terça-feira, 1 de agosto de 2017

OLHAR REVISITADO

“Nos últimos anos, um grande número de artistas ou instituições doaram obras para a Universidade Federal de Minas Gerais. A lista revela sua representatividade em valores numéricos e em termos de expressividade. Muitas vezes, essas obras foram incorporadas ao acervo e os artistas perderam o contato com suas produções. Nesse sentido, os artistas que possuem obras no nosso acervo foram convidados a apresentarem uma nova obra, restabelecendo encontros, diálogos e mesmo – ou principalmente – novas problematizações. Para valorizar a diversidade, convidamos tanto artistas da UFMG, como também aqueles oriundos de outras instituições, dentre eles: Yara Tupinambá, Jarbas Juarez, Fabrício Fernandino, Andrea Lanna, Hélio Siqueira, Maria Helena Andrés, Carlos Wolney, Liliane Dardot, José Alberto Nemer.” (Fabrício Fernandino e Rodrigo Vivas, trecho do catálogo da exposição “Olhar Revisitado: reencontros e novas afetividades”, Reitoria da UFMG).

Quando recebi o convite para participar desta exposição procurei fazer um retorno a minha década de 70, minha fase espacial e trazer uma obra de 1990, com 20 anos de diferença.

A curadoria de Rodrigo Vivas e Fabrício Fernandino me proporcionou a descoberta de significados não procurados.

Achei este reencontro uma grande forma de reflexão e auto-conhecimento.
Este colóquio de duas obras feitas pelo mesmo artista em épocas diferentes, me possibilitou refletir sobre as minhas mudanças nesse espaço de 20 anos. Registro aqui o diálogo das duas telas, como se elas pudessem falar:

Olhar revisitado é o retorno ao que já fizemos. Meu passado foi onírico, visões de um mundo imaginário, viagens espaciais pela imensidão do cosmos, descobrindo novos mundo. Em 1970 eu era lírica, transcendente, lia livros taoistas, tirava o “I Ching” para as pessoas. O futuro me aparecia como bolas luminosas caminhando pelo espaço. Voei num raio de luz.

O presente é outra versão, a terra pede mais luz e a luz nos chega do espaço. Anjos celestiais descem em naves muito brancas. Luz vinda do alto é o presente não tão recente. São 20 anos de diferença. Deixo aos outros descobrir a relação que existe entre uma fase e outra. Entre o devaneio, o sonho e a realidade. Pedimos luz e ela nos desce entre nuvens e anjos.

*Fotos de Ivana Andrés

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