Dando
continuidade às postagens sobre Arte Sacra, transcrevo o texto abaixo, extraído
do meu livro “Vivência e Arte”, Editora Agir, 1968.
As
catedrais góticas nasceram e cresceram com as comunidades cristãs,
expandiram-se por toda a Europa, levando o mesmo ideal de beleza e
grandiosidade a outros países e povos.
As comunidades cristãs orientavam e
dirigiam a construção das catedrais tentando conservar, através dos séculos, a
mesma unidade de estilo.
Enquanto esta orientação coincidiu com
o impulso interno e a realidade sacral em que viviam, sua arte foi autêntica.
A arte não pode sobreviver senão num
clima sempre renovado de liberdade de criação.
O artista precisa expressar-se
livremente, de um modo pessoal, e, mesmo em se tratando de arte sacra, esta
liberdade é necessária; liberdade de expressão e concepção, obedecendo apenas
ao sentimento espiritual e litúrgico que a obra pede.
Este respeito ao litúrgico não
significa, absolutamente, a repetição monótona dos estilos do passado, porque,
dentro de uma civilização completamente diversa, estes estilos não traduziriam
mais uma realidade. A decadência de um estilo começa quando ele é repetido
superficialmente, como fórmula.
Sentindo que o espírito comunitário perdia
terreno e a alma do povo já não participava em conjunto de um só ideal,
voltaram-se os meios religiosos, numa tentativa de renovação, para a arte
popular, feita por leigos. Suas origens vinham dos primeiros tempos do
cristianismo, ainda nas catacumbas. Mas a arte popular, seguindo uma
interpretação pessoal, muitas vezes, pouco esclarecida, veio trazer outro
perigo para a arte sacra. Exprimia uma visão particular do artista, nem sempre
condizente com a liturgia. Ela foi, ao mesmo tempo, o reflexo e o incentivo do
sentimentalismo manifestado no século XVIII pelo barroco.
"Comover o espectador, representando a
emoção experimentada pelo personagem, foi uma das leis da estética barroca",
escreveu André Malraux.
A arte nos dá testemunho da vida de um
povo, reflete o melhor e o pior de uma época. Assim, vimos o cristianismo da
Idade Média erguer-se com suas catedrais em profunda unidade, coordenando todos
os esforços num só sentido.
*FOTOS
DA INTERNET
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