Como artista plástica e aluna de Guignard, acompanhei de
perto a carreira de sucesso de Juscelino, o seu potencial de energia criadora e
organizadora. Hoje, posso avaliar o quanto ele conseguiu antecipar o seu tempo
em seu governo e realizar as características do ser humano do século XXI, onde
o coração se une à razão, afim de humanizá-la.
No século XXI, ética e estética caminham juntas.
Como prefeito de Belo
Horizonte, Juscelino promoveu uma verdadeira revolução nas artes. Portinari,
Niemeyer e Burle Marx receberam a incumbência de realizar o conjunto da
Pampulha.
Na mesma ocasião
Alberto da Veiga Guignard chegava a Belo Horizonte, também convidado por JK, a
fim de modernizar o ensino da arte em Minas. A Escola Guignard foi criada livre
dos preceitos tradicionais. Os alunos acompanhavam a equipe de artistas que
viera do Rio e tinham a oportunidade de ver de perto Portinari pintando a
igrejinha da Pampulha. Ali estavam reunidos os pioneiros de uma nova
mentalidade.
A instalação do modernismo em Minas trouxe em seu contexto
uma síntese das artes, promovendo uma forte mudança na sociedade. JK foi o
incentivador dessa renovação. Trouxe o maestro Bosmans para reger a sinfônica,
João Cheschiatti para promover o teatro, incentivou uma grande exposição de
arte moderna no edifício Mariana, rompendo com o academismo artístico do
mineiro. Esse primeiro rompimento com o passado tradicional foi acompanhado de
fortes contestações nas avenidas da cidade e alguns quadros modernistas foram
mutilados. No entanto, os jovens abraçaram a ideia de mudança.
As ideias renovadoras de JK, sua intuição e amor às artes,
aglutinavam os artistas ao seu redor. Grandes artistas também o acompanharam a
Brasília, contribuindo com sua arte para a instalação do modernismo também no
Brasil central.
Realizar 50 anos em 5 era uma das fortes propostas do seu
governo, cujas metas fizeram o Brasil crescer porque foram realizadas com amor
e entusiasmo.
Juscelino enxergava o futuro com antevisão, pensando nas
gerações futuras. Visitando o local onde seria construída a nova capital do
país, pronunciou um discurso afirmando a sua fé no futuro do Brasil.
“Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se
transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma
vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com uma fé
inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”. Essas
palavras cheias de otimismo conduziam a construção de Brasília. O sonho de Dom
Bosco se concretizou sob sua ação.
Juscelino acreditava que a marcha para o oeste era a grande
meta a realizar. Essa marcha foi realizada democraticamente, descendo ao povo,
dançando e cantando com eles, estimulando a sua cultura e incentivando sua
arte.
Hoje, sob luzes e cores, as formas da catedral idealizada
por Niemeyer oferecem um espetáculo de beleza e arte, numa prece a Deus pelo
destino do país.
Brasília se projetou no mundo inteiro como a consagração do
modernismo no Brasil, elevando a fé e o otimismo dos seus criadores.
O Memorial JK guarda a memória de um mineiro que teve a
coragem de alargar as fronteiras de nosso país, trazendo a civilização para o
centro-oeste.
Todo o itinerário do presidente ali está, nas fotos, nos
objetos de uso familiar, na grande biblioteca com 3000 livros, nos vídeos
contando sua vida. Extraordinariamente bem cuidado, o memorial é um templo de
beleza e amor.
*Fotos da internet
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