Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 26 de agosto de 2019
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA NATUREZA
“Que todos os seres
existentes na face da terra, quer seja um minúsculo organismo, quer seja o
maior dos mamíferos, tenham direito a viver em comunhão com o seu meio
ambiente; com água pura, ar respirável e o sol como fonte de luz e calor;
Que o fogo, como instrumento
de transformação, somente seja manipulado pela consciência dos que optaram
sinceramente pela paz;
Que a terra seja o leito da
vida, sem erosões ou obras de engenharia que deturpem a sua missão maior:
servir de berço e colo aos seres todos viventes;
Que a água seja o sangue da
terra e tenha o direito a expulsar de suas entranhas as impurezas que a
ignorância e a estupidez nela
depositarem;
Que o manto que cobre a face
do planeta seja tecido com ar puro e expandido, levando à todos os seres o
sopro primeiro e último, em quantidade e qualidade suficientes para manter a
vida em estado de graça e beleza;
Que a flora e a fauna
tenham o direito de viver, de reproduzir e de morrer, cada um de seus
representantes de acordo com o seu grão e o seu projeto de existência;
Que a razão somente seja
usada para proteger a vida e distribuir riquezas entre os povos do mundo;
Sejam os homens eleitos os
guardiães da natureza, e que todos os seus atos tenham a mesma força no retorno
à si próprio, quer seja para o sofrimento ou para o bem estar da humanidade;
Que a Mãe Terra seja
abençoada e louvada todos os dias, até os tempos que não terão fim.”
Luciano Luppi
*Fotos de Eliana Andrés e
Ivana Andrés
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segunda-feira, 19 de agosto de 2019
PEQUENA RETROSPECTIVA DA ATUAÇÃO DO IMHA EM ENTRE RIOS DE MINAS
No dia 14 de julho de 2019, retornamos a Entre Rios,
onde estivemos várias vezes, celebrando os Festivais de Inverno e o Ponto de
Cultura. Entre Rios tem, por tradição a música, desde a época do barroco.
Fazendo um pequeno retrospecto, Felipe Resende,
atual Secretário de Cultura, promoveu há alguns meses atrás no Vila Lobo, a
projeção do filme “Maria Helena Andrés, Arte e Transcendência”.
Naquela ocasião, Euler, como primeiro presidente do
IMHA, nos trouxe a história dos festivais, cuja realização só foi possível
graças aos patrocinadores, a Gerdau e a Cemig.
“Ivana e Luciano dirigiram 4 edições do festival de
Inverno de Entre Rios, juntamente com o produtor Julio Varela, conseguindo manter
um nível muito elevado de qualidade artística.”
Depois da fala de Felipe, 2 jovens deram o seu
depoimento. Ambos são muito gratos ao IMHA, porque foi durante os festivais que
foram despertados para a música.
“No Festival estudei com a Cecília Barreto. Mais
tarde, no Ponto de Cultura, estudei com Kristoff Silva. Em seguida, fiz o teste
e segui para a Universidade. Naquela época eu não tinha recursos para pagar a
Universidade, mas obtive o meu primeiro salário no Ponto de Cultura, dando
aulas para as crianças. Desta forma eu pude pagar meus estudos. Agora continuo
dando aulas através da Prefeitura. Aqui estou para agradecer a todos vocês.”
Outra pessoa, a jovem Alice, não se referiu aos
festivais nem ao IMHA. Sua proposta é participar do novo Mutirão, com sua experiência
de poeta “aldravia”. Após a exibição do
filme, Alice me presenteou com suas publicações.
O prefeito de Entre Rios, José Walter Resende Aguiar
disse que, quando assumiu o cargo, havia na sala dele, 2 quadros doados por mim
na época em que Arnaldo Resende era o prefeito. Ele mandou retirar da sala dele
e colocar num lugar onde todos pudessem ver.
“Hoje, como prefeito de Entre Rios, vejo que a
educação é muito importante, mas a cultura muda a percepção das pessoas, ela é
mais abrangente, daí a necessidade da Educação e da Cultura”
*Fotos de arquivo
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terça-feira, 13 de agosto de 2019
OFICINA DE PAPEL NO MUTIRÃO CULTURAL DE ENTRE RIOS DE MINAS
O texto abaixo foi uma introdução à minha Oficina de
Papel:
Sempre gostei de mutirões, porque através deles
aparecem talentos e doações generosas.
Dividir com os outros os nossos conhecimentos é
muito importante.
Hoje, vou dividir com vocês um pouco dos meus 83
anos de arte e trabalho ininterruptos.
Comecei aos 14 anos desenhando artistas de cinema e
até hoje o desenho é companheiro inseparável de tudo o que eu fiz na minha vida
de artista.
O meu itinerário artístico se expandiu em Entre Rios
de Minas, na fazenda da Barrinha. Ali,
munida de pincéis e aquarelas, eu me enveredava pelos morros e vales, buscando
situações do cotidiano de uma fazenda mineira. Os currais, vacas sendo
ordenhadas, os cavalos preparados para serem montados pelos empregados ou
crianças, o interior da fazenda com seus móveis antigos, a cozinha de fogão de
lenha, o relógio antigo que dava badaladas, tudo isso era novo para mim. Eu
tinha sido criada em Belo Horizonte e a vida no campo era uma novidade.
O Campo das Vertentes foi fundamental para um
despertar de um novo caminho. Ali encontrei sugestões variadas para a minha
arte.
Desenhar é fundamental, rabiscar é importante, pois é
dos rabiscos que surgem as ideias. O desenho pode ser disciplinado ou livre,
correspondendo à necessidade de cada artista.
É importante que cada um e cada uma de vocês
encontre o seu próprio caminho, seja copiando paisagens, cenas do cotidiano,
festas populares, tais como a festa da colheita, famosa na região. É importante
anotar tudo, e Entre Rios oferece oportunidade para isto.
Desenhar na rua ou das janelas da cidade, documentar
o movimento do povo, depois percorrer os campos, desenhar os carros de boi, as
festas juninas, tudo isto serve de motivação para novos quadros ou livros de
artista.
Nesta aula iremos inicialmente experimentar a “Linha
contínua”, ensinada pelo próprio mestre Guignard, de quem fui aluna. Iremos
partir de um ponto no papel, percorrer um desenho figurativo (ou não) e voltar
para o mesmo ponto, sem tirar a caneta do papel, e sem se preocupar em cruzar
linhas já traçadas.
Mostrarei em seguida algumas experiências com a arte
não figurativa.
Iremos lembrar uma frase do famoso crítico de arte
Maurice Denis :
“Um quadro, antes de ser uma paisagem ou uma figura
humana, é um conjunto de linhas e formas que se harmonizam numa certa ordem.”
Iremos trabalhar com figuras geométricas recortadas
por vocês em papéis coloridos e depois coladas no papel suporte. Cada um de
vocês irá procurar esta “certa ordem”, a que se refere Maurice Denis. Esta
ordem se chama “Composição”, e será colada no papel. A sua aplicação pode ser
em quadros, em toalhas, sacolas, jogos americanos, bolsas, etc.
Ajustando formas e combinando cores, chegaremos a um
resultado feliz.
Partindo da linha contínua já experimentada no
desenho, vocês irão criar uma escultura de papel, que mais tarde servirá de
base para novas criações.
Mostrarei finalmente como recuei no tempo em busca
das origens da minha arte, figurativa e não figurativa, transformando as ideias
de décadas passadas em colagens e em esculturas. As primeiras esculturas
partiram de desenhos geométricos, chamados de “construtivos” e, através de
programas de computação, tornaram-se tridimensionais.
Vamos começar?
Um grande abraço,
Maria Helena Andrés
*Fotos de Natália França
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segunda-feira, 5 de agosto de 2019
ALGUNS ASPECTOS DO MUTIRÃO CULTURAL DE ENTRE RIOS DE MINAS
Estou sentada em frente à Igreja Nossa Senhora das
Brotas em Entre Rios de Minas. O sol ilumina a feira de sábado onde se vende o
produto da semana. Contribuímos com o nosso produto. Viemos de BH para
colaborar com a cidade neste Mutirão de Artes. Foi uma semana produtiva. A
turma daqui é aberta à arte e à cultura, pois sabem que, exercendo a arte, deixando
fluir sua própria energia criativa, também estão colaborando para o
desenvolvimento da região e do país.
O IMHA (Instituto Maria Helena Andrés)
abriu caminho através de vários projetos. Para esta cidade vieram professores,
maestros, orquestras, diretores de teatro, de circo. Entre Rios se encheu de
risos e cores. Os cinegrafistas documentaram tudo e hoje o secretário de
Cultura está incentivando este Mutirão de Arte. Gosto muito de Mutirões, o
resultado é excelente...
Ficamos encarregadas da Oficina de papel, coordenada
por Ivana, Sarahy, Marília e eu. Gostei dos trabalhos, lindos, criativos.
Fizeram colagens e desenhos individuais e coletivos, bem como esculturas de
papel.
Agora, as jovens artistas são também “curadoras” da
mostra e organizam ao ar livre a exposição.
Outro grupo de artistas trabalhou com dedicação e
entusiasmo nos bordados sobre a cidade. Bordaram as casas de Entre Rios. Um
sucesso de solidariedade. Aliás, Mutirão significa solidariedade. Houve
entusiasmo na realização e na cooperação da mostra.
Entramos pelo antigo bar Vila Lobo. Lá embaixo no
gramado, as crianças, sentadas na grama, soltam bolhas de sabão, conduzidas
pela mestra Sarahy. Depois correm pelo gramado atrás das bolhas.
Volto à praça para ver as artistas de ontem
colocando hoje seus trabalhos. Armam um varal nas árvores e, ao sabor do vento,
os desenhos e colagens são mostrados.
Um rapaz veio nos cumprimentar.
“Estou conhecendo a senhora. A senhora era cliente
do Banco Credireal?”
Sim,
respondi.
“Eu trabalhei no banco, hoje estou na roça. Não
troco a roça por nada...”
Fiquei pensando naquele depoimento espontâneo sobre
a qualidade de vida de um bancário e de um fazendeiro.
Escutamos o som da capoeira animando a festa. A
capoeira é tradicional nas festas brasileiras pois ela canta e dança a alma do
brasileiro. Na sua essência, o brasileiro é um ser alegre e comunicativo.
Comes e bebes fazem parte do mutirão, num
intercâmbio feliz e prazeroso. Ali se vende o produto da roça: queijo, pães,
empadinhas.
Felipe Resende, o secretário de Cultura veio me
procurar. Vai dançar a Dança da Mangüara tradicional da região. Foi criada por
uma família de Entre Rios e até hoje se apresenta nas festas.
Às 5 horas entramos mais uma vez na biblioteca,
agora para assistir à palestra “Patrimônio Cultural: conceitos, políticas e
diretrizes” da conservadora do patrimônio, a jovem Mariah Boelsums.
Fotos de Natália França
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