as comunidades cristãs, expandiram-se por toda a Europa, levando o mesmo ideal de beleza e grandiosidade a outros países e povos.

         As comunidades cristãs orientavam e dirigiam a construção das catedrais tentando conservar, através dos séculos, a mesma unidade de estilo.
         Enquanto esta orientação coincidiu com o impulso interno e a realidade sacral em que viviam, sua arte foi autêntica.

         A arte não pode sobreviver senão num clima sempre renovado de liberdade de criação.
         O artista precisa expressar-se livremente, de um modo pessoal, e, mesmo em se tratando de arte sacra, esta liberdade é necessária; liberdade de expressão e concepção, obedecendo apenas ao sentimento espiritual e litúrgico que a obra pede.

         Este respeito ao litúrgico não significa, absolutamente, a repetição monótona dos estilos do passado, porque, dentro de uma civilização completamente diversa, estes estilos não traduziriam mais uma realidade. A decadência de um estilo começa quando ele é repetido superficialmente, como fórmula. 

Sentindo que o espírito comunitário perdia terreno e a alma do povo já não participava em conjunto de um só ideal, voltaram-se os meios religiosos, numa tentativa de renovação, para a arte popular, feita por leigos. Suas origens vinham dos primeiros tempos do cristianismo, ainda nas catacumbas. Mas a arte popular, seguindo uma interpretação pessoal, muitas vezes, pouco esclarecida, veio trazer outro perigo para a arte sacra. Exprimia uma visão particular do artista, nem sempre condizente com a liturgia. Ela foi, ao mesmo tempo, o reflexo e o incentivo do sentimentalismo manifestado no século XVIII pelo barroco.

 "Comover o espectador, representando a emoção experimentada pelo personagem, foi uma das leis da estética barroca", escreveu André Malraux.

         A arte nos dá testemunho da vida de um povo, reflete o melhor e o pior de uma época. Assim, vimos o cristianismo da Idade Média erguer-se com suas catedrais em profunda unidade, coordenando todos os esforços num só sentido.

*FOTOS DA INTERNET

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