terça-feira, 29 de agosto de 2017


CAMILLE CLAUDEL

Hoje vou falar
Da grande surpresa
Que todos
Tivemos
Ao ver a Ivana
No palco
Representando
Camille Claudel.
Realmente  é
Surpreendente
Ver uma peça
Tão dramática
Representada
Por Ivana.
Ela consegue
Transmitir
Para a plateia
A alma e
O sofrimento
De uma artista
Plástica
Que sofre a
Rejeição e
O abandono
Das pessoas
Que ela mais
Ama.
Camille Claudel
Foi grande
Na arte
E grande no
Sofrimento.
Suas cartas
Seus diários
Denunciaram
O sentimento
De ser
Injustiçada
E rejeitada
Afetivamente
E profissionalmente.
Camille Claudel
Viveu em Paris
Seu nome surgiu
Do impacto
De suas esculturas
Que ficaram famosas
Depois de sua morte.
Aconteceram mostras
E o mundo inteiro
Conheceu a
Grandeza
De sua arte
Mas a artista
Incompreendida
E rejeitada
Terminou seus dias
Num manicômio.
As cenas do teatro
Comovem o espectador
Porque são
Extremamente verdadeiras.
Ivana Andrés
Dirigida por
Luciano Luppi
Apresentou um espetáculo
De grande autenticidade.
Dramático
E sensível
Ele comove
O espectador
Interpretando
Uma realidade
Mais profunda
Escondida nos
Labirintos
Do ser humano.
Teatro é vida
E a vida ali está
Para denunciar
E promover mudanças.
Ivana neste espetáculo
Mostra o seu potencial
Dentro das diversas
Formas de arte
Desenhista, cantora
Cenógrafa
Dramaturga
E agora intérprete.
Esta forma multimídia
De fazer arte
É uma característica
Do século XXI.

*Fotos de Carolina Lobo

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segunda-feira, 21 de agosto de 2017


KING, O ENTALHADOR

Cada instante criador corresponde à intensidade de um momento de vida. Ele é o esquecimento do passado com todo o acúmulo de conhecimentos e o despertar do presente em plenitude e riqueza. 
O ato de criação é um ato de presença. Criar é viver no presente. Neste aqui e agora, estão contidas nossas vivências individuais, enriquecidas das vivências do mundo a que pertencemos. 
Esse mundo está conosco, não podemos nos separar dele. O momento criador, quando vivido intensamente, é um retorno à Unidade Inicial. É, portanto, um momento de intensa alegria. Por meio da intuição, as ideias se harmonizam. 
A intuição é a claridade que vem de dentro de nós mesmos e não buscada fora, em ensinamentos. Desperta num momento inesperado, quando se transcende o pensamento lógico. 

O encontro intuitivo do artista com a totalidade é traduzido de forma admirável nos versos de Chuang Tzu, o poeta do Taoísmo:

O entalhador de madeira
Khing, o mestre entalhador, fez uma armação
Para os sinos,
De maneira preciosa. Quando terminou,
Todos  que aquilo viram ficaram surpresos.
Disseram
Que devia ser obra de espíritos.
O príncipe de Lu disse ao mestre entalhador:
“Qual é o seu segredo?”
Khing respondeu: “Sou apenas operário:
Não tenho segredos. Há só isso:
Quando comecei a pensar no trabalho que me
Ordenaste,
Em ninharias, que não vinham ao caso.
Jejuei, a fim de pôr
Meu coração em repouso.
Depois de jejuar três dias,
Esqueci-me do lucro e do sucesso.
Depois de cinco dias,
Esqueci-me do louvor e das críticas.
Depois de sete,
Esqueci-me do meu corpo
Com todos os seus membros.
Nessa época, todo o pensamento de Vossa Alteza
E da corte se esvanecera,
Tudo aquilo que me distraía do trabalho
Desaparecera.
Eu me recolhera ao único pensamento
Da armação do sino.
Depois, fui à floresta
Ver as árvores em sua própria condição natural.
Quando a árvore certa apareceu a meus olhos,
A armação do sino também apareceu, nitidamente,
Sem qualquer dúvida.
Tudo o que tinha a fazer era esticar a mão
E começar.
Se eu não houvesse encontrado esta determinada
Árvore,
Não haveria
Qualquer armação para o sino.”
“O que aconteceu?”
“Meu próprio pensamento unificado
Encontrou o potencial escondido na madeira;
Deste encontro ao vivo surgiu a obra
Que você atribui aos espíritos.”

Esse poema de Chuang Tzu descreve a preparação do artista para o trabalho. É preciso um longo e cuidadoso preparo, mas também esvaziamento da mente. (trecho do meu livro “Os caminhos da Arte”, Editora C/Arte, 2015)

*Fotos da internet


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segunda-feira, 14 de agosto de 2017


VOANDO NO AZUL

A mancha de cor percorre
Os grandes
Espaços interplanetários.
Descobre astros e planetas
Estrelas nunca vistas
Mas sentidas.
A cor desliza pela tela
Com transparências.
Voos pelo infinito
Encontros inesperados.
A terra é azul
Dizia Gagarin
Pioneiro do espaço.
Estamos no espaço
Voando no azul.
Azul ultramar
Azul de cobalto
Azul phytalocianini
(que nome difícil para um azul tão transparente!)
Há azuis opacos
E azuis transparentes.
Adoto os dois
Vou navegando
Pelo espaço
Voando no azul.
O mar é azul
Por muitos anos a fio
Naveguei por mares azuis.
Os azuis se misturam
Aos amarelos.
As vezes um pouco
De terra
Para aterrissar.
Da minha caixa de cores
Tiro azuis e amarelos
Verdes, cinzas, brancos
E vou lembrando e modificando
A famosa frase de Maurice Denis:
“Um quadro não significa
Uma mulher nua
Ou uma natureza morta
Ou um retrato,
Mas para o pintor
É uma superfície plana
Recoberta de cores, linhas,
Formas, que se ajustam
Numa certa ordem”.
Esta frase de Maurice Denis
É compreendida por todos nós
Que lidamos com as tintas.

*Fotos de arquivo

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segunda-feira, 7 de agosto de 2017


A RIBALTA DE LUCIANO LUPPI


Fios espalhados
Pelo chão
Máquinas
Holofotes
Projetores
Câmeras
Ipads.
Gente
Para administrar
Os aparelhos
Gente atenta
Filmando.
Observo
O que acontece
Com a filmagem
Por detrás
Da cena.
Como dá trabalho
Produzir um programa de TV!
Na minha casa
Improvisaram
O cenário
para filmar Luciano Luppi
No programa Ribalta
Da TV Minas.
Vejo as cenas
Por detrás das cenas.
Luciano está no centro
De boné.
Ivana está ao seu lado.
Pedro Paulo Cava
Faz parte da cena
E lembra Galileu Galilei
Quando Luciano era aplaudido
Em cena aberta.
Ivana lembra outras cenas
Cartas Poéticas
Em cartaz há 21 anos.
Lembro de outras cenas:
Luciano interpretando
Capuleto
Pai de Julieta
Do Romeu.
E Fernando Pessoa
Grande poeta português
Um dia interpretado
Com grande expressividade
No meu Instituto.
Filmes, novelas da Globo
E o Teatro
A grande paixão do Luciano.
Mais que o teatro, só a Ivana.
E Ribalta termina
Com um beijo
Cinematográfico.

*Fotos de arquivo

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terça-feira, 1 de agosto de 2017


OLHAR REVISITADO

“Nos últimos anos, um grande número de artistas ou instituições doaram obras para a Universidade Federal de Minas Gerais. A lista revela sua representatividade em valores numéricos e em termos de expressividade. Muitas vezes, essas obras foram incorporadas ao acervo e os artistas perderam o contato com suas produções. Nesse sentido, os artistas que possuem obras no nosso acervo foram convidados a apresentarem uma nova obra, restabelecendo encontros, diálogos e mesmo – ou principalmente – novas problematizações. Para valorizar a diversidade, convidamos tanto artistas da UFMG, como também aqueles oriundos de outras instituições, dentre eles: Yara Tupinambá, Jarbas Juarez, Fabrício Fernandino, Andrea Lanna, Hélio Siqueira, Maria Helena Andrés, Carlos Wolney, Liliane Dardot, José Alberto Nemer.” (Fabrício Fernandino e Rodrigo Vivas, trecho do catálogo da exposição “Olhar Revisitado: reencontros e novas afetividades”, Reitoria da UFMG).

Quando recebi o convite para participar desta exposição procurei fazer um retorno a minha década de 70, minha fase espacial e trazer uma obra de 1990, com 20 anos de diferença.

A curadoria de Rodrigo Vivas e Fabrício Fernandino me proporcionou a descoberta de significados não procurados.

Achei este reencontro uma grande forma de reflexão e auto-conhecimento.
Este colóquio de duas obras feitas pelo mesmo artista em épocas diferentes, me possibilitou refletir sobre as minhas mudanças nesse espaço de 20 anos. Registro aqui o diálogo das duas telas, como se elas pudessem falar:

Olhar revisitado é o retorno ao que já fizemos. Meu passado foi onírico, visões de um mundo imaginário, viagens espaciais pela imensidão do cosmos, descobrindo novos mundo. Em 1970 eu era lírica, transcendente, lia livros taoistas, tirava o “I Ching” para as pessoas. O futuro me aparecia como bolas luminosas caminhando pelo espaço. Voei num raio de luz.

O presente é outra versão, a terra pede mais luz e a luz nos chega do espaço. Anjos celestiais descem em naves muito brancas. Luz vinda do alto é o presente não tão recente. São 20 anos de diferença. Deixo aos outros descobrir a relação que existe entre uma fase e outra. Entre o devaneio, o sonho e a realidade. Pedimos luz e ela nos desce entre nuvens e anjos.

*Fotos de Ivana Andrés

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