segunda-feira, 26 de agosto de 2019


DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA NATUREZA


 Compartilho com muita emoção o texto abaixo, escrito por Luciano Luppi e interpretado por Ivana Andrés, minha filha, durante o Ato em defesa da Amazônia, realizado no dia 25/08 na Praça do Papa em Belo Horizonte. Espero que este manifesto se espalhe pelo mundo.

“Que todos os seres existentes na face da terra, quer seja um minúsculo organismo, quer seja o maior dos mamíferos, tenham direito a viver em comunhão com o seu meio ambiente; com água pura, ar respirável e o sol como fonte de luz e calor;

Que o fogo, como instrumento de transformação, somente seja manipulado pela consciência dos que optaram sinceramente pela paz;

Que a terra seja o leito da vida, sem erosões ou obras de engenharia que deturpem a sua missão maior: servir de berço e colo aos seres todos viventes;

Que a água seja o sangue da terra e tenha o direito a expulsar de suas entranhas as impurezas que a ignorância e a estupidez  nela depositarem;

Que o manto que cobre a face do planeta seja tecido com ar puro e expandido, levando à todos os seres o sopro primeiro e último, em quantidade e qualidade suficientes para manter a vida em estado de graça e beleza;

Que a flora e a fauna tenham o direito de viver, de reproduzir e de morrer, cada um de seus representantes de acordo com o seu grão e o seu projeto de existência;

Que a razão somente seja usada para proteger a vida e distribuir riquezas entre os povos do mundo;

Sejam os homens eleitos os guardiães da natureza, e que todos os seus atos tenham a mesma força no retorno à si próprio, quer seja para o sofrimento ou para o bem estar da humanidade;

Que a Mãe Terra seja abençoada e louvada todos os dias, até os tempos que não terão fim.”

Luciano Luppi

*Fotos de Eliana Andrés e Ivana Andrés

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segunda-feira, 19 de agosto de 2019


PEQUENA RETROSPECTIVA DA ATUAÇÃO DO IMHA EM ENTRE RIOS DE MINAS


No dia 14 de julho de 2019, retornamos a Entre Rios, onde estivemos várias vezes, celebrando os Festivais de Inverno e o Ponto de Cultura. Entre Rios tem, por tradição a música, desde a época do barroco.

Fazendo um pequeno retrospecto, Felipe Resende, atual Secretário de Cultura, promoveu há alguns meses atrás no Vila Lobo, a projeção do filme “Maria Helena Andrés, Arte e Transcendência”.

Naquela ocasião, Euler, como primeiro presidente do IMHA, nos trouxe a história dos festivais, cuja realização só foi possível graças aos patrocinadores, a Gerdau e a Cemig.

“Ivana e Luciano dirigiram 4 edições do festival de Inverno de Entre Rios, juntamente com o produtor Julio Varela, conseguindo manter um nível muito elevado de qualidade artística.”

Depois da fala de Felipe, 2 jovens deram o seu depoimento. Ambos são muito gratos ao IMHA, porque foi durante os festivais que foram despertados para a música.

“No Festival estudei com a Cecília Barreto. Mais tarde, no Ponto de Cultura, estudei com Kristoff Silva. Em seguida, fiz o teste e segui para a Universidade. Naquela época eu não tinha recursos para pagar a Universidade, mas obtive o meu primeiro salário no Ponto de Cultura, dando aulas para as crianças. Desta forma eu pude pagar meus estudos. Agora continuo dando aulas através da Prefeitura. Aqui estou para agradecer a todos vocês.”

Outra pessoa, a jovem Alice, não se referiu aos festivais nem ao IMHA. Sua proposta é participar do novo Mutirão, com sua experiência de poeta “aldravia”.  Após a exibição do filme, Alice me presenteou com suas publicações.

O prefeito de Entre Rios, José Walter Resende Aguiar disse que, quando assumiu o cargo, havia na sala dele, 2 quadros doados por mim na época em que Arnaldo Resende era o prefeito. Ele mandou retirar da sala dele e colocar num lugar onde todos pudessem ver.

“Hoje, como prefeito de Entre Rios, vejo que a educação é muito importante, mas a cultura muda a percepção das pessoas, ela é mais abrangente, daí a necessidade da Educação e da Cultura”

*Fotos de arquivo

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terça-feira, 13 de agosto de 2019


OFICINA DE PAPEL NO MUTIRÃO CULTURAL DE ENTRE RIOS DE MINAS


O texto abaixo foi uma introdução à minha Oficina de Papel:
Sempre gostei de mutirões, porque através deles aparecem talentos e doações generosas.

Dividir com os outros os nossos conhecimentos é muito importante.
Hoje, vou dividir com vocês um pouco dos meus 83 anos de arte e trabalho ininterruptos.
Comecei aos 14 anos desenhando artistas de cinema e até hoje o desenho é companheiro inseparável de tudo o que eu fiz na minha vida de artista.
O meu itinerário artístico se expandiu em Entre Rios de Minas, na fazenda da Barrinha.  Ali, munida de pincéis e aquarelas, eu me enveredava pelos morros e vales, buscando situações do cotidiano de uma fazenda mineira. Os currais, vacas sendo ordenhadas, os cavalos preparados para serem montados pelos empregados ou crianças, o interior da fazenda com seus móveis antigos, a cozinha de fogão de lenha, o relógio antigo que dava badaladas, tudo isso era novo para mim. Eu tinha sido criada em Belo Horizonte e a vida no campo era uma novidade.

O Campo das Vertentes foi fundamental para um despertar de um novo caminho. Ali encontrei sugestões variadas para a minha arte.
Desenhar é fundamental, rabiscar é importante, pois é dos rabiscos que surgem as ideias. O desenho pode ser disciplinado ou livre, correspondendo à necessidade de cada artista.
É importante que cada um e cada uma de vocês encontre o seu próprio caminho, seja copiando paisagens, cenas do cotidiano, festas populares, tais como a festa da colheita, famosa na região. É importante anotar tudo, e Entre Rios oferece oportunidade para isto.

Desenhar na rua ou das janelas da cidade, documentar o movimento do povo, depois percorrer os campos, desenhar os carros de boi, as festas juninas, tudo isto serve de motivação para novos quadros ou livros de artista.
Nesta aula iremos inicialmente experimentar a “Linha contínua”, ensinada pelo próprio mestre Guignard, de quem fui aluna. Iremos partir de um ponto no papel, percorrer um desenho figurativo (ou não) e voltar para o mesmo ponto, sem tirar a caneta do papel, e sem se preocupar em cruzar linhas já traçadas.
Mostrarei em seguida algumas experiências com a arte não figurativa.

Iremos lembrar uma frase do famoso crítico de arte Maurice Denis :
“Um quadro, antes de ser uma paisagem ou uma figura humana, é um conjunto de linhas e formas que se harmonizam numa certa ordem.”
Iremos trabalhar com figuras geométricas recortadas por vocês em papéis coloridos e depois coladas no papel suporte. Cada um de vocês irá procurar esta “certa ordem”, a que se refere Maurice Denis. Esta ordem se chama “Composição”, e será colada no papel. A sua aplicação pode ser em quadros, em toalhas, sacolas, jogos americanos, bolsas, etc.

Ajustando formas e combinando cores, chegaremos a um resultado feliz.
Partindo da linha contínua já experimentada no desenho, vocês irão criar uma escultura de papel, que mais tarde servirá de base para novas criações.
Mostrarei finalmente como recuei no tempo em busca das origens da minha arte, figurativa e não figurativa, transformando as ideias de décadas passadas em colagens e em esculturas. As primeiras esculturas partiram de desenhos geométricos, chamados de “construtivos” e, através de programas de computação, tornaram-se tridimensionais.
Vamos começar?
Um grande abraço,
Maria Helena Andrés

*Fotos de Natália França

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segunda-feira, 5 de agosto de 2019


ALGUNS ASPECTOS DO MUTIRÃO CULTURAL DE ENTRE RIOS DE MINAS


Estou sentada em frente à Igreja Nossa Senhora das Brotas em Entre Rios de Minas. O sol ilumina a feira de sábado onde se vende o produto da semana. Contribuímos com o nosso produto. Viemos de BH para colaborar com a cidade neste Mutirão de Artes. Foi uma semana produtiva. A turma daqui é aberta à arte e à cultura, pois sabem que, exercendo a arte, deixando fluir sua própria energia criativa, também estão colaborando para o desenvolvimento da região e do país. 

O IMHA (Instituto Maria Helena Andrés) abriu caminho através de vários projetos. Para esta cidade vieram professores, maestros, orquestras, diretores de teatro, de circo. Entre Rios se encheu de risos e cores. Os cinegrafistas documentaram tudo e hoje o secretário de Cultura está incentivando este Mutirão de Arte. Gosto muito de Mutirões, o resultado é excelente...

Ficamos encarregadas da Oficina de papel, coordenada por Ivana, Sarahy, Marília e eu. Gostei dos trabalhos, lindos, criativos. Fizeram colagens e desenhos individuais e coletivos, bem como esculturas de papel.

Agora, as jovens artistas são também “curadoras” da mostra e organizam ao ar livre a exposição.

Outro grupo de artistas trabalhou com dedicação e entusiasmo nos bordados sobre a cidade. Bordaram as casas de Entre Rios. Um sucesso de solidariedade. Aliás, Mutirão significa solidariedade. Houve entusiasmo na realização e na cooperação da mostra.
Entramos pelo antigo bar Vila Lobo. Lá embaixo no gramado, as crianças, sentadas na grama, soltam bolhas de sabão, conduzidas pela mestra Sarahy. Depois correm pelo gramado atrás das bolhas.

Volto à praça para ver as artistas de ontem colocando hoje seus trabalhos. Armam um varal nas árvores e, ao sabor do vento, os desenhos e colagens são mostrados. 

Um rapaz veio nos cumprimentar.
“Estou conhecendo a senhora. A senhora era cliente do Banco Credireal?”
 Sim, respondi.
“Eu trabalhei no banco, hoje estou na roça. Não troco a roça por nada...”
Fiquei pensando naquele depoimento espontâneo sobre a qualidade de vida de um bancário e de um fazendeiro.

Escutamos o som da capoeira animando a festa. A capoeira é tradicional nas festas brasileiras pois ela canta e dança a alma do brasileiro. Na sua essência, o brasileiro é um ser alegre e comunicativo.

Comes e bebes fazem parte do mutirão, num intercâmbio feliz e prazeroso. Ali se vende o produto da roça: queijo, pães, empadinhas.
Felipe Resende, o secretário de Cultura veio me procurar. Vai dançar a Dança da Mangüara tradicional da região. Foi criada por uma família de Entre Rios e até hoje se apresenta nas festas.

Às 5 horas entramos mais uma vez na biblioteca, agora para assistir à palestra “Patrimônio Cultural: conceitos, políticas e diretrizes” da conservadora do patrimônio, a jovem Mariah Boelsums.

Fotos de Natália França

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