sábado, 10 de fevereiro de 2018

CARNAVAL


 Enquanto estávamos digitando esta postagem, escutamos a seguinte mensagem, vinda do WhatsApp:

“Atenção, atenção, senhores e senhoras! Informamos ao povo brasileiro que nesta sexta feira, dia 9 de fevereiro, a partir das 17:30 se encerra a crise no Brasil. Retornaremos com a crise na quarta feira ao meio dia. Obrigado pela atenção de todos”.

Quando eu era criança, a chegada do carnaval era uma festa imperdível. Com a ajuda da tia Mucíola, preparávamos um roteiro de músicas da época e, sentadas na escada de frente da casa ensaiávamos dias seguidos para depois formarmos um pequeno grupo musical, onde a dança, a música e as artes plásticas contribuíam para dar colorido ao bloco.
Cada ano fazíamos um bloco diferente. Lembro-me de sair de casa vestida de húngara, outra vez de cigana ou de colombina. Saíamos às 4 da tarde, num carro conversível, sentados na capota, munidos de serpentina, confete e lança perfume.
Atravessávamos a Afonso Pena cantando, lançando metros de serpentina no carro da frente e no detrás.
O desfile tinha o nome de corso e na rua da Bahia, blocos caricatos dançavam.
Os 3 dias de festa eram bem festejados e terminavam num baile infantil no Automóvel Clube da cidade. Mais tarde o lança perfume foi proibido e caiu em desuso.

O carnaval de hoje recuperou a alegria do carnaval antigo. Em Belo Horizonte, Rio e várias cidades brasileiras, os blocos desfilam e dançam na rua. Crianças, jovens, adultos e idosos participam da festa. O importante é cantar, dançar, esquecer a crise brasileira e buscar a alegria própria do nosso povo. Brasileiro é um povo alegre, já nasce com esta alegria. É festivo, comunicativo, humorista.

Em 1980, Ivana, Penha Paes e eu, participamos do Salão do Carnaval com aproximadamente 30 bonecos de peneira representando um cortejo de personagens que ilustravam marchinhas carnavalescas: Mamãe eu quero, A la la ô, Touradas em Madri, Lourinha, O teu cabelo não nega, Índio quer apito, etc.
No atelier da rua Sta Rita Durão, todos que apareciam trabalhavam em alguma coisa: costuravam, trançavam panos, modelavam caras em espumas, pintavam. Minha mãe Nair trabalhou intensamente e todos os dias estava no atelier. A apresentação com banda em frente ao Palácio das Artes foi uma apoteose. A exposição ficou muitos dias na Grande Galeria do Palácio das Artes. A nossa lista de agradecimentos ocupou um grande espaço num pôster enorme com os nomes de todos que ajudaram. Minha mãe Nair, na época com 80 anos, se sentiu tão realizada que logo em seguida comprou um carro, e depois fez comigo a sua única viagem internacional, pela Europa.

Em 1987, em viagem à Índia, Ivana e eu participamos do carnaval em Chandigarh, cidade do Punjab, projetada por Le Corbusier e muito semelhante a Brasília. O texto abaixo se refere a um diário de viagens da Ivana:
“Hoje e amanhã é carnaval em Chandigarh. Fizeram coincidir com o Festival, à guisa de fechamento. Lembra o nosso carnaval em cidades do interior. Saem crianças vestidas de uniforme, grupos de dança, de música, carros alegóricos enfeitados de panos coloridos, 2 camelos, 1 elefante, todos enfeitados com panos, flores, adereços. Ficamos numa “ala”  de estrangeiros, junto com palestinos, nigerianos, indonésios e 1 americano. Levava um cartaz com a bandeira do Brasil. Na frente músicos tocavam tablas e uma caixa de um órgão portátil, além de flautas de bambu. O ritmo às vezes acelerava, o que dava para dar uns passos de samba. Deu saudades do carnaval brasileiro.”

*Fotos de arquivo e da internet

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