Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
terça-feira, 23 de abril de 2019
SUITE BURLESCA DOM QUIXOTE DE LA MANCHA
A apresentação da Suíte
Burlesca Dom Quixote no Teatro da Assembléia de BH, promoveu um encontro
entusiástico entre as formas de arte – música de alto nível, desenho, teatro,
marionetes, intercalados pela interpretação do Luciano e a performance de Ivana.
A Orquestra 415 de Música Barroca é uma referência para quem gosta
de música erudita. Inaugurada em 2012, consegue se manter até hoje sem
patrocínio de leis de incentivo. Sua lei de incentivo vem de dentro, do jovem
guerreiro das artes, André Salles Coelho, flautista e diretor da Orquestra.
André vem pesquisando a música barroca há muito tempo, desde a adolescência e
agora realiza concertos com grande sucesso , buscando a integração de outras
formas de arte.
Sentada na primeira fila, pude apreciar de perto o espetáculo que
reuniu música, artes plásticas, poesia, literatura e teatro de marionetes. Dom
Quixote inspirou a criação da peça e dos desenhos realizados ao vivo.
Seus intérpretes são também quixotescos, porque não enxergam
obstáculos para realizar aquilo que
acreditam.
E, nesta atitude quixotesca vão em frente, reunindo em torno de si
a simpatia e a admiração da plateia.
Dom Quixote era uma figura inesquecível da Idade Média na Europa,
que até hoje continua sendo um símbolo para aqueles que desvendam o mundo e
ultrapassam com atrevimento, ousadia e coragem todos as dificuldades.
Abaixo transcrevo o texto de André Salles Coelho, sobre o
espetáculo e sobre a Orquestra 415:
“Dom Quixote é um espetáculo cênico-musical baseado na suíte
burlesca de Dom Quixote de G. P. Telemann e com textos originais da obra de
Miguel de Cervantes. No palco os atores Luciano Luppi e Ivana Andrés misturam
atuação, bonecos, sombras e desenhos realizados em tempo real com as músicas
executadas ao vivo pela Orquestra 415, sob a regência do maestro Eduardo
Fonseca.
Iniciar
mais um ano de temporada é sempre uma alegria enorme e um desafio severo.
Estamos caminhando para nossa quinta temporada de sucesso provando que podemos
realizar uma programação anual sem nenhum patrocínio, sem nenhuma ligação institucional,
apenas com o respaldo do público. Agora queremos ir além, com apresentações
mais ousadas. Este ano teremos vários concertos diversificados, com maestros
convidados, solistas, corais e espetáculos cênico-musicais. A Orquestra 415 de Música Barroca é hoje a
única orquestra do Brasil especializada em música barroca com instrumentos de
época (cópias fieis de instrumentos originais do período) a realizar concertos
mensais, regulares, com repertórios variados.
Os desafios de levar uma
temporada assim são imensos, já que uma orquestra tem muitas demandas e, no
nosso caso, são maiores ainda, pois tudo, instrumentos, partituras,
interpretação, formação da orquestra, é tudo muito particular, especial,
artesanal, o que exigiria muito investimento. E como não temos nenhum apoio,
temos que fazer tudo na raça, na garra".
SOBRE A ORQUESTRA 415 DE MÚSICA ANTIGA
A
Orquestra 415 de Música Antiga foi criada em 2012 com o objetivo de oferecer ao
público um espetáculo único: executar as obras dos grandes gênios barrocos de
uma maneira singular. Iniciativa pioneira em Minas Gerais, a Orquestra 415 de
Música Antiga tem como seu diferencial a utilização de instrumentos como o
traverso, a viola da gamba, o violino barroco, a flauta doce, o violoncelo
barroco, a guitarra barroca, o alaúde e a espineta. Todos réplicas dos
instrumentos utilizados nessa época. Essa particularidade e o requinte na
interpretação das músicas recriam uma sonoridade única, muito próxima àquelas
que as pessoas da época ouviam.
Em suas apresentações, a
Orquestra recria uma oportunidade bastante peculiar: ouvir uma obra barroca de
um grande compositor do período, tocada por instrumentos para os quais as
músicas foram compostas. Provocando, assim, uma experiência única e rara, como
uma viagem no tempo através de um espetáculo singular, agradável e
transcendente.”
*Fotos de Ivana Andrés e Cely
Barral
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terça-feira, 16 de abril de 2019
EXPOSIÇÃO DE WEI WEI NO CCBB
Existem
exposições que nos causam impacto. Uma delas foi a mostra “Raiz”, do artista
chinês Wei wei, no CCBB em BH. Percorrendo a exposição, pude perceber a
presença de um grande artista, que consegue expressar em suas instalações o
drama de nossa civilização. Além de ser um grande artista, Wei wei se expressa
através da palavra. Anotamos algumas de suas frases, que transcrevo abaixo.
“Os artistas
não precisam se tornar mais políticos; os artistas precisam se tornar mais
humanos”
“Se uma
nação não pode enfrentar seu passado, não tem futuro”
“Eles sabem
de muitas coisas que não deveriam saber e não sabem algumas coisas que precisam
saber.”
“A
criatividade faz parte da natureza humana. Só pode ser desaprendida.”
“Não estou
interessado em uma região específica ou uma pessoa ou uma história. Estou
muitíssimo interessado na situação global”.
“Eu não
diria que eu me tornei mais radical: eu nasci radical.”
“Uma pequena
ação vale um milhão de pensamentos.”
“Nacionalidade
e fronteiras são barreiras à nossa inteligência, à nossa imaginação e a toda
sorte de possibilidades”.
“Eu quero
que as pessoas enxerguem o seu próprio poder”.
“Os seres
humanos não dominam o universo. Somos passageiros temporários.”
Para este
artista, com quem eu me identifiquei, ofereço o poema abaixo:
Wei Wei
assume
A dor dos
oprimidos.
Fugitivos
Refugiados.
A dor
coletiva
Daqueles que
Se unem na
Mesma
energia
Buscando
Uma vida
melhor.
Atravessam
Fronteiras
E mares
E, muitas
Vezes não
Chegam
Ao seu
destino.
A dor dos
oprimidos
É expressa
Com grande
intensidade
Nas
instalações
De Wei Wei.
Artista e
ativista
Ele sabe
transmitir
Um cenário
de angústia
E morte
coletiva.
Wei Wei
Sente a dor
Desses
momentos
Cruciais da
Existência
Humana.
Sua
instalação
“Imigrantes”
é
O grande
impacto
Da mostra.
Ficamos
mudos
Diante deste
Ajuntamento
De pessoas
Que se
irmanaram
Na dor e
morrem
No caminho.
Nas águas do
Mediterrâneo
Na lama de
Brumadinho
O impacto é
o mesmo.
*Fotos de
Ivana Andrés
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segunda-feira, 8 de abril de 2019
EXPOSIÇÃO SOTURNOS NOTURNOS
Ali eles puderam se irmanar com a natureza, escutar
o canto dos pássaros, a chegada dos macaquinhos em busca de alimento.
Muitas vezes fui visitá-los em sua residência. Thais
Helt e Allen Roscoe são pessoas importantes no cenário artístico de Minas, seja
na impressão de gravuras, ou na realização de esculturas. Tanto Thais quanto
Allen, realizaram projetos de minha autoria. No momento, Thais se dedica ao seu
próprio trabalho.
A exposição “Soturnos noturnos” foi inaugurada na
Galeria Lemos de Sá, no Jardim Canadá. Senti um grande impacto quando visitei a
exposição.
É um grito de alerta para todos nós. Descreve de
forma não verbal, experiências e conflitos de toda uma região agredida em nome
do progresso. É a fuga, a travessia, o medo da morte. Para Thais Helt, dedico o
poema abaixo.
SOTURNOS NOTURNOS
O papel prensado
De preto se enrosca
Em curvas
Como montanhas
Sacrificadas.
O papel prensado
É um grito
De dor.
É a angústia
Dos oprimidos
Dos
retirantes
Dos fugitivos.
O papel
prensado
De negro
Papel japonês
É a matéria
Escolhida
Para um
Significado
De luto
E de dor.
*Fotos de Eliana Andrés e da internet
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terça-feira, 2 de abril de 2019
PAULO MENDES, ARTISTA ENGENHEIRO
Fui ver a exposição “Urbanas” de Paulo Mendes na Asa de
Papel Café& Arte.
O tema principal de suas pinturas é o aglomerado de pessoas, homens,
mulheres e crianças, o ser humano que palpita e está presente nas grandes
cidades, nos ônibus, nos cafés.Lembra um pouco Montmartre em Paris, quando os
primeiros impressionistas se encontravam para a grande aventura de renovação
das artes.Paulo faz um retorno à figura humana como principal elemento de seus
quadros. As figuras passam a ser motivação para suas composições, sempre nos
tons baixos, sem contrastes.
Elas emergem de um sonho, de uma nuvem cinza, branco, rosa...Sem contar
uma história, elas têm sua vida própria.
Paulo tem uma empresa de construção metálica, situada em Rio Acima, nas
montanhas de Minas. À sua formação técnica como engenheiro, ele soube
acrescentar a sensibilidade do artista plástico.Com grande experiência em
estruturas metálicas, tornou-se apto a construir também esculturas de aço,
tendo realizado com segurança uma obra de minha autoria para a minha casano Retiro das Pedras . A escultura foi colocada no gramado e lá está curtindo a paisagem das montanhas.
Abaixo,segue a
apresentaçãode Marília Andrés para a exposição “Metrô”, que aconteceu em 2018, também
na Asa de Papel Café & Arte:
“Paulo Mendes estreia na cena
artística de Belo Horizonte com a exposição “Metrô” que está em cartaz na
Asa de Papel Café&Arte. Autodidata, o artista, que é também construtor e
músico, apresenta pinturas em acrílica sobre papel,
revelando cenas urbanas que acontecem no interior dos metrôs. Ali se mesclam
pessoas humanas e não humanas, “os porquinhos”, no movimento dos trens que
transitam em alta velocidade.Mas, essas cenas tornam-se cada vez mais
abstratas, revelando o movimento interior que se expressa na emoção do artista.
Como ele fala em seu depoimento, a emoção
está sempre presente no seu processo criativo: “Entro em transe e pinto a
catarse. Jogo a tinta no quadro e surge uma cena explosiva”.Dessa forma, Paulo
Mendes nos mostra uma nova pintura, expressiva, vigorosa e divertida, que
revela a sua maneira de ser no mundo. (Marília Andrés Ribeiro, fevereiro de
2018) ”
Segue também um depoimento do próprio
artista, Paulo Mendes:
“Embora seja um apaixonado pela
natureza é no cotidiano urbano que encontro motivação para minhas pinturas. Em
especial nos metrôs, nas filas de supermercados e em outras situações
rotineiras encontro a matéria prima e a inspiração para meus trabalhos. São
situações diversas compostas de stress, ternura, compaixão, correria, enfim uma
profusão de sensações causadas pelas pessoas no seu dia a dia. Aquilo
que é comum revela-se extremamente rico quando visto com atenção através dos
olhos do observador. Nesse contexto, cenas banais e corriqueiras tornam-se
gigantes e extremamente cheias de significados. Em outras situações, quando
assisto a um espetáculo que envolva música e dança, também percebo o público
como um “coadjuvante”, o que o torna uma figura de grande importância na
composição daquele momento. Por isso introduzi a música e a dança nas cenas
urbanas. Sou um observador contumaz do diálogo entre o artista e o público”.
(Paulo Mendes, março de 2019)
Parabéns Paulo, por sua competência e sua feliz introdução no caminho
das artes visuais.
*Fotos de Fred Pinheiro
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segunda-feira, 1 de abril de 2019
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